sexta-feira, dezembro 28

Quanto vale um português?

Não sei, mas provavelmente muito pouco e a certa altura da vida só dá é prejuízo.
Parece ser essa a ideia que prevalece, quando assistimos continuamente ao encerramento dos Serviços de Urgência e às correspondentes manifestações de protesto por esse País fora. Manifestações que não dão em nada, porque não vale a pena estar a gastar dinheiro com quem nada produz, vive da sua reforma, paga pelos contribuintes activos, esquecendo-se que quem protesta levou uma vida inteira a trabalhar e a descontar para ter direito a essa reforma.
Manifestações de quem não tem poder reivindicativo. Que se importa o Estado com greves e protestos de reformados?
Se são os velhos reformados e doentes os que lutam desesperadamente pela manutenção desses serviços hospitalares, a solução mais rentável, não seria descobrirmos forma de nos livrarmos deles?
Talvez seja altura dos deputados que levam 4 anos sentados sem abrir a boca, a não ser para bocejar, serem encarregados de estudar o problema. Pelo menos justificavam a sua “principesca” reforma.

Nas estradas morrem por ano milhares de pessoas, velhas e novas. Mas, caso engraçado:
- quando um velhote se engana e entra em contramarcha, vem logo no jornal a indicação da sua idade, esquecendo os jovens que o fazem por estarem drogados (está bem, já sei, são doentes, toxicodependentes, a quem eu tenho de pagar o vício, perdão, o tratamento), ou por simples apostas.
O que se faz para acabar com essas corridas loucas? Todas noites, por volta da 1h da manhã sou acordado por elas e à sexta-feira o melhor é ficar a ver um vídeo, pois dormir, nem pensar.
Aqui há uns meses tive de me deslocar pela Ponte Vasco da Gama por volta das 2 h da manhã e não sei como consegui sair de lá vivo.
Porque é que a Polícia não acaba com isto? Não consegue? Então é ineficaz, ou puseram-na ineficaz.

Mais vale ser lobo.

Por baixo da A-24, entre Chaves e Vila Pouca de Aguiar foi construído um, ou vários "lubodutos", para que os lobos possam atravessar em segurança de um lado para o outro da estrada. Parece terem sido gastos 100 milhões € (cerca de 20 milhões de contos).
É na realidade enternecedor … Que o digam os pastores a quem eles dizimam os rebanhos de ovelhas.
Deixa-se morrer um ser humano que teve um enfarte, porque morre no caminho até chegar ao hospitalar mais próximo, as crianças nascem nas ambulâncias na estrada, porque também não foi possível a mãe chegar a tempo à maternidade mais próxima. Não há dinheiro e se houvesse era para os "lubodutos".

Na realidade, mais vale ser lobo, ao menos ainda podem comer a avozinha (já um bocado dura …) e tentar comer o capuchinho vermelho.

22 Comentários:

Às 28 dezembro, 2007 15:09 , Blogger SOS Miséria disse...

Ainda bem que o lobo só tenta comer o capuchinho, se o consguisse comer, aí nós teríamos que botar a boca no trombone.
Vim desejar-te um Feliz Ano Novo e convidar-te e postar um comentário no SOS num post que lá coloquei sobre imigração.
Muitas e gostosas realizações para este ano que vem e que Deus esteja contigo.
Abraço, Alda

 
Às 28 dezembro, 2007 17:50 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

o mais interessante é que ainda não passou lá um lobo, entretanto confortavelmente deitados numa ambulância vamos para os hospitais, pode se morrer pelo caminho mas com conforto.

 
Às 28 dezembro, 2007 18:22 , Blogger Peter disse...

Alda

Como me pediu, deixei um comentário no seu blog.

Bom 2008

 
Às 28 dezembro, 2007 18:29 , Blogger Peter disse...

Tiago

"Governo corta 330 milhões na Saúde. Ministro quer encerrar 56 SAP. 9 Urgências prestes a fechar. 10 Materidades desactivadas" (da imprensa)

Durante o Salazarismo, o Ministério da Educação dava lucro ...

 
Às 28 dezembro, 2007 20:42 , Blogger Carol disse...

Segundo o que me diz o meu pai, que curiosamente, teve que emigrar para fugir à PIDE, todos os ministérios davam lucro... E as famílias conseguiam ter uma casinha, por muito modesta que fosse. E, sim, havia quem passasse necessidades mas, se calhar, hoje ainda há mais...

 
Às 28 dezembro, 2007 22:11 , Blogger Peter disse...

Carol

A TV mostra-nos os protestos que se sucedem por esse país fora contra a política de saúde.
Quem lá aparece são quase na sua totalidade, pessoas mais idosas, portanto mais vulneráveis em todo o sentido.
Tal como no Regime anterior a 1974, eu não podia conceber que um Ministério, como o da Educação, desse lucro, também agora não posso aceitar que "o direito à saúde", que é um dos meus direitos constitucionais, seja objecto de reduções drásticas que o ponham em risco.

