Não é o jornalista um ser humano com emoções?
A objectividade é obviamente posta de lado quando somos confrontados com emoções. Sobretudo se estas se apresentarem sob a forma de “sentires” pessoais.
O jornalista está muitas vezes dividido entre o paradigma e o estigma. Um e outro são conceitos castrantes.
Uma coisa é noticiar algo de forma irreal. Outra é dar-lhe algum cunho literário. Pessoalmente não vejo nenhuma contradição entre as várias perspectivas. Sei dos “mestres” que ditam a “lei”. Sei das “escolas” politicamente correctas. Porém este verdadeiro absurdo não será uma forma de afastar o leitor do seu jornal?
Também esta área específica tem conhecido evoluções. As escolas que ministram cursos de Comunicação estão a maior parte das vezes literalmente alheias a um quotidiano que faz a diferença.
Prevejo num futuro não muito longínquo o ruir do “saber” puramente académico das diversas escolas.
Antevejo novas fórmulas de fazer chegar a mensagem. Nem sempre a “objectividade” tal qual é entendida é de facto contundente.
Abomino o “alegadamente” e afins.
As coisas terão de ser chamadas pelos nomes. Se um político subtraiu fundos públicos para uso pessoal isso é roubo. Não é “alegadamente” qualquer outro eufemismo.
O falsificacionista vê a ciência como um conjunto de hipóteses que são propostas conjecturalmente com o objectivo de descrever ou de explicar com rigor o comportamento de algum aspecto do mundo, ou universo. No entanto, nem todas as hipóteses servem. Existe uma condição fundamental que qualquer hipótese ou sistema de hipóteses tem de satisfazer para possuir o estatuto de lei ou teoria científica. Para fazer parte da ciência, uma hipótese tem de ser falsificável.
Uma boa lei ou teoria científica é falsificável precisamente por fazer afirmações definidas sobre o mundo. Quanto mais uma teoria diz sobre o mundo, mais oportunidades potenciais existirão de mostrar que, na verdade, o mundo não se comporta do modo previsto pela teoria. Uma teoria muito boa é aquela que faz afirmações muito informativas sobre o mundo – sendo, por isso, extremamente falsificável – e que resiste à falsificação sempre que é sujeita a testes.
Como a ciência procura teorias com um grande conteúdo informativo, o falsificacionista saúda a proposta de conjecturas especulativas ousadas. As especulações arrojadas são encorajadas, desde que sejam falsificáveis e desde que sejam rejeitadas quando são falsificadas.
Esta atitude implacável diverge da precaução defendida pelo indutivista radical. Segundo este último, só devemos admitir na ciência teorias que possamos mostrar que são verdadeiras ou provavelmente verdadeiras. Devemos ir além dos resultados imediatos da experiência apenas na medida em que as induções legítimas o autorizem. O falsificacionista, pelo contrário, reconhece as limitações da indução e a subserviência da observação à teoria. Os segredos da natureza só podem ser revelados com a ajuda de teorias engenhosas e penetrantes.
O relativismo cultural, como tem sido chamado, desafia a nossa crença habitual na objectividade e universalidade da verdade moral. Afirma, com efeito, que não existe verdade universal em ética; existem apenas os vários códigos morais e nada mais. Além disso, o nosso próprio código moral não tem um estatuto especial: é apenas um entre muitos. A primeira coisa que precisamos de fazer notar é que no âmago do relativismo cultural está uma certa forma de argumento. A estratégia usada pelos relativistas culturais é argumentar, a partir de factos sobre as diferenças entre perspectivas culturais, a favor de uma conclusão sobre o estatuto da moralidade.
Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.
Logo, não há uma «verdade» objectiva na moralidade. Certo e errado são apenas questões de opinião e as opiniões variam de cultura para cultura.
Podemos chamar a isto o argumento das diferenças culturais. Para muitas pessoas é persuasivo. Mas, de um ponto de vista lógico, será sólido? Não é sólido. O problema é que a conclusão não se segue da premissa – isto é, mesmo que a premissa seja verdadeira, a conclusão pode continuar a ser falsa. A premissa diz respeito àquilo em que as pessoas acreditam – em algumas sociedades as pessoas acreditam numa coisa; noutras sociedades acreditam noutra. A conclusão, no entanto, diz respeito ao que na verdade se passa. O problema é que este tipo de conclusão não se segue logicamente deste tipo de premissa. Para tornar este aspecto mais claro, considere-se um tema diferente. Em algumas sociedades as pessoas acreditam que a Terra é plana. Noutras sociedades, como a nossa, as pessoas acreditam que a Terra é (aproximadamente) esférica. Segue-se daqui, do mero facto de as pessoas discordarem, que não há «verdade objectiva» em geografia? Claro que não; nunca chegaríamos a tal conclusão, porque percebemos que, nas suas crenças sobre o mundo, os membros de algumas sociedades podem simplesmente estar errados. Não há qualquer razão para pensar que se o mundo é redondo, todos têm de saber disso. Da mesma maneira, não há qualquer razão para pensar que, se existe uma verdade moral, todos têm de conhecê-la. O erro fundamental no argumento das diferenças culturais é que tenta derivar uma conclusão substancial sobre um tema partindo do mero facto de as pessoas discordarem a seu respeito.
Ante todas estas possibilidades onde ficam os nosso próprios sentimentos? – Acaso não nos choca um acidente de dimensões enormes, apenas porque somos jornalistas?! – O amor não faz parte das nossas vidas?
O mundo é acima de tudo, emoções.
6 Comentários:
acima de tudo... emoções.. beijo... gi
Zé, o teu texto,longo texto,merece que nos debrucemos sobre ele.
Comecemos pelo fim: "O mundo é acima de tudo, emoções". Será se entendermos "mundo", como "Humanidade". Se não o entendermos assim, o "Homem" é um "simples" acidente de percurso, que não impede nem afecta a existência do "Mundo", entendido como "Universo", o qual existiria e continuará a existir, mesmo sem a presença do "Homem" para testemunhar a sua existência. Claro que este ponto de vista é precisamente o oposto ao "antropomorfismo", que eu não aceito, como já aqui tive oportunidade de dizer.
E fico por aqui, embora ainda venha posteriormente falar de outras questões. Não quero é tornar o comentário demasiado longo.
"Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.
Logo, não há uma «verdade» objectiva na moralidade. Certo e errado são apenas questões de opinião e as opiniões variam de cultura para cultura."
Perfeitamente de acordo.
"Para fazer parte da ciência, uma hipótese tem de ser falsificável." Claro que não concordo e levaríamos imenso tempo a discutir. Aliás, não concordo contigo em todo o período em que abordas a Ciência, até porque o seu campo é demasiado vasto para a julgarmos e entendermos na sua globalidade.
"Não é o jornalista um ser humano com emoções?
A objectividade é obviamente posta de lado quando somos confrontados com emoções. Sobretudo se estas se apresentarem sob a forma de “sentires” pessoais."
Claro! É um "must" inatingível, como o é para o historiador, condicionado pela época em que vive e pelo seu legado cultural.
Chuva Negra, quando se fala em "tudo", entendes que um terremoto, ou um eclipse do Sol são "emoções"? Julgo não teres lido os meus comentários e começo a interrogar-me se valerá a pena fazê-los?
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