sábado, novembro 11

A propósito do Big Bang

O texto abaixo foi escrito pela "bluegift", amiga de longa data e colaboradora desde o início dos blogs da série "conversasdexaxa" e já vamos no IV ...
É um texto que contesta o Big Bang mas que eu aceito plenamente, porque ela fala a mesma linguagem do que eu. Não é uma transcrição integral, mas a “Blue” não vai levar a mal pois vou manter o essencial do que ela escreveu:

”As teorias relacionadas com o “estado estacionário”, defendidas por Fred Hoyle (o nome mais prestigiado) não estão tão ultrapassadas quanto isso. Mas tal não significa que eu esteja de pleno acordo com as mesmas, intuitivamente falando, claro. E vamos a isto:

1. O estudo do comportamento dos Quasars parece constitui uma das provas mais ameaçadoras do BB, uma vez que se encontram relacionados com as explosões (muito incómodas para os matemáticos que procuram a "teoria de tudo") que "ainda" ocorrem nos centros das galáxias, tal como nos primeiros tempos do BB.
Parece haver galáxias ainda em formação no Universo. Afinal não existiu um BB único, ainda existem muitos BB's... daí, talvez, o efeito de "expansão" uniforme ... hmmm...

2. O fundo de micro-ondas deveria ser dez a mil vezes mais intenso do que aquilo que se consegue detectar actualmente. O BB apoia-se "demasiado " na já sobejamente aqui falada "curva de Plank" (ver figura) na sua demonstração da tal radiação de fundo e micro-ondas, simplesmente porque foi possível exemplificá-la matematicamente. O resto é bem mais difícil de matematizar, até ao momento...

3. Quando uma bomba explode, são lançados fragmentos para o circundante (neste caso não há... mas está bem... expande... hmmm... ) que se movem tendencialmente de modo uniforme.
Ora, na Física, o movimento uniforme (não tem oposição não é? ou o fotógrafo estava lá???) é inerte. Só se os fragmentos da "bomba" chocam num alvo (ou atrito) é que algo acontece. Ou seja, em vez de espalhar matéria, o BB juntou matéria formando as galáxias. O que seria de aceitar numa teoria que contemplasse pequenos BB's tal como acontece com a Estacionária. No fim da explosão seria suposto (segundo as leis actuais da Física) que o Universo ficasse estático. Ora, ele encontra-se em constante actividade e não é uniforme, nem contínuo. Pois...
Estarão as leis actuais da Física erradas ? É possível, simplesmente a diferença entre o que está errado e o que está certo, parece demasiado "conveniente"...

4. A energia libertada por um único BB encontra-se bem abaixo dos níveis actualmente detectados, o que diminui em muito o suposto "eco" do BB. De onde vem então a "força" que mantém a actividade?

5. Segundo o BB esta energia poderia provir de neutrinos bastante energéticos, só que não se conseguiu ainda provar que os neutrinos dispõem de massa suficiente para a relevância da energia astronómica que o BB lhes pretende dar...

Não sei onde ficaremos no meio disto tudo, mas quer-me parecer que o efeito mais extraordinário e de impacto mediático causado pela defesa de teorias tipo BB e Inflacionária, poderá eventualmente justificar a relevância e as verbas conseguidas para a sua defesa. O pessoal adora Boomms n'est ce pas? está bem, estou a ser mázinha...

Parece-me também que a procura da tal "Teoria de Tudo" com a explicação matemática dos acontecimentos, torna muito mais fácil a aceitação de um único Bang, bem mais facilmente traduzível (matematicamente falando, mas não fisicamente falando), do que montes de BB's.

Será que mais uma vez a Ciência se lança no efeito prático e dominante, adicionando o mais rentável, mediaticamente falando? (eh pá! já viste?! g'anda explosão...)

Por outro lado, é sabido que existem mais do que três dimensões no espaço, já se tendo "detectado" mais de vinte, o que torna plausível uma alteração significativa das leis da ciência para além de certos limites da "influência terrestre" (se bem que já na quântica a influência seja mínima, mas ainda muito inexplorada para levar a conclusões mais seguras, a NASA está 1º...)

