img in blog 'coisas minhas'
«Diz toda a Verdade mas di-la tendenciosamente –
O êxito está no Circuito
É demasiado brilhante para o nosso enfermo Prazer
A esplêndida surpresa da Verdade
Como o Relâmpago se torna mais fácil para as Crianças
Com uma amável explicação
A Verdade deve ofuscar gradualmente
Ou cada homem ficará cego –»
Emily Dickinson
«Diz toda a Verdade mas di-la tendenciosamente –
O êxito está no Circuito
É demasiado brilhante para o nosso enfermo Prazer
A esplêndida surpresa da Verdade
Como o Relâmpago se torna mais fácil para as Crianças
Com uma amável explicação
A Verdade deve ofuscar gradualmente
Ou cada homem ficará cego –»
Emily Dickinson
32 Comentários:
Cada um tem a sua Verdade. Logo, a verdade do Sócrates não é igual à minha.
Vou reduzir a imagem.
Contudo, ainda que de modo incerto,
não é verdade que a verdade
dependa de cada um! :)
A prova de a verdade
não depender de cada um
é que, mesmo sem haver ninguém,
ainda assim haveria 'uma verdade'
relativa às coisas entre si;
como, por exemplo, o cosmos
versus o hipotético ante
e pós-cosmos.
Ou seja, embora, realmente,
não seja a verdade que explica
o mundo,
é certo que o mundo
explica a verdade!
:)
A verdade simplesmente a verdade, seja lá ela qual for. Mas existe sim, independente das opiniões mais ou menos verdadeiras.
:))
Som alegre e tal...
:) Eu acho graça aos relativistas!
Uma coisa é ser céptico
outra, relativista.
É bem pssível que,
como criaturas da natureza,
não consigamos apreender
as leis ou regularidades das coisas.
Mas isso é diferente de asserir
que há tantas verdades
quanto pensamentos!
:)
Mentes há muitas, realmente.
Chapéus também, lol.
E o que é que o Universo - e, já
agora, as praias do universo -,
- como as que nós habitamos-,
tem a ver com
o que nós pensamos
ou não pensamos!?
Acho bem que se dÊ destaque a quem o merece. Mas também me irrita que, neste país, só se reconheçam os méritos de quem trabalha nas ciências exactas e nas engenharias. E as ciências sociais, gaita?!
Vasco
Pum! Pum! Pum!
Matamos o Einstein! Mas como, se ele já está morto?
Blonde
Cada um puxa a "brasa à sua sardinha". Talvez se a "bluegift" cá estivesse, escrevesse um artigo sobre Ciências Sociais.
Visito diariamente o teu blogue, aprecio os teus escritos e quero dizer-te que no âmbito da chamada "Nova história" teci aqui largos comentários que, por serem longos, ninguém lê.
Este meu "escrevinhar" sobre estes assuntos é o resultado de leituras e não duma formação científica específica. Simples curioso.
Mas, Peter, Einstein nada tem de relativista, no plano filosófico. Bem ao contrário, o seu sistema defende uma interpretação absoluta das variáveis explicativas da dinâmica do universo. Por exemplo, quando defende a velocidade da luz como a máxima velocidade possível e a ergue como constante inviolável das leis do universo, ele relativiza realmente as medições de cada observador particular no seu referencial específico, mas não constroi com isso qualquer relativismo na verdade do seu sistema.
E mesmo quanto ao tão mal-entendido "princípio da incerteza" de Heidelberg o único equívoco decorre da infelicidade de baptismo do nome de tal lei a qual não passa de um "princípio de indeterminação" das variáveis causais(quantificação das) que determinam a evolução (quantificável) dos seus efeitos - o que filosoficamente, nada tem de surpreendente!
Sabes bem que o meu conhecimento de filosofia é zero e que os meus conhecimentos destes assuntos serão 1 no máximo. O "relativismo" de Einstein será conotado com o nome dado à sua teoria e apenas isso.
Acho teres aqui uma contradição:
"Bem ao contrário, o seu sistema defende uma interpretação absoluta das variáveis explicativas da dinâmica do universo."
