Sobre o sono e o pesadelo.
No entrelaçar da mão o toque electrizante da entrega feita sibilares intensos de pequenas partículas de poeiras cósmicas.
[O toque necessário para a percepção e despertar de sentidos]
Fulminado olho aterrado um invulgar fulano de bigode que teima em se fazer passar por Aristóteles. Digo-lhe que não posso saber se o dito usaria ou não esse adorno capilar já que a máquina fotográfica ainda não havia sido inventada e Aristóteles era avesso a que o pintassem. Tentaram-no sem êxito e conta-se mesmo que um pintor terá ficado parecido com Luís Vaz adornado por uma paleta que lhe cobria o tremendo buraco onde antes havia estado um olho.
Sempre o toque. A percepção do sentir-te mão na mão. Não. Adivinho-nos mão na mão. Extra-sensoriais despoletados apenas pelo desejo projectado cobrindo a distância que não existe.
Definitivamente o homem é incómodo. Continua numa tremenda lenga - lenga afiançando-me tratar-se do próprio. Retira então a pala negra que lhe cobre a cavidade ocular e dela sai um tremendo verme esverdeado que ia tecendo o que pareciam ser pensamentos do grande filósofo.Falou mesmo numa voz esganiçada em “teorética, que por sua vez, ele havia dividido em física, matemática e filosofia primeira (metafísica e teologia); que a filosofia prática se dividiria em ética e política; a poética em estética e técnica. Acrescentou ser o criador da lógica, como ciência especial, sobre a base socrático-platônica; e que a denominada por ele como analítica representa a metodologia científica”. [Trato os problemas lógicos e gnosiológicos no conjunto daqueles escritos que tomaram mais tarde o nome de Órganon.] disse-me em jeito de balanço final o verme escorrendo um nojento líquido ao mesmo tempo que ia cuspindo filosofia. Começo a acreditar tratar-se do próprio pese embora a questão do bigode.
[O ouvir a tua voz sem recorrer a nenhum esforço memorial é o saber-te agora e sempre dentro de mim]
Últimas:Cabeças sobrevoam a cidade.
Chegou-nos agora a informação de que cabeças separadas dos corpos sobrevoam a cidade aparentemente numa tentativa de observarem o que se por cá passa. As informações ainda escassas serão confirmadas pelo repórter que enviámos para a rua. Ao que tudo indica todas usam um longo cachimbo, longos cabelos e pasme-se, bigode!!! – A ser verdade este pormenor capilar estaremos em presença da escola Aristotélica. –
Silêncio. Apenas o olhar malicioso do verme esverdeado saído da reentrância ocular de Aristóteles (?) me vai contemplando.
[O saber-te de voz e mãos basta-me por ora]
7 Comentários:
por momentos senti-me na escola peripatética....vagueando no teu pesadelo
jocas maradas
Entrei nesse pasadelo e o que mais aterroriza é o verme... Já tomei Sais de Fruto...ENO, passe a publicidade. Ajudam a dormir melhor.
Ouço resultados eleitorais, terei, por isso, de voltar aqui para ler o teu texto com mais atenção.
Só quis mesmo deixar o meu abraço.
Palavras,para quê? 5 estrelas. Um bjo e uma flor
Zé
Só a tua escrita, para me tirar - esta sensação de revolta estomacal que sinto neste momento!!!
Beijo...
Zé, ontem, ajudado, porque sou um bocado "lento", li e compreendi o teu texto: três partes que formam um todo.
o toque ...
temos reações engraçadas com um simples toque, dependendo da ligação o mesmo simples toque provoca um leque de sensações muito vasto!!!
entenda-se toque num sentido vasto e não só o toque fisico!!!
Isto não saiu nada bem,,lol
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