quinta-feira, julho 5

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA

Data: Seg, 21 Mar 2005

Este discurso merece ser lido. Afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o Ministro Brasileiro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:

"De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser Internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar que esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"

(enviado pelo n/colaborador e amigo A.Coelho)

8 Comentários:

Às 05 julho, 2007 10:35 , Anonymous Anónimo disse...

Bom dia,
já tinha conhecimento deste discurso.
Acho-o simplesmente fabuloso,inteligente e uma tacada bem forte.

Para quê palavras se o discurso já diz tudo?

Agora.... se todos tivesses coragem de dizer o que pensam.

Beijo.
lúcia

 
Às 05 julho, 2007 10:37 , Anonymous Anónimo disse...

onde se le tivesses, é tivessem:)

 
Às 05 julho, 2007 11:43 , Blogger Peter disse...

Lúcia

Eu não o conhecia e por isso o publiquei.
No que respeita ao Brasil, evidentemente que persiste o problema da defesa ecológica, que não está a ser devidamente acautelada.

Aqui em Lisboa está um belo dia de praia. Para quem pode ir, não é?

 
Às 05 julho, 2007 13:53 , Blogger H. Sousa disse...

Apoio as não-palavras da comentadora lúcia. O discurso já diz tudo, sem escapar nada.
Abraços

 
Às 05 julho, 2007 14:46 , Anonymous Anónimo disse...

ai Peter!
aqui também está um dia excelente! e eu aqui enfiada na loja a trabalhar.
enfim, calha a todos:)

BEijo*

 
Às 05 julho, 2007 18:30 , Blogger Papoila disse...

Peter:
Não conhecia este discurso que é fantástico!
Grata pela partilha. Beijo

 
Às 07 julho, 2007 14:01 , Anonymous Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=5g8cmWZOX8Q

Aqui esta um discurso feito numa conferencia , Discurso da ECO92

**

 
Às 08 julho, 2007 11:51 , Blogger Peter disse...

"bluegift", gosto imenso de lulas grelhadas com batas fritas e umas cervejinhas (várias...).
O meu PC está avariado. O técnico deixou-me aqui um portátil, por onde te estou a escrever.
Escrevi um artigo supostamente humorístico, pelo menos a mim deu-me muito gozo escrevê-lo, sobre o 07/07/2007, mas não consigo publicà-lo. Só na 3ªF quando o técnico cá voltar.
Aqui por Lisboa (até quando?) está um calor infernal.

P.S. - Sorte para o dia 11!

 

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