Não pode haver interpretação absoluta de variáveis.
Não está certo o que escreves: "a velocidade da luz como a máxima velocidade possível"
É o aceite vulgarmente, mas a constante "c" refere-se à propagação da luz no vácuo, nas suas diversas modalidades, como sucede com as radiações electromagnéticas, portadoras de informação. Para elas "c" é a barreira intransponível. Mas Einstein não se opõe a que essa velocidade possa ser ultrapassada, desde que a emissão não seja portadora de informação.
Penso eu "de que"...
Quanto a Heisenberg (com um "n")
é como dizes, não há incerteza, há é restrições à precisão com que se podem efetuar medidas simultâneas de uma classe de pares observáveis.
Já que ninguém fala connosco, continuemos os dois falando, a não ser que prefiras que eu te diga que "és o maior" e te mande "abraços e beijinhos".
Lol. Sim, acho que sim. Sou o maior em ignorância quer de física quer de metafísica. Contudo, sei que não há relativismo na física clássica de Einstein. Há relativismo observacional mas nenhuma destituição 'das coisas em si' (que independem de quem as observe ou não).
Tens razão em lembrar essa distinção entre a velocidade portadora e não-portadora de informação. Mas, quando puderes, explica essa diferença mais concretamente. Eu imagino que, num caso, os eventos são afectados ao serem perpassados por radiação e no outro - sem informação - é como se de facto nada estivesse a ocorrer. Mas, não sei se é assim ou, no caso de ser, como se dá que seja assim?
Quanto à minha expressão "interpretação absoluta das variáveis explicativas" ela não tem lógica nenhuma, eu apenas queria enfatizar que o sistema da física de Einstein - julgo eu, mas não sei, de facto -, é um sistema determinista, em que umas coisas sucedem, outras não, e tudo decorre necessariamente segundo os constrangimentos a que os fenómenos estão condicionados.
Vasco!
Isto está a começar a aquecer!
Ora vejamos:
Numa experiência laboratorial nos EUA, pesquisadores científicos (Lijun Wang e dois colegas do Instituto de Pesquisa da NEC, em Princeton, Nova Jersey) conseguiram fazer com que um feixe luminoso, não apenas viajasse cerca de 300 vezes mais rápido que a velocidade da luz, como também que ele parecesse chegar ao seu destino final, antes mesmo de ali ter entrado!
O pulso de luz saiu da câmara repleta de gás césio, onde se fez a experiência, exactamente 62 bilionésimos de segundo antes de ali ter entrado. Este estudo foi publicado na revista cientifica "Nature" que, como sabes, é uma revista de prestígio universal.
Os resultados da experiência violam não só o senso comum, mas também parecem ir contra uma das bases da física moderna, a teoria da relatividade de Einstein. Mas os autores garantem que, apesar do resultado, a física não foi abalada.
A teoria da relatividade especial de Einstein e o principio da causalidade implicam que a velocidade de qualquer OBJECTO em movimento não pode exceder a velocidade da luz no vácuo.
A explicação para o facto, segundo Wang, estaria nas características das ondas luminosas. Um pulso de luz é constituído por um conjunto de ondas com frequências diferentes e todas elas juntas têm uma "velocidade de grupo".
Ao passarem por qualquer material (o ar, a água …) essas ondas luminosas têm uma velocidade de grupo menor do que se estivessem no vácuo.
Inversamente, para fazer o pulso de luz viajar mais rápido, será preciso criar um meio de propagação - como uma câmara com gás césio resfriado - capaz de amplificar as frequências das ondas por meio de interacções destas com os átomos. E foi isso que se fez.
Mas tal não quer dizer que se possa um dia criar alguma máquina (é um OBJECTO…) capaz de viajar mais rápido que a luz.
O feixe luminoso com uma velocidade superior à da luz é incapaz de transmitir algum tipo de informação pois esta não poderia ser “filtrada” a tal velocidade o que implicaria, de acordo com E=mc^2 , “E” e “m” infinitos.
Ficou a doer-me a cabeça rsrsrs.
