domingo, dezembro 4

As duas faces da moeda

Lembrei-me agora de um caso que, salvo erro, já se passou o ano passado, não sei se em Gaia se no Porto, mas julgo que no Porto:
- um miúdo que brincava junto ao Douro caiu ao rio. Sem pensar duas vezes, um operário angolano da construção civil, lançou-se à água e salvou o miúdo.
O assunto foi notificado e rapidamente esquecido. Estamos muito mais interessados em mexer no lodo, porque isso é que vende jornais.
Pois aquela boa gente da Ribeira (e eu até sou insuspeito porque sou “mouro” e com muito orgulho) a pouco e pouco, Euro a Euro, foi fazendo mealheiro e proporcionou ao heróico salvador uma ida a Angola, para ele poder rever a mãe e os seus familiares, nesta época festiva.

Esta é uma das faces da moeda: a “coroa”.

Falemos da “cara”.

A “cara” é o adormecimento em que andamos sobre os reais problemas do País, aqueles que nos afectam diariamente nos aspectos mais importantes da nossa vida em comum:

- Saúde.
- Justiça.
- Educação.

Para não falar da Economia, com empresários que aqui há tempo pediam ao PR que interviesse na protecção dos grandes grupos económicos, considerados vitais para o País e que depois, para a realização de “mais valias”, alguns não tiveram pejo em alienar para os espanhóis a sua comparticipação nas mesmas. Pois é. É o estafado argumento: “o capital não tem rosto, nem pátria”.

Uma Economia com perto de meio milhão de desempregados. Já pensaram o que vai ser o Natal dessas famílias? Não pensaram, é um assunto desagradável, não é altura para se falar nele.
Já pensaram o que vai acontecer à Pesca, a um comércio dominado pelas grandes superfícies (também estrangeiras, pois claro e em posição de proeminência), a uma industria não inovadora, não competitiva e não produtiva, quando entrarem os novos países da UE e deixarem de entrar os subsídios (que nos veio tirar do “buraco”, como já acontecera com o antigo “ouro do Brasil”, que nos salvou depois do colapso das especiarias da Índia)?

Não pensaram. Vão pensar depois, quando o fim do mês chegar e os “subsídio-dependentes”, os reformados (Portugal é cada vez mais um país de velhos), e os milhares de funcionários públicos, virarem os bolsos do avesso e só sair cotão ...

3 Comentários:

Às 04 dezembro, 2005 02:25 , Blogger Peter disse...

Lazuli, o dinheiro compra tudo, é apenas uma questão de preço.

 
Às 04 dezembro, 2005 10:09 , Anonymous Anónimo disse...

O homem no seu melhor e no seu pior..
Gostei do comentário da lazuli.
Afinal tudo parece ter um preço.

 
Às 04 dezembro, 2005 10:30 , Blogger Peter disse...

lazuli,desculpa lá, mas resolvi pôr a apreciação dos candidatos num artigo individual. Não encaixavam aqui no contexto.

Bom Domingo

 

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