O elogio da Escola
“Na semana passada, por ocasião do início do novo ano lectivo nas escolas norte-americanas, o Presidente Barack Obama dirigiu-se pela televisão a todos os alunos do ensino primário e secundário dos EUA, aos seus pais e professores.
Houve logo quem visse nesta “conversa em família” (embora o modelo de Obama seja Franklin Roosevelt e não... Marcelo Caetano), uma peça de propaganda partidária dirigida às mentes moldáveis de futuros eleitores, e desatasse a bradar sobre a necessidade de separar a escola da política. Em Portugal, foi este aspecto político que foi noticiado, e não a forma ou a substância da mensagem presidencial. *
É pena: quem ouviu ou leu (está na Internet) o discurso de Obama terá percebido que aquilo não era retórica de partido nem feria a quantidade ideal de liberdade e de independência que toda a escola deve ter. Longe de ser “caça ao voto”, a mensagem de Obama é um extraordinário discurso, só ao alcance dos mais lúcidos e patriotas.
Se a política – a verdadeira e nobre – é a procura e defesa do bem comum para o maior número, então Obama deu provas de ser um grande estadista: foi a Presidência da República (dever-se-ia dizer a liderança da “res publica”), em intenção e oratória sublimes.
O que disse Obama? Que a escola é um lugar central na vida, na educação, no progresso e no futuro de todos os que a frequentam e, colectivamente, do país. Falou da responsabilidade dos professores, dos pais e dos alunos, lembrando sobretudo aos últimos que é com trabalho, estudo, disciplina e seriedade que se agarra a oportunidade que a educação proporciona.
Salientou que todas as crianças e jovens “são bons nalguma coisa”, e que é na escola que a cada um cabe descobrir a sua vocação.
Reconheceu que para muitos aluno há dificuldades e carências de toda a ordem. Mas contrapôs o seu próprio caso, o da mulher, Michelle, e o de três estudantes americanos para afirmar que “não se pode deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego” e que, a despeito do que a televisão ensina, não se chega a “rico e bem sucedido” sem “trabalhar”.
Vestiu a pele do Presidente pedagogo ao dizer que o abandono escolar é um auto-abandono, e que é a soma de todas as qualificações aprendidas nas escolas por todos os jovens americanos que irá “decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro”.
Foi rigoroso ao apontar que o sucesso “é difícil” e que nem sempre se alcança “à primeira”, mas que é falhando, pedindo ajuda e recomeçando que se cresce. Orgulhou-se dos jovens da América e pediu-lhes que dessem às suas famílias e ao país motivos para esse orgulho – porque a história da América é a história dos que “amaram demasiado o seu país para não darem o seu melhor”.
Obama falou de forma simples, directa, eficaz, e disse muito. Em Portugal, onde sucessivos governos partidários destruíram a escola, desvalorizando o trabalho sério e o mérito individual dos alunos e desmotivando professores e pais, muita gente importante anda por estes dias a falar... mas de quê?”
(José Manuel Sardica, Prof Un.Cat.Port, in “página 1”, de 16SET09)
* É o costume...
3 Comentários:
Bom, OBAMA falar, falou e bem; mas há que notar que a escola pública nos Estados Unidos pouco melhor é (para não dizer, pior) que a nossa.
A nossa foi minada pelo laxismo e incúria não só de governos, mas dessa quantidade imensa de pseudo-pedagogos que resolveram um dia brincar à escolinha!
Obama por acaso disse mais uma coisa: é que precisamente esse facilitismo não está correcto. Aliás o discurso só muito aparentemente se destinava às crianças propriamente ditas ... num outro nível de leitura era para os media e para os educadores que promovem o sucesso fácil ...
Ferreira Pinto e Fernando Vasconcelos
Como não-professor, apenas um simples votante, saliento:
"Obama falou de forma simples, directa, eficaz, e disse muito. Em Portugal, onde sucessivos governos partidários destruíram a escola, desvalorizando o trabalho sério e o mérito individual dos alunos e desmotivando professores e pais, muita gente importante anda por estes dias a falar... mas de quê?”
Sim, andam a falar de quê?
Não chateiem, já conhecemos todos de ginjeira...
P.S.-Desculpem voltar a introduzir o sistema de "verificação de palavras", mas o "chinês" voltou a atacar.
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