:) É que hoje também pensei assim, imaginativamente: nesse hipotético big-bang inicial, por não haver nem espaço nem tempo, à partida, a velocidade vertiginosa da 'explosão' original de energia haveria de ser tão grande que os limites do minúsculo universo original haveriam forçosamente de ser violados por essa velocidade superior à da expansão do próprio espaço...
É que, mais do que um meio de propagação favorável - como o do césio esfriado - não havia meio espacial nenhum! pelo que nada obstaculizaria uma infindamente veloz de propagação da radiação.
Nada a filtraria aliás, pelo que as frequências das ondas se amplificariam em razão do próprio nada em que se espraiaram...
Olha, eu, por mim, não percebo nada disto. Mas também te digo, se a geometria fractal é uma realidade então o big-bang deve estar a replicar-se por todo lado às múltiplas escalas observacionais do ínfimo ao desmesurado em extensão.
Bem, tenho de ir jantar mais tarde…
Durante muito tempo estes assuntos pertenceram ao âmbito da religião, do mito ou da FILOSOFIA, mas acabariam por encontrar na teoria do BB uma resposta científica.
Recapitulando:
- o nosso universo (pois talvez haja outros…) encontra-se em expansão, tendo nascido de uma gigantesca “explosão” (entre aspas…).
Mas embora quase todos os cosmólogos concordem que o Cosmos teve o seu início num big bang, há aspectos do universo que a teoria do BB, tal como a entendemos actualmente, não explica. Não vamos entrar em pormenores (nem eu sei…) que os físicos teóricos designam por “problemas cosmológicos” e que têm a ver com o facto de o modelo do BB ser instável. Bem, será “instável” porque é preciso introduzir “à mão” (em vez de a deduzir a partir de processos físicos concretos e calculáveis, impossíveis de fazer, como é óbvio) essa condição inicial (à partida altamente improvável) que desencadeou o BB.
A “teoria da inflação” de Alan Guth, eminente físico do MIT e posteriormente aperfeiçoada por outros, diz-nos que na sua “infância”, o Universo ter-se-ia expandido inimaginavelmente mais depressa do que o faz hoje (“inflacionando” assim as suas dimensões). Esta é presentemente a melhor solução para os “problemas cosmológicos”, bem como a melhor explicação do estado actual do universo. Essa inflação ter-se-ia desenrolado durante um período incrivelmente pequeno de tempo (de 10^-35 segundos a 10^-32 segundos). Mas, uma vez que ainda não pôde ser verificada experimentalmente…
Claro que a "geometria fractal" é uma realidade e claro que eu acredito que por todo este infinitamente plano Universo as "bolhas" (Big Bangs) estão rebentando e originando multiversos (universos paralelos).
Sou um ingénuo, acredito em tudo...
A ideia de 'multiversos' é fascinante, mas no plano mental, choca porque mesmo que porventura existam múltiplos mundos dever-se-ia enfrentá-los a todos com uma explicação abrangente que os subsuma na inteligibilidade de uma só realidade, a de tudo aquilo que é.
Para além disso, chocar-me-ia também que o que seja verdade no 'meu' universo não o seja também em qualquer outro que se perfile existir. Por exemplo, água, uma molécula de oxigénio e duas de hidrogénio, deve ser água em todo e qualquer universo existente ou possível, mesmo que nada haja de semelhante que se lhe compare. Ou seja, o que é, é-o nos pluriversos de toda e qualquer experiência imaginável de pensamento.
E este princípio equivale a sustentar:
- há um só mundo inteligível.
"há um só mundo inteligível",e pronto, é um dogma.
"uma só realidade "?
Muitas realidades, cada universo terá a sua.
"chocar-me-ia também que o que seja verdade no 'meu' universo não o seja também em qualquer outro que se perfile existir"
Pode ser, ou pode não ser. Também me choca que a mesma partícula possa estar simultaneamente em dois locais diferentes e ela está.
Porquê? Como?
Seguindo Feynman: "não há lugar para perguntas que no estado actual dos nossos conhecimentos não sabemos responder" (embora talvez já te possamos dar resposta).