Parece-me (mais uma vez...) que ainda há muito por explicar. E, francamente, não pensem que é pretensiosismo porque não é, eu procurei acreditar... (eh eh eh... )

Confesso tb que tudo o que é maioria me põe de pé atrás.
Não vou muito em sensacionalismos e a teoria do Big Bang único parece um. Não "pega", tipo Paulo Coelho, apesar de ser a predominante.
Manias das minorias .. .”

Bluegift

Etiquetas:

9 Comentários:

Às 11 novembro, 2006 15:04 , Blogger António disse...

Eu, humildemente confesso que não estava com pachorra para ler este texto.
E não li!
eh eh

Um abraço

 
Às 11 novembro, 2006 17:25 , Blogger Peter disse...

Pois é Antonio, mas olha que o blog andava na casa dos 60 visitantes diários e agora anda na dos 90 (95/92/96), portanto houve um aumento de leitores na ordem dos 50%.
Isto significa que tu não lês, mas que há muitos que lêm e o texto da "bluegift" é um artigo cheio de humor.

 
Às 12 novembro, 2006 16:11 , Blogger H. Sousa disse...

Bem, quando estamos de acordo, pouco há a dizer, não é? Quanto a mim, o Big Bang é uma hipótese como outra qualquer. Pode até admitir-se-se como provável e com algum fundamento, mas não deve servir para extrapolações no campo filosófico numa base de certeza.
Parabéns ao Peter e à bluegift por este excelente depoimento.

 
Às 12 novembro, 2006 16:38 , Blogger Peter disse...

H.sousa, "o Big Bang é uma hipótese como outra qualquer. Pode até admitir-se-se como provável e com algum fundamento, mas não deve servir para extrapolações no campo filosófico numa base de certeza"

Não há "certezas" em Física.

Gostei de teres gostado. Dá-me um certo apoio psicológico.

 
Às 12 novembro, 2006 22:25 , Blogger augustoM disse...

Olá Peter

Gostei muito de ler o texto, embora continue a ver as coisas pelo prisma filosófico. Coloco só uma advertência ao que é descrito. O Budismo é aceite como uma religião, com diversos ramos e interpretações diferentes, onde são encaixadas as mais diversas concepções religiosas inclusive da vida, não tendo nenhum dos ramos budistas nada a haver com Buda, o Siddharta Gautama, que não foi mais do que um filósofo da ética humana oriental, sem qualquer conexão religiosa. Para ele não há deus nem criação, mas sim um estágio superior de onde vimos e para onde voltaremos, o Nirvana, através da sublimação das nossas acções, através das reincarnações. Tenho um texto que aborda o assunto, publicado não há muito tempo, que se chama Samsara. No próximo texto, o último, faço uma abordagem nesta óptica.
Um abraço. Augusto

 
Às 13 novembro, 2006 18:24 , Blogger Peter disse...

"bluegift", quem é o Helder?

 
Às 13 novembro, 2006 18:30 , Blogger Peter disse...

Olá Augusto, obrigado pela visita.
Escreves: "embora continue a ver as coisas pelo prisma filosófico".

Claro, cada um puxa a brasa à sua sardinha, mas não leves isto muito a sério.

 
Às 14 novembro, 2006 01:06 , Blogger Unknown disse...

Não sou astrónomo e tenho a lata de nunca ter gostado da teoria do Big Bang. Em princípio bule com qualquer coisa dentro de mim. Esta de haver um momento da criação desagrada-me.
Além de que, pelo que li, a teoria do Big Bang começa na mecânica quântica e, de repente passa para a teoria da relatividade saltando por cima de que as duas, em grande parte, são incompatíveis.
Assim é com agrado que vejo começarem a aparecer critícas ao Big Bang.
Sinceramente sinto-me mais confortável a existir num Universo que nunca começou nem nunca acabará, um Universo em que tudo o que é fisícamente possível já aconteceu e, não aconteceu nem uma nem duas vezes, aconteceu uma infinidade de vezes.

 
Às 14 novembro, 2006 14:16 , Blogger Peter disse...

"o raio"

Digamos que entre as teorias cosmológicas, a conhecida por Big Bang é aquela que melhor explica o conjunto impressionante de observações que os cientistas têm realizado e a que mais predições confirmadas fez.
Decerto o cenário do BB está longe de ser inteiramente satisfatório, comporta ainda muitas fraquezas e pontos obscuros. Sem dúvida irá sendo modificado, ou englobado num sistema mais vasto, mas o essencial deverá subsistir.

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial