Do sonho
Desafiar a gravidade com pequenos pingentes de gelo transparente e dar a todo o movimento – perpétuo? – a sensação de inutilidade, cristalizar momentos em pequenos folículos inusitados ouvindo [te] e o “deixar ir” na suavidade que se imprime a vozes, desafiando toda a imaginação, percorrendo os caminhos do corpo que se adivinha, se deseja e em última análise se possui.
[És minha pela inteligência, pela arte – que nos une – pelos sentires que estão para além da compreensão]
A posse como elemento de contraponto à entrega que se quer etérea, desvanece-se nessa intranquilidade de todos os amantes.
O constatar da ausência como fórmula única e intransponível da partilha ou em jeito de pólo oposto o saber que este amor está para além da posse.
Amar além do amor, finalidade abstracta que retrata a verdade absoluta da busca em detrimento da razão, sempre inimiga de todas as emoções.
Rendilhar [te] palavras que se mostram insuficientes perante a avalanche de sentires que [nos] assaltam é tarefa árdua, já que nenhum verdadeiro amor se pode traduzir com a limitação das letras.
O abstraccionismo como forma última de entender o que não se explica.
[Ontem desnudei-te] num tremendo desafio à imaginação. Percorrer-te o corpo [adivinhado] mergulhar nele e fazer de todos os sonhos uma realidade, sentindo aromas, fluidos, mãos que se tocam em desespero, a praia que parece esfumar-se em encruzilhadas de prata, deixando aqui e ali, salpicos e estilhaços na areia que se quer molhada onde os corpos ficaram impressos.
“Sugar Mountain” e Neil Young a preencherem o silêncio com a visão alucinada de planícies vastas em que um simples olhar não basta para divisar a linha ténue do horizonte. Para lá desta, o ilimite, o sonho, o beijo, a entrega desenfreada, o consumar de todos os momentos que reuniremos apenas num.
Talvez se possa morrer de felicidade. Porém, os braços permanecerão apertados em torno do outro. Eternamente apertados.
“Tracy Chapman” e “Holy Night” completam o som que nos serve de fundo nessa entrega que ambos queremos final. A última entrega, o último amor.
Rendilhar [te] palavras que se mostram insuficientes perante a avalanche de sentires que [nos] assaltam é tarefa árdua, já que nenhum verdadeiro amor se pode traduzir com a limitação das letras.
5 Comentários:
amei ler.te
"Talvez se possa morrer de felicidade. Porém, os braços permanecerão apertados em torno do outro. Eternamente apertados."
jocas maradas de mar
Zé
O sonho... que nos faz viver.
Seguindo a “viagem” das tuas palavras – com paragens em portos de amor/paixão – muito mais para além dos sonhos – sentimentos transcendentes.
Belíssimo...
Um beijo
E como tu sabes dizer o "Amor"... Um texto pleno de beleza, nada a que não nos tenhas habituado já.
Beijos
Será amor isto que leio?
*
Lúcia
obrigado pelo comentario, gostei que tivesses visitado o meu blog.
e tu vives em Italia?
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