"enfrentá-los a todos (aos universos)com uma explicação abrangente que os subsuma na inteligibilidade de uma só realidade, a de tudo aquilo que é."
Claro que não é "uma só realidade", são infinitas, tantas quanto os universos.
Meu caro Vasco, estou levando o assunto para o campo da amizade e do conhecimento que temos um do outro e daí o estar falando descuidadamente e em tom aligeirado.
Pura especulação da minha parte, as teorias vão sendo validadas na medida em que e só quando é materialmente possível fazê-lo.
A "teoria da inflacção" de que te falei no comentário anterior não passa de uma mera hipótese.
Agora o que eu estou firmemente convencido é que a Filosofia não tem aqui mais lugar e talvez seja por isso que o facto de não ser filósofo, me leva a abordar mais facilmente todas estas especulações científicas, que não filosóficas.
Chegados que somos a este ponto, que fazemos?
Continuamos, ou damos por findo o diálogo, sem vencidos, nem vencedores?
"Destarte se esclarece o entendimento,
Que experiências fazem repousado,"
("Os Lusíadas, canto VI)
Nã, nã, nã. Não me reconheço dogmático. Não se trata de recusar ou de aceitar esta ou aquela lei que a ciência estipule. A questão é a dos pluriversos. Há um filósofo - que Nietzsche muito respeitava considerando-o até «um irmão de pensamento», que na sua voz, é um elogio absoluto! - Espinosa, um luso-descendente, que axiomatizava no seu sistema teórico de que há infinitos mundos e infinitas qualidades que presidem ao mundo, a todos e cada um dos mundos, e que nós, humanos, só temos acesso a duas dessas dimensões da realidade: a extensão e o pensamento, as quais são atributos de uma só realidade, a que ele chamava "Deus ou a Natureza".
Ora bem, pode dar-se perfeitamente que a realidade ultrapasse largamente o que nos é potencialmente concedido aceder por estas duas faculdades que nos animam, a da matéria estelar de que somos feitos e o pensamento a que as regulariddes da natureza nos vão permitindo alcançar.
Mas agora, presta bem atenção - tu próprio aí no teu texto concedes que pode ser (ou não) assim - o que quer nós, no 'nosso mundo' convenhamos ser o que é - água, por exemplo; os átomos que nos compõem, tu, eu, cada um de nós, na respectiva ipseidade -, isso que testemunhamos iniludivelmente ser o que é; isto ou aquilo que apontemos que existe; o caminho por mar de Lisboa para a Índia, no século XV e ainda no XXI; essas verdades são-no não importa em que mundo, em que universo.
Em quê, um planeta gémeo da Terra, em tudo semelhante, excepto no facto de o caminho para a Índia pelo Cabo da Boa Esperança não ser possível, em quê, pergunto eu, anula a verdade do caminho para a Índia pelo sul de África ser, ter sido, um caminho possível, e sê-lo, até, mesmo antes de descoberto e trilhado? Em quê, pergunto, isso deixa de ser verdadeiro? Não deixa. É verdade. Contra qualquer mundo possível em que tal fosse inverdade, contraponho o testemunho da verdade do facto neste 'nosso mundo'.
Logo, nenhuma congeminação de mundos possíveis exaure a realidade total se excluir a verdade do meu mundo, a factualidade de que somos testemunhas e essa verdade independe, inclusive, de ser ou não observada e testemunhada - não independe, claro, de ser ou conhecida ou cognoscível -, ela ocorre, na circunstãncia concomitante dos factos objectivos, os oceanos Atlântico e Índico uniram-se ao sul do continente africano, mesmo que ninguém o houvesse testemunhado e essa junção de mares antes de existir e depois de cessar, foi um facto possível, como se comprova pela sua factual verificação.
Impossível, meu caro, é dizer que um mundo onde eu e os meus átomos não fossem possíveis, torna inverídico que eu exista e seja possível no domínio exaustivo da realidade, chame-se ela "O Universo" ou "Os Multi-Pluri-versos".
