Anãs brancas
Responder à pergunta feita por “lazuli” no seu comentário:
“A expressão "esqueletos encolhidos" deve significar que ela retém o total da sua massa original, não é?”
“obriga-me” a responder com um “post”, o que aliás faço com o maior prazer, porque gosto de falar sobre estes assuntos, dentro dos meus limitadíssimos conhecimentos e nem sempre encontro audiência.
Tomemos o caso do Sol:
- possui uma enorme massa, qualquer coisa como 2 seguido de 33 zeros, em gramas. Mas, apesar desta massa fantástica e da correspondente enormíssima gravidade, que o levaria a despedaçar-se, tal não acontece porque gera energia no seu interior, aquecido a mais de 10 milhões de graus centígrados. É nessa "fornalha" que os núcleos de hidrogénio (protões) se entrechocam, desencadeando milhões de reacções nucleares/segundo.
Cerca de 0,7% dessa massa de hidrogénio, converte-se em "irradiação", que faz com que o Sol brilhe e não se desmorone, pois ao abrir caminho para a superfície, através das camadas superiores, a "irradiação" opõe-se à "gravidade" que pretende desmoronar o Sol.
Assim foi desde há 4,6 mil milhões de anos e assim será durante outros 4,5 mil milhões de anos. O Sol é então um "senhor de meia idade"
E o que acontecerá nessa altura?
O "carburante" (hidrogénio) esgotou-se, consequentemente as reacções nucleares suspenderam-se e deixou de haver irradiação para se opor à gravidade, o que poderia levar o Sol a desmoronar-se sobre si próprio e a tornar-se num "buraco negro".
Mas tal não vai acontecer porque para tanto seria necessário que o seu raio actual (700.000 quilómetros) se desmoronasse para um raio de menos de 3 kms. Ora a Física ensina-nos que o desmoronamento do Sol se irá suspender quando o seu raio atingir os 6.000 kms (aproximadamente o raio terrestre), porque segundo o "Princípio de exclusão" de Wolgang Pauli os electrões, ou neutrões, resistem a deixar-se comprimir e é esta resistência que impede o desmoronamento, instaurando um novo equilíbrio, agora entre a força da gravidade e a força dos electrões que não "suportam" estar empilhados uns sobre os outros (são como nós nos transportes públicos ).
Então o Sol irá transformar-se numa "anã branca", "anã" por causa da sua reduzida dimensão em comparação com a de uma estrela "normal" e "branca" porque é essa a cor da luz emitida pela energia convertida em irradiação, gerada pelo movimento de desmoronamento.
A matéria está de tal maneira comprimida na "anã branca", que 1 cm3 desse "cadáver estelar” pesará 1 ton. Continuará a irradiar e a arrefecer durante uns milhares de milhões de anos, antes de se extinguir e se tornar uma "anã preta".
E qual é o papel de nós humanos no meio desta grandiosidade?
Continuamos a pôr-nos nos “bicos dos pés” para parecermos maiores e a proclamar que tudo foi feito para nós termos o seu “usufruto” (direito de usar, fruir e administrar, neste caso, também destruir …), de acordo com o “Princípio antropomórfico".
Etiquetas: Universo Fantástico
22 Comentários:
"tribunal_beatas", o problema é esse mesmo:
o EGOCENTRISMO
Quem estiver interessado em saber mais sobre o Universo em que se insere, lê e estou certo que compreende.
Quem se preocupar apenas consigo mesmo, numa perspectiva puramente terrestre, passa adiante e está no seu pleno direito de o fazer.
Olá "Fly", espero que os "outros afazeres" tenham sido agradáveis ...
Quando regressares, tens emprego garantido como DJ.
Ora bem, meu caro Letrasaoacaso, se fora para entender, qualquer um poeta, diria sempre que branco é branco e não dava mil voltas para explicar o que toda a gente está vendo … e pegando nas últimas linhas do teu magnífico texto, repetiria que tudo foi feito para nós termos o seu “usufruto” (direito de usar, fruir e administrar, neste caso (em todos os casos), também destruir …), de acordo com o “Princípio antropomórfico". Pois bem, a partir daqui, podes deduzir que apenas tentei expressar algo que destrói qualquer um. Um beijão.
gostei de ler-te homem sabedor:)
psstt joaninha quem escreve o post é peter que é um "vero senhor da fisica"
rsrsrsr que atenção essa:))))))))
jocas maradas
Joaninha, a tua preferência pelo "Princípio Antrópico", faz-me lembrar a concepção medieval do Geocentrismo.
"su", do mesmo modo que o Zé discorre e bem, sobre temas filosóficos, ou que tantos que nos visitam deixam aí magníficos poemas, eu gosto de escrever sobre estes assuntos, de um modo ligeiro, dentro das minhas possibilidades.
Bj*
venho apenas desejar boa semana.
Lúcia.
Lúcia, igualmente para ti, minha cara amiga.
Bj*
"Peter", lamento não ter sido do teu agrado o que postei no Meinemliebe, mas há momentos em que nos sentimos como se essa fosse a única saída.
Ninguém pode secar as lágrimas que refrescam aquelas rosas... e o vento que poderia fazê-lo, sopra em outra direcção...
Obrigada pela explicação sobre o Conversas de xaxa 4, mas já havia percebido que era um grupo de colaboradores. Gosto muito do que escrevem e leio sempre, mas nem sempre o tempo livre é suficiente para comentar convenientemente.
