terça-feira, março 11


«Era uma vez uma ausência
que andava em missão de viagem.

Quando chegava a uma encruzilhada
dava três voltas sobre si própria
para perder por completo
a noção do caminho
por onde viera

atingindo assim com regularidade
as regiões efémeras do esquecimento.


Depois regressava a casa.»

:)


ana hatherly, 463 tisanas,
Quimera, 2006, #72

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6 Comentários:

Às 11 março, 2008 13:11 , Blogger augustoM disse...

Simplesmente bonito.
Um abraço. Augusto

 
Às 11 março, 2008 13:21 , Blogger vbm disse...

:)

 
Às 11 março, 2008 13:25 , Blogger Peter disse...

Este poema é, para mim, um belo poema que vale pelo seu todo, isto é, eu não sou capaz de salientar um verso do qual goste em especial. Em termos "não académicos", é um poema compacto.

Também gosto bastante deste poema dela, já que o círculo sempre mereceu o meu interesse:

O círculo

"O círculo é a forma eleita
É ovo, é zero.
É ciclo, é ciência.
Nele se inclui todo o mistério
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia
No que está acabado.
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,
E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa.
Em nós se consumando,
Passando a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando."

(ANA HATHERLY)

P.S.
Vim encontrar-te em:
http://namoradosdosapo.17.forumer.com/viewtopic.php?p=21728&sid=a1b605e42424a69a8919b9ba43e08df7

Portanto, continuas nos Fóruns do SAPO. Encontrei-te por acaso, em “Os mistérios de Eleusis”.

 
Às 11 março, 2008 13:43 , Blogger Carla disse...

perfeita esta ausência que sabe quando sair e regressar...que pena não poder ser sempre assim
gostei muito

 
Às 11 março, 2008 22:52 , Blogger Manuel Veiga disse...

palavras de perdição, diria! muito belas..

 
Às 11 março, 2008 23:12 , Anonymous Anónimo disse...

A matéria das palavras




Estamos aqui. Interrogamos símbolos persistentes.
É a hora do infinito desacerto-acerto.

O vulto da nossa singularidade viaja por palavras
matéria insensível de um poder esquivo.

Confissões discordantes pavimentam a nossa hesitação.
Há uma embriaguês de luto em nossos actos-chaves.

Aspiramos à alta liberdade
um bem sempre suspenso que nos crucifica.

Cheios de ávidas esperanças sobrevoamos
e depois mergulhamos nessa outra esfera imaginária.

Com arriscada atenção aspiramos à ditosa notícia de uma
perfeição
especialista em fracassos.

Estrangeiros sempre
agudamente colhemos os frutos discordantes.



Ana Hatherly
O Pavão Negro
Assírio & Alvim
2003

deixo este.


beijo
lúcia

 

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