Conversas com a “bluegift”
Continuo a fazer “arqueologia” de arquivos. É mau? É bom?
Para mim é bom, não só por estar a reviver conversas passadas há anos e que abordam temas de que gosto, como por estar a acontecer uma coisa extraordinária: o número de visitantes diários aumentou em 50%. Não de comentadores, mas desde as 00h00 até às 24h00 de Sábado tivemos exactamente 103 visitantes.
Passemos então à conversa:
Bluegift:
É incrível como o "absurdo" pode ser explicado de forma tão simples...
O que é que pensas da ideia da "realidade virtual" como possível "realidade universal" e não só "virtual"? No fundo, tudo o que é é-o porque eu o sinto como tal, a partir de uma interacção atómica (em frequência de onda... diferenciada) com outros átomos. Eu "toco" algo porque esse algo me toca a mim também, pois de outra forma eu não o sentiria... daí ao virtual... vai um passo? Não sei se estou a ser suficientemente clara... o que pensas????...
Peter:
A questão é:
- “realidade virtual” como possível “realidade universal”?
A Ciência Ocidental nasceu dominada pelo preconceito metafísico de uma realidade sólida. Talvez por isso, Bohr e Schrödinger , porque viam no pensamento oriental a possibilidade de se livrarem de numerosos paradoxos da mecânica quântica, quando apreendida segundo o ponto de vista ocidental, pugnaram pela unidade de pensamento entre a ciência ocidental e o pensamento filosófico do Oriente.
Segundo Bohr: a noção de “objecto” está subordinada à de “medida” e, por isso, à de “acontecimento”.
Ao fim e ao cabo, é a opinião do budismo “que afirma que a realidade é sempre determinada pela interacção do observador e do observado.” A “complementaridade” entre o “todo” e as “partes” faz com que seja ora o aspecto “parte”, ora o aspecto “total” (global) a revelar-se.
O observador nada mais faz do que isolar um certo espectro de aspectos que não têm outra realidade senão a de uma interacção particular entre a observação e a globalidade, isto é entre uma consciência e o conjunto de que ela faz parte. “Aquilo a que chamamos realidade é, por isso, apenas um certo “olha da consciência.”
Para o Budismo não existe realidade “independente”, mesmo oculta, tal como Bohr afirma que os objectos atómicos e subatómicos não possuem qualquer atributo que lhes seja próprio e para Heisemberg, em mecânica quântica, a noção de “trajectória” nem sequer existe.
Deste modo, a mecânica quântica relativiza radicalmente a noção de “objecto”, subordinando-a à de “acontecimento” que é “precisamente a medida feita pelo instrumento”. Os objectos atómicos e subatómicos formam com os instrumentos de observação um “todo indivisível”. O objectivo da física já não é a explicação da realidade em si, mas da ”experiência humana comunicável”, isto é, das observações e medidas.
Não sou budista, nem percebo nada de Budismo, assim como não percebo nada de Mecânica Quântica. Aliás ninguém percebe. Sabem o que acontece, mas não porque acontece ...
Aquilo que escrevi acima foi compilado de leituras várias, por isso não reivindico a sua autoria. Também não o pus entre”” por não ser uma transcrição integral.
Não gosto de falar nestes assuntos porque corro sempre o risco de “estar a
ensinar o Padre Nosso ao vigário”. E até se calhar nem respondi ao que querias. Mas esforcei-me, lá isso esforcei.
Não deu foi para mais.
Etiquetas: Universo Fantástico
13 Comentários:
Olá Peter:
Pois...
O objectivo da física já não é a explicação da realidade em si, mas da ”experiência humana comunicável”, isto é, das observações e medidas.
Escrevi em tempos que a realidade é um conceito muito cerebralmente pessoal... o que é real para ti pode não o ser para mim... e que quando duas realidades se comunicam sem sequer ser necesário falar nela então talvez essa seja a realidade.
Vale bem a pena revisitar memórias.
Beijo
"papoila", é extremamente interessante o que dizes sobre a "realidade".
Obrigado por teres entrado na "conversa".
Não quererás enviar como contributo e à guisa de comentário, um excerto mesmo grande, do teu escrito?
Seria interessante.