Beijinhos
Peter
Este tema é deveras interessante/fascinante/apaixonante!
Pelo que tenho lido sobre esta matéria, de grosso modo, é o que se pode (chamar) dizer:
As estrelas pequeninas morrem devagar, encolhem-se num Sol de cristal do tamanho da Terra e serão então, as Anãs Brancas!
Felicito-te por estes posts, são o máximo!
Beijinhos
Boa semana
E a inversão da teoria do big Bang, a retracção do universo, se tiver certa tudo o que se expandiu se pode retrair, e anã branca não poderá ser excepção, e os electrôes não terão outro remédio do que voltarem à massa primordial. Quanto à humanidade, essa coitada ficará frustada por afinal não ser Deus.
Um abraço. Augusto
Por aqui aprende-se a sério! :) É bom ler sobre estes temas.
beijos
"lazuli", conhecedor não, digamos que este é o meu hobby.Gostaria de fazer belos poemas, como fazes e dedicar-me mais aos assuntos terrenos.
Beijos*
"ghothik's lady", neste momento, parte do ar que inspiro, já esteve no interior do corpo de um Mozart, de um Van Gogh, ou até do Sócrates ( do outro ...).
Os elementos pesados que se encontram no meu corpo, vieram da explosão duma estrela distante que espalhou as suas poeiras pelo espaço.
Portanto eu não me posso entender sob uma perspectiva egocêntrica mas integrando um Todo, do qual sou apenas um dos componentes.
Ninguém me diz que a "inteligência" de que os humanos tanto se orgulham, seja a qualidade mais preciosa dos "habitantes" do Cosmos, de que este "calhau", em cuja superfície vivemos, é igualmente um corpo vivo, embora à sua maneira. Até porque nunca ninguém conseguiu elaborar um conceito suficientemente "abrangente" de VIDA.
"alerta", que o vento volte a soprar de feição ...
Betty o despertar nos outros a consciência do TODO, o procurar libertarmo-nos do "egocentrismo", do "antropomorfismo" e até do "geocentrismo", que continua perdurar no n/subconsciente, é tarefa difícil.
"lique" é uma procura incessante de conhecer o Universo em que estou inserido.
Não petendo respostas filosóficas ou teológicas. O conceito de Ciência não é, nem pode ser, compatível com o de religião, apesar das tentativas feitas nesse sentido e que não têm conduzido a nada.
"letrasaoacaso", não nos podemos colocar à parte, como observadores de um Todo no qual estamos integrados. Tal como o peixe no aquario, nós estamos mergulhados na atmosfera e a ser penetrados a todo o momento por milhões de neutrinos e pela mais diversa radiação cósmica.
O "vácuo absoluto" é uma utopia.
Augusto, o universo não está a expandir-se no seio de algo, o universo é tudo o que existe.
Hubble verificou que a luz proveniente das galáxias que estava a observar apresentavam um desvio sistemático para o vermelho e que, quanto mais longe estava a fonte de luz, maior era a velocidade com que se afastavam da Terra (!?).
Podemos imaginar 3 tipos de universo em expansão:
- Os universos “abertos” são infinitos em extensão e encontram-se em estado de expansão eterna.
- Os universos “fechados” são finitos e regressam sempre ao estado inicial.
- A linha divisória entre estas duas situações representa o universo “crítico”, que é infinitamente grande e que se expande eternamente.
Um dos grandes mistérios do nosso universo é que o seu estado de expansão é desesperadamente próximo do valor crítico, tanto pode cair para um lado como para o outro.
E só queria terminar com uma citação:
“as estrelas são as fontes de todos os elementos nas quais a complexidade e a própria vida se baseiam. QUALQUER DOS NÚCLEOS DE CABORNO QUE FORMAM O NOSSO CORPO TEVE ORIGEM NAS ESTRELAS.”
Abraço
Hoje já é muito tarde para responder ao comentário mas prometo que o vou fazer. Deixo só um pergunta no ar. Acredita na teroria do Big Bang de Hubble, baseada precisamente na observação do universo em expansão?
Não vou deixar passar em branco esta possibilidade de dialogar com alguém que também se interessa por estas coisas, que é caso raro.
Um abraço. Augusto
Meu caro Augusto:
No estado actual dos nossos conhecimentos científicos, a teoria que explica melhor a origem do universo é a do Big Bang. Pensa-se que o universo apareceu há cerca de 15 mil milhões de anos numa fulgurante expansão (não gosto de lhe chamar "explosão") a partir de um estado inimaginavelmente pequeno, quente e denso, que teria igualmente dado origem ao espaço e ao tempo. Depois, o universo ficou (e continua ...) em expansão e foi-se diluindo e arrefecendo.
Evidentemente que qualquer teoria não é definitiva, tem “buracos” que os cientistas, se ela dá resposta a outras questões, ignoram. São “buracos” que, a seu tempo, acabarão por se resolver, até surgirem outros “buracos” .... É o caso do BB, que permite explicar o afastamento das galáxias, a existência da radiação fóssil, ou a composição química das estrelas. Mas existem muitos problemas por resolver.
Abraço
bluegift, vamos esgravatando nos limites, com ar de "experts".
Há um factor positivo: as pessoas parece terem deixado de se interessar apenas pela Terra, para passar a interessar-se (embora pouco...) pelo Sistema Solar, pelos nossos "vizinhos do prédio".
Quando ousarão atravessar a rua ?
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