Se há um mundo em que não existimos se bem que nós existamos, segue-se que o mundo se compõe quer daquele em que existimos quer daquele em que não existimos. Logo, não há dois mundos, mas um só mundo, aquele que abrange a inteligibilidade dos dois.
:)
Belíssima argumentação filosófica mas que nada me traz ao meu desejo imenso de saber.
A Filosofia já teve o seu tempo, tem o seu campo próprio, por isso não tem lugar no domínio da astrofísica, da física de partículas, ou da mecânica quântica. Se tivesse, existiria por certo uma cadeira de Filosofia nos respectivos cursos do IST p.e. Se fosse viável uma máquina do tempo, sentir-te-ias bem entre os filósofos gregos. Eu detestaria...
Gostei muito de dialogar contigo mas "não, não vou por aí", citando José Régio.
Já nos conhecemos há muito e nem eu entro na tua teia, nem tu entras na minha. É a fábula da aranha e da mosca, em que aquela convida esta a visitar a sua teia.
P.S. - Os hipotéticos "pluriversos" seriam os resultados da hipótese de multi-Big-Bangs que tu próprio levantaste e à qual não levantei qualquer objecção. Sempre presente a resposta de Feynman:
"é impossível responder à sua pergunta, para a qual não existe resposta ao nível dos nossos conhecimentos actuais".
Tenho a modesta opinião que a filosofia deveria ser cadeira obrigatória em todos os cursos, fossem de letras ou de ciências. Como contributo corroborativo desta opinião digo-te que no século XX elaborou-se mais filosofia do que nos 25 séculos anteriores, incluindo, portanto, os tempos da filosofia grega :). Mais te informo que o País que mais contribuiu para essa elaboração de filosofia foi, precisamente, o mais avançado de todos, cientifica e tecnológicamente: os Estados Unidos! Claro, isto nada prova, mas corrobora a impressão de que muita ciência estimula a filosofia.
"Claro, isto nada prova, mas corrobora a impressão de que muita ciência estimula a filosofia."
É como dizes, "nada prova", não é a filosofia que me esclarece p.e. sobre os motivos por que a luz "engolida" por um buraco negro não consegue sair. Mas a astrofísica diz-me porquê e em termos tais, que um leigo como eu, compreende.
Claro que me situo sempre em termos de "divulgação científica" pois não tenho habilitações científicas para ir mais além.
Existe uma corrente entre alguns cientistas especializados em diversos ramos da astrofísica, nomeadamente os aspectos relacionados com a origem do universo, ou a sua expansão, ou o seu final, que buscam soluções holísticas.
A busca do bosão de Higgs, também designada por a "partícula de Deus" porque possibilita o aparecimento da matéria "ex nihilo", ou a existência de uma partícula a mais de matéria sobre a antimatéria em cada quantidade de partículas, ou ainda como sugere Hubert Reeves a existência na "papa primordial" duma capacidade que permitiu aos quarks evoluirem até às cadeias de nucleótidos, tudo isto são factos que, de momento, escapam a uma explicação científica. Talvez aqui a Filosofia tenha algo a dizer...
Não! Aí a filosofia não tem nada a dizer salvo, talvez, desconfiar de explicações imiscuídas de ideologia religiosa.
Ora, pode bem aceitar-se que o homem se emocione perante o universo desde que se mantenha compenetrado que nele 'nada risca' :); pelo que deve desantropomorfizar a visão que dele tenha.
Mas, isto é muito diferente de dizer amen à hipótese de outros mundos que nos excluam e não nos expliquem!
Não que esteja seguro de que haja quem ou que seja possível explicarmo-nos a nós mesmos e ou ao nosso mundo.
Mas, enfim, antes tentar do que divagar por mundos que simplesmente nos excluem.
Eu cantaria talvez com Nietzsche:
INTERPRETAÇÃO
Se me explico, então me implico:
A mim mesmo não me posso interpretar.
Mas quem suba o seu próprio caminho,
A minha imagem leva a uma luz mais clara.
Então é o rejeitar da teoria antropofórmia?
