segunda-feira, novembro 17

ASSIS

Hoje estive toda a tarde no velório dum amigo e camarada de curso, portanto a minha disposição não é das melhores, muito longe disso. Tínhamos estado em Outubro no almoço mensal de Curso, ao qual comparecem cada vez menos e, três dias depois, foi internado com um tumor num pulmão. Ele que nunca fumou!
Por isso me interrogo sobre o n/saber e sobre até que ponto as medidas proibitivas têm razão de ser.

Normalmente “os mortos são sempre boas pessoas”, mas ele de facto era-o, assim como era extremamente religioso. Muito mais que eu, que considero, como tenho repetido até à exaustão, que sou crente à minha maneira, que não coloco rótulos em mim próprio e que o que procuro é tranquilidade e paz de espírito, que felizmente já encontrei, sem receios pelo dia de amanhã.

Conhecendo Lourdes, Fátima e Assis, encontrei nesta última algo que não é deste mundo. Por isso me sinto lá bem e recordo dois monges brasileiros que ali me falaram dos problemas do seu povo, que são os dos povos sul-americanos.
O Joaquim José Esteves Virtuoso, cuja memória recordo, não concordaria com esses pontos de vista, centrados no “Evangelho da libertação”, mas compreenderia e perdoaria.


A basílica de S. Francisco de Assis começou a ser construída logo após a canonização do santo em 1228 e foi concluída em 2 anos!! Sobre essa «basílica inferior» foi acrescentada uma «basílica superior» nos 23 anos seguintes.
A foto é da Basílica Superior, já reconstruída depois do terramoto que atingiu a cidade na noite de 25 de Setembro de 1997 e que abalou os seus alicerces, causando danos na estrutura e nos tesouros artísticos.


O interior desta “basílica superior” encontra-se decorado com frescos de Cimabue (1270-1280) e de Giotto. A decoração do Cruzeiro é de Cimabue. A igreja inferior é uma maravilha, completamente decorada com frescos de Giotto, Cimabue, Simone Martini, Lorenzetti e outros pintores da provável escola de Giunta Pisano (sec XIII). Encontra-se ali a cripta com os restos do santo, entregue à guarda dos Franciscanos do Sagrado Convento, construído junto desta igreja.

Os frescos pintados ao longo da parede baixa da nave, representando cenas da vida de S. Francisco de Assis, foram pintados por Giotto, como este espantoso para a época e datado de 1292-1294 representando o funeral do Santo.
Claro que as fotos foram tiradas às escondidas, até que fui apanhado pelo Franciscano de vigia.



O actual Papa Bento XVI emitiu há tempos um decreto que limita a autonomia dos referidos monges, "considerados de esquerda, por muitos católicos italianos".
Como escrevi acima, tive oportunidade de contactar com alguns deles, nomeadamente dois monges brasileiros, quando visitei Assis, na companhia dum professor do "Istituto Tecnico Per Geometri, Antonio da Sangallo il Giovane", da cidade de Terni, na Umbria, onde estava a trabalhar no âmbito de um projecto intercalar europeu, como já referi.
Conversámos quase exclusivamente sobre temas sociais, relacionados com a situação na América Latina. Talvez por isso sejam considerados "de esquerda”.

(Fotos Peter)


6 Comentários:

Às 17 novembro, 2008 11:41 , Blogger antonio ganhão disse...

Mais do que aquilo que se discute a esquerda deveria de ser acima de tudo uma atitude.

Com cada vez menos pessoas a fumar, é natural que o número de cancros no pulmão, em pessoas que nunca fumaram, comece a ser significativo. Com o tempo será mais frequente do que entre os fumadores.

É sempre triste ver partir quem nos deixa um vazio.

 
Às 17 novembro, 2008 12:37 , Anonymous Anónimo disse...

Peter, permite que diga o quanto lamento que tenhas perdido um amigo.

Tenho de confessar humildemente que não conheço Itália, mas que me parece ser país capaz de proporcionar as descobertas mais incríveis e que nos podem fascinar.

Gosto da sinceridade, verticalidade e frontalidade com que abordas certas questões e mesmo as respostas que nos dás.

 
Às 17 novembro, 2008 15:22 , Blogger Peter disse...

ferreira-pinto

Por vezes interrogo-me sobre se hei-de continuar a publicar as fotos das minhas andanças pela Europa. Tenho receio que a minha atitude possa ser considerada como "show-off", mas continuo, porque sinto prazer em recordar e tb penso que os que me visitam nem sempre conhecerão tudo o que divulgo.

 
Às 17 novembro, 2008 19:21 , Anonymous Anónimo disse...

Não é "show-off" nenhum; são bem interessantes e isso é que conta.

Nem todos podem viajar é certo, mas podem, ao menos, gozar da generosidade de quem está disponível para partilhar o que vê por esse mundo!

 
Às 20 novembro, 2008 02:34 , Blogger **Viver a Alma** disse...

Peter

Muito eu gostaria de ir a Assis.
Coitado do actual Papa...dá-me pena...como é que um homem habituado á catedra, e aos "contactos diplomáticos", calçando sapatos do Prada e vestindo nos actuais costureiros da moda italiana, consegue imbuir-se no conceito de vida e sentimento de Unidade, que tocou tão de perto João PAulo II?!
Realmente é um paradoxo! ou uma farsa...como se queira!
Para mim religiosidade é a (RE)ligação que se faz diariamente ou não, entre nós e o que de NÒS emana (LUZ - energia pura). Dogmas doutrinários, digo NÂO, muito obrigada - sejam eles quais forem e venham de onde vierem.
Assumo-me como ecuménica, pois foi assim que percebi alguns "sinais" - penso que... só quem não se predispõe a ficar atento não os vê ou entende. MAs eles est ão aí, todos os dias, a tentar que mudemos, ou "re-liguemos"!

Fique bem e grata por ter a liberdade de dizer o que penso - ou melhor ainda...o que SINTO!

Mariz

 
Às 20 novembro, 2008 10:38 , Blogger Peter disse...

Mariz

Não acho o actual Papa como o mais adequado para a função.
O meu reencontro recente com a religião proporcionou-me tranquilidade e paz de espírito e por isso a minha vida melhorou.
O modo como entendo a religião é do meu foro íntimo e, como tal, não vinculado a dogmas.

 

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