Uma vez mais, a minha concordância com a abordagem. O espírito científico é mesmo esse, admitir hipóteses e ser, ao mesmo tempo, crítico em relação a elas. Quando um dado paradigma já não satisfaz, procura-se outro, quiçá na filosofia chinesa.
Gostei imenso de ler.
"h.sousa", admitir hipóteses e ser, ao mesmo tempo, crítico em relação a elas.
Procuro sê-lo.
Acabei de deixar no blog do Augusto, um pequeno texto do MDamásio, sobre "consciência", que achei interessante.
Obrigado pela visita.
Peter o meu escrito tinha muito a ver com comunicação mas aqui fica a teu pedido...
A realidade é um conceito mais ou menos vago, mais ou menos útil, mas como quase todos sabemos, não existe… O que para mim é real, é um processo que eu própria construo, mesmo quando uso todos os meus sentidos e emoções... é, cerebralmente, muito pessoal...
Quando a nossa realidade se consegue partilhar, nesses únicos e ímpares momentos, falamos de comunicação... Para se comunicar, é necessário que cada um se aperceba de todas as pistas… todos os silêncios… que lhe indiquem os sentimentos e emoções do outro! Criadas as condições para que tal aconteça, estabelece-se uma relação tanto mais verdadeira quanto se for capaz de aperceber da comunicação não verbal de cada encontro...
Por sua vez, a capacidade de partilhar emoções sem palavras, a certeza da compreensão mútua sem ter de falar nela, não pode deixar de nos emocionar…
Beijo
"Papoila"
O que verdadeiramente importa para ti é a "realidade pessoal".
Correcto.
Vou-me entretendo com estes assuntos porque gosto de tentar saber os "porquês", mas tem de ser tudo muito "pela rama", pois quando pretendo aprofundar, faltam-me as bases.
Vou voltar ao dia a dia do terrestre vulgar, preocupado com a sobrevivência.
Beijo
*Bluegift*, ACEITE MEU ABRACO, AMIGO E SAUDOSO!
Peco-lhe, que quando possivel responda ao e-mail que Lhe enviei dias atras!
abraco PETER* grata por Sua visita!
Voltarei com outro animo (amanha, penso!)!
Vossa, Heloisa
****************
Gosto muito deste "revisitar memórias"...
Gostei de ler o texto. Por uma abordagem, se bem que leve, a assuntos que já me interessaram mais... Todos somos um conjungar de culturas e pensamentos que vamos
absorvendo em nós, ao longo dos anos e conforme amadurecemos, vamos cimentando no nosso interior, uma filosofia muito própria...
Gosto de das palavras serenas de Hermann Hesse, quando a dada altura nos diz:
"...Serenidade não é frivolidade nem complacência; é a sabedoria e o amor mais elevado, é a confirmação de que toda a realidade se encontra desperta na orla de todos os abismos e profundezas. A serenidade é o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte."
(Excerto de um texto de Hermann Hesse)
Bem... já me alonguei... afinal era só para te ler e deixar um olá... nem sei o que me deu...
Beijo e boa semana ;)
Gosto de te ler, Peter. Beijos.
"Menina_marota", gostei muito do teu comentário, que satisfez o meu "ego". LOL
Não tenho, nem nunca tive, a pretensão de "saber tudo de tudo".
Sempre me mostrei aberto a receber e assim poder aumentar os meus conhecimentos.
É evidente que, sobre estes assuntos, a minha sabedoria se restringe a conhecimentos colhidos em livros de divulgação científica, acessíveis a qualquer pessoa e isso basta-me.
Belíssimo texto de Hermann Hesse, que não conhecia.
Parece que comecei bem a semana, com tantos "presentes". LOL
Beijo e boa semana também para ti.
"paula raposo", procuro tornar os textos leves, também não tenho bases científicas para mais.
Poesia é contigo. Eu nunca escrevi um poema na minha vida. Mas gosto de passar pelo teu blog para te ler, o que faço com prazer.
Hummm, a realidade... há tempos diziam-me que não havia amor virtual, o que pressupõe que a realidade é objectivamente objectiva.
E não é que discordo? A realidade, budismos e quantismos à parte, continua a estar no interior do platonismo: as material? O sensível? Olha Peter, tens o mérito de motivares o pessoal a objectivamente reflectir
"Blue", a "caverna de Platão", como às vezes se falava.
Confesso que uma gata de rabo alçado, não me diz absolutamente nada. LOL
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