Também me custa aceitá-la. Para isso teríamos que seguir a seta e não só ela não existe (no meu pensamento e não só)) como não aceito que todo um desmesurado universo, para não dizer infinito, tenha sido "construído" para o homem.
"Não que esteja seguro de que haja quem, ou que seja possível explicarmo-nos a nós mesmos e ou ao nosso mundo."
Também não estou seguro. Então onde raios metes a filosofia? Mete-la na reacção do homem perante o Universo?
Mas o homem tem que tentar compreendê-lo segundo as leis que ele próprio criou, a partir da observação e experimentação científica, é certo.
E se essas leis e teorias não satisfazem, parte para outras.
Einstein não considerou a "constante cosmológica" como o maior erro que cometeu? Estava enganado e foram repescá-la.
Não gosto que destituam a filosofia porque ela me parece a disciplina da maior responsabilidade do homem consigo próprio e com o universo: - responsabilidade de recusar a autoridade doutrém desapoiada de boas e válidas razões; responsabilidade, de se erguer, como aristocrata, acima de todos os condicionamentos físicos a que o universo nos constranja, conhecendo-o e às leis da suas regularidades pretéritas, para, obedecendo-lhe - não é possível desobedecer às leis da física* -, melhor o fintarmos, o tourearmos, o nortearmos em nosso próprio proveito! A filosofia é, sim, essa atitude de independência e liberdade quer em relação à autoridade dos homens quer em relação à necessidade física.
* Adoro lembrar sempre como num jogo de futebol, os jogadores podem desobedecer a tudo menos às leis da física: por exemplo, se dois jogadores forem a correr para a bola, um de encontro ao outro, e não se desviarem no último instante: - chocam! E se um ponta de lança remata à baliza, com a biqueira na bola de baixo para cima, a bola em vez de ir às redes, descreve um fenomenal balão! (que eu aliás, se fosse presidente de clube, haveria de multar severamente todos os remates, desses à estratosfera, reveladores de nenhum sangue-frio e inadmissível descontrolo mental do requerido pelo momentum da jogada!)
Olha, há um Princípio, tenho andado às voltas mas não me lembro do nome (estou a ficar velho) que nos diz não ser possível avaliar com precisão um sistema do qual o observador faça parte. É mais, ou menos isto.
Claro que é um infinitésimo, mas como pode o homem avaliar o Universo se é parte dele?
Confesso honestamente não ter compreendido onde queres chegar. Já li várias vezes.
Será este o teu raciocínio:
- a gravidade prende o homem à Terra, se eu quero atingir a Lua tenho de descobrir maneira de "fintar" a força da gravidade, então calculo a "velocidade de escape" que me permite escapar-lhe.
É isto que queres dizer?
Sabes, penso que este diálogo é demasiado "precioso" para ficar aqui confinado nos comentários que só nós dois lemos. Então eu fiz o que se faz nos processos jurídicos: extraí uma "certidão" e publiquei-a. Porque não fazes o mesmo com a parte filosófica?
Pensa nisso.
leia-se "processos judiciais" e não "processos jurídicos"
É isso. Sendo parte, como estar por fora, para avaliar?
E também exacto esse exemplo da força de gravidade: descoberta a lei, obedecemo-la, torneando-a, toureando-a. Para isso serve a ciência.
A filosofia questiona criticamente os pressupostos da actividade do conhecimento. Por exemplo, o jogo de futebol, além das regras que o regem obedece, também, às leis da física, invioláveis.
Mas, essas leis agem segundo parâmetros diversificados conforme as condições dadas: ultrapassada a força de gravidade, os jogadores de futebol continuariam em absoluto a obedecer às leis da física, mas impossibilitados de se regerem pelas do futebol! com a bola tão volátil quanto os próprios jogadores, lol.
Onde quero chegar!? A lado nenhum especificamente. Só meditar que por muito condicionado que o nosso conhecimento do universo seja, não vejo significado especial nenhum em imaginar que há múltiplos mundos
sem os átomos que nos constituem porque, mesmo a ser o caso, ele teria de ser explicado compreensiva e cumuladamente com a realidade da nossa própria comprovada natureza de seres filhos das estrelas.
