domingo, junho 2

NÓS NÃO


  Hoje qualquer criança

Quando resolve nascer

Tem à sua disposição

Tudo o que possa parecer

Necessário p´ra ocasião

Mas nós não!


Na hora de procriar

Qualquer mãe informada

Diz quando quer engravidar

Tem médico, ginecologista

Psicólogo pediatra

Todo um mundo que lhe trata

De tudo p´ra data prevista

P´ra preparar a função.

Mas a nossa mãe não!


Se a criança quer nascer

Tem hospital maternidade

Tudo próximo logo à mão

E com médico enfermeira

Ele parteiro ela parteira

E tem de ser assim senão

Alguma coisa pode enguiçar.

Mas nós não!


E não tem que ir a pé

Mesmo p´ra curta distância

Porque tem carro ou ambulância

Ou barco ou avião

Lá ir a pé é que não.

Mas nós não!


Era mesmo a pé, por que não?

Logo desde o princípio

Sabe-se se tudo corre bem

Tudo verificado desde início

Ao milímetro como convém

Mas assim neste processo

Não há surpresas p´ra ninguém

Mas nós não!


Nós nunca sabíamos nada

Até tinha mais piada.

Nós quando quisemos nascer

Avisámos a nossa mãe

Porque nesse tempo ninguém

Nos sabia bem dizer

Quando é que podia ser.

A iniciativa era nossa

Quando a mãe percebia

Procurava quem sabia

E dizia o que sentia.

Toda a gente se mobilizava

Quando a notícia soava

Iam buscar a alcoviteira

Que fazia de parteira

E ela é que nos puxava

P´ra vermos a luz do dia

E era ela que dizia

Se era um lindo menino

Ou uma linda menina

E se a gente não gritava

Era ela que nos batia.

Ficávamos logo à partida

Preparados para a vida.

Estas são as razões

Porque ainda estamos vivos

Habituados a aguentar

Sempre ocupados e ativos

Prontos para continuar

Enquanto a vida durar.


25.05.2013

Vítor C. Gonçalves

Lido no encontro dos professores do Curso de 1954 da Escola do Magistério de Évora






 

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