quinta-feira, dezembro 1

É a vida ...

Ontem à noite tocaram insistentemente à campainha da porta. Quem será a estas horas ? Não esperávamos ninguém ...
Era a nossa antiga “mulher-a-dias” que se tinha ido embora há 4 anos. Tinha sido posta fora de casa pelo filho e vinha procurar onde dormir. Dormiu cá em casa e hoje, manhã cedo, fui levá-la à camioneta para regressar à terra.
Era o mínimo que podia fazer por quem nos ajudara a criar os filhos.
Vivia numa barraca, equilibrada precariamente sobre a linha de CF. Chegou a vez da Câmara lhe dar uma casa. Mas como podia ela ir habitá-la? Como poderia pagar a renda, com um marido que trabalhava onde não lhe pagavam e com dois filhos drogados e desempregados? Assim optou por regressar à terra, onde sempre poderia cultivar umas couves e umas batatas. E assim fez.
Quer o destino, ou seja lá o que for, que as pessoas boas, mas intrinsecamente boas, estejam marcadas pelo ferrete da desgraça. O marido pouco mais de um ano viveu. As irmãs, a quem ela enviava algum dinheiro quando andava trabalhando por Lisboa, abandonaram-na e o mesmo fizeram os filhos.
Veio a Lisboa, com grande sacrifício, tratar de problemas que um dos filhos, que está no estrangeiro, tinha com a Justiça. Ficou em casa do outro filho e domingo veio visitar-nos. Ontem à noite veio pedir-nos abrigo. Tinha sido expulsa por aquele a quem dera a vida. Não tinha mais ninguém ......

9 Comentários:

Às 01 dezembro, 2005 03:00 , Anonymous Anónimo disse...

Triste história.
Ao mesmo tempo adoro ler certas expressões que a nossos ouvidos brasileiros soam tão pitorescas. Você deve ter a mesma sensação ao nos ler.

 
Às 01 dezembro, 2005 09:58 , Blogger Micas disse...

Infelizmente Peter, é a dura e triste realidade de muitas familias!
Bom feriado

 
Às 01 dezembro, 2005 15:22 , Blogger Rosario Andrade disse...

Querido Peter,
... efeitos secundarios dos tempos que correm? da sociedade que temos? Infelizmente esta realidade alastra... aqui no hospital foi construida uma enfermaria (que esta cheiinha) so para casos sociais, ou seja, sao doentes que estao considerados medicamente capazes de ter alta mas nao tem para onde ir nem familia que os queira receber... e entao vao vegetando por aqui...

Abracicos!

 
Às 01 dezembro, 2005 16:37 , Blogger Su disse...

tristes vidas, a de alguns
gostei da tua atitude
jocas maradas

 
Às 01 dezembro, 2005 16:58 , Anonymous Anónimo disse...

Cada vez mais somos uma ilha. Deserta, atrevo-me a dizer.

 
Às 01 dezembro, 2005 21:53 , Blogger mfc disse...

Tocaste-me com esta história de vida...

 
Às 01 dezembro, 2005 22:17 , Blogger Peter disse...

sonia, a "língua brasileira" é "português com açucar" ...

 
Às 02 dezembro, 2005 09:43 , Blogger Peter disse...

bluegift, boa memória ...

 
Às 02 dezembro, 2005 18:13 , Blogger Amita disse...

Chocante e desumana. Para onde caminhamos nós? Realmente os bons são os que mais sofrem nesta vida.

 

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