Logo, quem haja de compreender, inteligir, o universo, tem de nos explicar por inteiro e não imaginar evadir-se para um qualquer mundo possível que se propusesse fazer tábua rasa de nós, primatas humanos, bem como, já agora, dos antepassados dinossauros que povoaram a Terra!
Aquela história dos dois focos, partículas, fotões, separados no espaço, e o que acontece a uma replica-se na outra é bastante enigmática...
Mas eu imagino, por exemplo, isto: duas gotas d´água, separadas no espaço, o que compõe uma compõe a outra. Onde está a admiração? Água é água, aqui, em Marte ou em Titã. O que há numa há noutra, relevadas as impurezas adventícias.
Não é o mesmo com os fotões, ou os 'spins' ou as partículas separadas? E até imagino o seguinte: se houvesse numa das gotas uma mutação endógena, por exemplo, do átomo de hidrogénio, era bem possível que essa mesma mutação - se endógena, não causada do exterior, mas sim ocorrida no próprio átomo, era bem possível, não admiraria, que ela se verificasse também em todos os átomos de hidrogénio do universo!
...
Só vou responder-te e de memória: a chamada experiência EPR foi explicada pelo físico francês Alain Aspect admitindo que A e B fazem parte de uma realidade global: o Universo é um vasto sistema de partículas, que interagem umas sobre as outras.
Portanto, não há A e B, mas sim "AB", isto é, elas não se afastaram, permanecem no mesmo sítio, mas o espaço entre elas é que se dilatou como um balão. Estás a ver?.
Então, publicas o teu texto sobre o que tens estado a falar e que continuaremos, ou não publicas?
Mas publicar como? Onde? No corpo do blog? Tu uma vez abriste realmente um 'apenso' - mas de comentários - onde se prolongava uma troca e de impressões e se convidava outros a lerem e participarem. Mas eu não sei fazer isso e também não vejo transcendência especial nenhuma nas objecções ou lembretes filosóficos que o cosmos me suscita! :)
Mas olha que essa explicação de Aspect que há só a partícula AB, pelo que necessariamente o que afecte AB segundo a observação no local X é o que afecta a mesmíssima AB observada no local Y. Pelo que, não só AB é objecto singular, como também o espaço intermediado entre X e Y não destitui a unicidade AB, pelo que, no que a tal partícula concerne, não há espaço nenhum que nela se entremeie e cinda em duas como nos parece observar.
Ora isto talvez se compreenda se esquecermos a noção de espaço ou grandeza linear, progressão aritmética, e representássemos todo o que há em apenas fenómenos de vibração, com variações de escala exponencial em vez de linear.
Porque, na verdade, se um átomo tem entre o seu núcleo e os electrões o mesmo tipo de 'distância' que entre uma bola de ping-pong num estádio de futebol com meia dúzia de espectadores irrequietos na bancada (os electrões), então, não há dúvida que não são as grandezas lineares as que melhor podem dar conta da relação das coisas entre si, mas sim a escala em que elas ocorrem e o tipo de vibração a que estejam sujeitas.
Mas agora, diz-me lá tu, que interesse tem enfatizar o que quer se escreva (eu escreva!) se não se percebe nada disto!? :)
Qual não se percebe?
Olha lá, entraste aí na "teoria das cordas". É maravilhosa! Cordas vibrando e pela sua vibração definem as suas características, em vez do ziguezaguear louco das partículas. A "sinfonia do Universo"!
A sua quase infinita pequenez permite o seu tratamento matemático como sendo corpuscúlos.
O seu prestígio decaiu um pouco, mas regressou em grande com as supercordas e a correspondente "teoria M". A caminho duma equação unificada do Universo?
P.S. - Tenho estado a trabalhar no meu livro. A editora já me contactou.
:) Mas ouve lá!
Ainda tens de plantar uma árvore!
Quantas árvores eu não plantei já! Até em Itália, em Terni.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial