A Educação e o seu Mi(ni)stério
Trata-se dum texto ponderado, do qual omiti alguns períodos, sem qualquer intenção de censura, longe disso, mas apenas no intuito do aligeirar. Nele não se insiste em temas demagógicos, usuais quando se pretende atingir efeitos destrutivos, mas sim na utilização duma linguagem construtiva, insistindo num tema que não tenho visto até aqui ser utilizado: a culpabilidade do Ministério da Educação.
De facto, manda a mais elementar lógica atribuir ao Ministério em causa o desaire de tantos ministros que têm sobraçado esta pasta. Não podiam todos eles ser incompetentes, a “incompetência”, melhor dizendo o partidarismo daquele, teria “minado” a actuação ministerial.
Transcrevo seguidamente e devidamente autorizado pelo seu autor, Armando Vieira, Armando.vieira@kanguru.pt Professor Coordenador do ISEP, o texto em questão:
“ (…) O que me preocupa é que se discutam problemas relacionados com a educação e raramente se falar de educação. (…) perde-se o tempo a falar de tópicos que têm mais a ver com o Ministério da Educação (ME) do que com a educação. Gostaria que se falasse da qualidade dos manuais escolares, da relevância dos programas escolares arcaicos, mais adaptados à realidade do século XIX do que aos alunos do século XXI. Seria interessante perceber porque se ensinam tantas horas de matemática e os alunos chegam ao ensino superior quase sem saber fazer uma conta de dividir. Poderia ainda ser esclarecedor saber porque não se ensina mais informática nas escolas ou não se realizam trabalhos laboratoriais, essenciais ao desenvolvimento do espírito crítico e de reflexão. Perceber enfim, porque continuamos na cauda da Europa no que respeita ao desempenho dos alunos em várias matérias e que, por mais artifícios que se criem para iludir as estatísticas, o nosso sistema de ensino falha redondamente. Mas já que esses temas parecem despertar pouco interesse, falemos então do que inquieta as pessoas.
As escolas estão novamente em guerra. Desta vez é a questão da avaliação dos professores. Embora partilhe alguma da antipatia dos professores por esta ministra, acho, que desta vez, o problema não é dela. (…) Maria de Lurdes Rodrigues é uma excelente profissional mas uma péssima ministra. Acho que qualquer pessoa, por mais sensata e inteligente que seja, seria sempre um péssimo ministro da educação. Porquê? Porque o maior problema da educação em Portugal é o próprio ME.
Senhora ministra, deixe os professores fazer o que eles sabem, e querem, fazer: ensinar. Deixe de os tratar como se fossem meninos irresponsáveis e indisciplinados. Em vez de transformar os professores em obedientes funcionários públicos que passam o dia a preencher papeis, dê-lhes autonomia e espaço para a criatividade.
Dê autonomia às escolas e deixe que sejam elas a recrutar e gerir os seu corpo docente. A questão da avaliação do desempenho dos professores fica naturalmente resolvida pelas leis do mercado.
Assim conseguiria reduzir para uma décima parte os funcionários da 5 de Outubro e para uma milésima parte as suas dores de cabeça. Já agora, senhora ministra, em vez de criar guerras desnecessárias canalize as suas energias para fazer uma coisa importantíssima: definir uma estratégia de educação nacional com pés e cabeça, não para um, mas para dez anos."
9 Comentários:
"Dê autonomia às escolas e deixe que sejam elas a recrutar e gerir os seu corpo docente."
Seria o fim da macacada, com a contratação de amigos, familiares, favores ao presidente da junta e sabe-se lá mais o quê... Temos que ter um MNE que seja útil ao país e funcione, é mesmo assim tão simples. Proponho que se peça a Moçambique o seu ministro da educação.
Bom dia!
Fizeste-me rir. Tens razão, seria "o fim da macacada" rsrsrs.
Não conheço o trabalho do ninistro da Educação de Moçambique, tenho de perguntar à minha filha, talvez ela saiba.
Agora quanto ao ministério, é um facto que logo a seguir ao 25 de Abril, foi "tomado de assalto" por um determinado Partido e que essa predominância PARECE ter-se mantido, senão como se justifica o "falhanço" de ministros da Educação, brilhantes, direi mesmo excepcionais, como foi Marçal Grilo?
Talvez, talvez se justifique com a má qualidade da matéria prima...
Abraço (sem beijinhos).
Amigo Peter,
Que os professores devem ser avaliados, penso não restarem dúvidas !
Que este não é o melhor sistema de avaliação, já se percebeu !
Que Ministério de Educação e os sidicatos travam uma guerra partidária, já nos apercebemos !
Penso estar na hora de as partes envolvidas baixarem as armas e pensarem no futuro da educação em Portugal pondo de lado interesses corporativistas e pardidários e desenvolverem esforços para resolver o problema sem estarem preocupados com quem vai levar a taça.
Um abraço
Joy
Meu caro Roy
O blogue está aqui a servir de "caixa do correio", pois o texto não é meu.
"Que Ministério de Educação e os sidicatos travam uma guerra partidária, já nos apercebemos!"
Quanto a este ponto, tenho dúvidas sobre quem está a travar a "guerra".
Eliminar as pseudo-benesses de professores, militares, juízes, médicos, funcionários públicos (...) traz votos. A inveja, alimentada por uma contra-informação, confere ao Poder a "aura de justiceiro".
Amigo Peter
Cometi um penalty, utilizando a linguagem do futebol ,onde escrevi partidária, queria dizer politica, o que não é a mesma coisa e pode dar um significado diferente ao que queria dizer, dando uma ideia que de alguma forma sou contra a luta dos professores o que não corresponde á verdade.
Eliminar as pseudo-benesses de professores, militares, juízes, médicos, funcionários públicos (...) traz votos. A inveja, alimentada por uma contra-informação, confere ao Poder a "aura de justiceiro".
Não podia estar mais de acordo !
Infelizmente têm sido esta a atitude deste governo. O problema vai ser quando á conta da sua hipócrita aura de justiceiro não houver mais sitio onde possam retirar mais pseudo-benesses.
Um abraço
Joy
correcto e afirmativo.
Deixar os professores fazerem aquilo que devem, ensinar.
Meus caros amigos Joy e Tiago
Quem como eu ouviu hoje na TVI, no noticiário das 20.00h o António Peres Metelo a falar sobre Economia e sobre o que nos espera em 2009, a nós e ao mundo, todos estes problemas de Sócrates, da Lurdinha, do Ensino, dos professores, dos sindicatos e dos alunos, me parecem despiciendos.
"Tenham medo, tenham mesmo muito medo"
Cá estaremos para ver...
compreendo as intenções. mas não subscrevo as conclusões. anda um pouco de "lirismo" a nadar pelo texto fora, parece.me... rss
o mercado a resolver a classificação dos professores? não sei, não...
abraços
heretico
Entende-te com o autor do texto. É só clicar.
Embora concorde com muitos aspectos, não concordo na totalidade.
Abraço
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