Descontos aos reformados
Em 1997 assisti na FCG a uma série de conferências, na qual foi oradora Viviane Forrester, romancista e ensaísta, crítica literária do "Le Monde" e autora de "L'Horreur Économique", publicado pela Fayard e que no ano anterior tinha tido grande sucesso em França. A autora aproveitou para lançar a sua obra, publicada pela Terramar. Trata-se de uma análise muito documentada, denunciando os discursos habituais, que mascaram os sinais de um mundo condenado a não ser mais do que económico, do qual - segundo nos vão avisando - NÓS SOMOS UM MERO DISPÊNDIO SUPÉRFLUO.
Parece que, 11 anos volvidos, esta doutrina fez escola.
A obsessão de equilibrar as contas públicas, desprovida de sensibilidade e bom senso, tudo justifica. Em 2007 aos aposentados da Administração Pública, com uma pensão média de 1.000€, foi-lhe descontado 1% sobre o subsídio de Natal e de férias com destino à ADSE, o que dá cerca de cerca de 7 milhões de Euros, que estão rendendo juros ao Estado.
O governo ainda não esclareceu se vai devolver o dinheiro cobrado indevidamente a cada contribuinte, cerca de 20€.
Também o Min Finanças, não adianta prazos para essa devolução, que será muito possivelmente quando a maior parte dos beneficiários já estiverem mortos (é a tese de Viviane Forrester) referindo apenas que está a analisar a situação. Entretanto, quanto mais tempo levar essa análise, mais juros o Governo embolsa.
O Min das Finanças, interrogado ontem por uma repórter da TV, limitou-se a dizer:- “Vai ser devolvido.”
Tendo a mesma perguntado se tivera havido erro na decisão de cobrar a referida taxa sobre 14 meses, enquanto aos cidadãos no activo essa cobrança só incide sobre 12 meses, a resposta foi a mesma:
- “Vai ser devolvido.”
Qual a lógica de não taxar pela mesma medida quem andou uma vida a trabalhar e quem está no activo, prejudicando os primeiros, os que mais recorrem à ADSE, é certo, mas os mais fragilizados economicamente, com a introdução das "taxas de moderação" e o preço dos medicamentos?
Porque não se avançou com a modalidade de criar embalagens individuais, ou pelo menos mais reduzidas?
Porque não convinha aos Laboratórios, não é?
Todos sabemos os milhões de contos de medicamentos não utilizados, que anualmente são entregues nas farmácias.
Porque não se cria um imposto de “salvação nacional”, uma percentagem sobre as reformas “escandalosas” que são do domínio público, pois circulam aí pela NET através de e-mails?
12 Comentários:
um livro (e uma autora) que leio com muito interesse.
plena concordãncia com tua análise.
excelente.
abraços
Herético
Obrigado.
Votos de um bom Domingo.
Abraços
Olá amigo Peter
Perguntas incómodas ás quais o governo não gosta de responder ,ou se responde é com um NIM. È este o governo que diz ser defensor de uma politica social , quanta hipócrisia !
Um abraço
Joy
Venho aqui para desejar que melhores, Peter. Beijos.
Meu caro Joy
Ainda o que mais me revolta é irem buscar o dinheiro a quem menos tem e menores possibilidades tem de fazer valer os seus direitos.
Abraço
Paula
Fiquei sensibilizado pelo teu interesse sobre a minha saúde. Felizmente que é benigno e reversível, embora de tratamento demorado, à base de cortisona (meses). O nome médico acho que é "lesão mínima" no rim esquerdo.
Faço a vida normal, embora com limitações na alimentação.
Beijo amigo,
Peter
Olá Peter!
Gostei imenso desta crónica e desta tua análise.
Venho também trazer-te um abraço, porque tudo vai correr bem, As tuas melhoras!
Beijo
Peter, espero que te encontres melhor.
quanto ao teu artigo, já muito foi dito...
não sei o que dizer..
beijo
lucia
De facto escandaloso é a palavra certa! Também li esse Email e os valores lá apresentados são incríveis... Qauntas pessoas são necessárias para sustentar essas reformas?
Que mal vai o nosso Portugal...
Eu estive o ano todo de baixa por causa do acidente, entretanto o subsidio de natal deveria ser pago pelo estado, pois ainda estou à espera dele.
Eu queria ver se fosse ao contrário, fosse eu a dever ao estado e não pagasse, havia de ser bonito...
"pdivulg"
Mas o partido no Poder é socialista?
Se é preciso dinheiro e é, e se as pessoas têm legalmente direito a essas "reformas milionárias" e acredito que tenham, porque é que o Governo não estabelece um tecto, pagável em numerário e o restante em "títulos do Tesouro", ou "títulos de dívida pública", ou como "raio" isso se chama, pois não percebo nada dessas aplicações?
Porque é que se continua a permitir a acumulação de funções, quamdo existem tantos desempregados?
Afinal estamos numa "democracia", ou numa "políticocracia"?
Meu caro Tiago
Se fosses tu a dever ao Estado, muito possivelmente ias preso, porque para os devedores condenados com pena suspensa por dívidas ao Fisco, correm o risco de cumprir prisão efectiva, enquanto não procederem à sua liquidação, de acordo com legislação que estará a ser preparada.
Lí, ou ouvi isso hoje em qualquer jornal ou TV, mas não me lembro onde.
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