Os meus pais moraram sempre em casas alugadas...

 
Às 28 dezembro, 2007 22:13 , Blogger Paula Raposo disse...

Subscrevo integralmente este texto!! Aplaudo-o. O texto. E pateio e grito a situação a que chegámos neste país. Onde, um dia destes, no centro de saúde do Estoril(!) não havia médico para ninguém. Quem precisasse, que esperasse pelo dia seguinte...no comments.

 
Às 28 dezembro, 2007 22:22 , Blogger SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter
Subscrevo tudo o que aqui é dito.Tudo o que não dá lucro neste país é descartável. Depois de usado deita-se fora.
Vale mais ser lobo porque, por este andar de desumanização, só os lobos terão lugar neste mundo.Portugal nisso leva já a dianteira.

 
Às 28 dezembro, 2007 22:27 , Blogger Peter disse...

Paula

Agradeço, mas agradeço de verdade, o teu comentário. E agradeço porque tu já viveste essa situação.
É com um sentimento de frustração que verifico que os comentários só se preocupam com os lobos. Se calhar é mesmo assim na vida real: "tudo o que vai longe de mim vai bem".

Procurei aligeirar o texto dando umas "alfinetadas", ou mandando umas "biscas" ("bitaites", como se diz no Porto) mas não resultou.

Não há dúvida que estou a perder qualidades, ou já as perdi há muito.

Que, relativamente a 2008, se cumpram os teus desejos.

 
Às 28 dezembro, 2007 22:34 , Blogger Peter disse...

"silêncio culpado"

Tenho de te pedir desculpa pois, enquanto colocavas o teu comentário, eu estava respondendo à Paula Raposo e assim inclui-te num grupo ao qual não pertences.

É como dizes:
"Tudo o que não dá lucro neste país é descartável. Depois de usado deita-se fora."

Que tenhas uma boa passagem de ano porque, quanto a esse que está para vir, tira daí o sentido.

 
Às 28 dezembro, 2007 23:06 , Blogger António disse...

Meu caro Peter:
Tu desancas forte e feio (neste e em muitíssimos outros dos teus artigos de opinião) sobre as coisas que acontecem no nosso país.
Às vezes até exageras um bocado, penso eu de que...
Mas não me lembro de ler nenhum escrito teu sobre aquilo que é a prova cabal de que não vivemos num estado social mas antes num estado anti-social: o recibo verde e a sua generalização e vulgarização.
Eu estou a pensar escrever qualquer coisa sobre isso, mas se o quiseres fazer, avança!
Eu, depois, complemento...ah ah ah.
Pumba!

Abraço

 
Às 29 dezembro, 2007 08:24 , Blogger Peter disse...

António

Talvez nós vivamos mesmo num estado anti-social. Não quero “catalogar”. O recibo verde é o exemplo claro do “usar e deitar fora”. A entidade empregadora, supunhamos o Estado, serve-se dum trabalhador durante um intervalo finito de tempo. Depois, para não contrair obrigações de promoção, progressão na carreira, reforma, ou outras, dá por findo o contrato e manda-o embora já com uma idade onde, muito dificilmente e perante o panorama do desemprego em Portugal e não só, dificilmente conseguirá arranjar emprego.

Avança pois com o teu artigo. Força!

 
Às 29 dezembro, 2007 09:01 , Blogger Peter disse...

“bluegift”

As corridas na Vasco da Gama, Belém e outros locais, devido à vigilância montada pelos participantes, serão difíceis de eliminar. Só o conseguirão se forem promulgadas medidas punitivas pesadas contra os infractores, que os levem a desistir. Olha, cedam-lhe o Circuito do Estoril. Depois de ali terem enterrado milhões, está à venda.

Quanto ao problema da Saúde em Portugal, especialmente para quem vive no interior e afastado dos grandes centros, e esse é que é o problema, ninguém concorda “com a continuação em funcionamento de centros, maternidades, escolas e afins cuja estatística de utilização não o justifique”.
O problema é que as estruturas existem, foi gasto dinheiro com elas, muitas vezes parece que recentemente. Parecem existir equipamentos caríssimos encaixotados há anos. As pessoas não são estúpidas, saem para a rua em protesto às centenas, em sítios de relativa importância, por se sentirem desprotegidas.

Não vi o programa de TV a que te referes. Normalmente só vejo o Telejornal, mas não me move nada contra os lobos (talvez os pastores não possam dizer o mesmo), o que eu não aceito é que se valorize e gaste dinheiro com a sua protecção em detrimento da pessoa humana.

P. S. – Fizeste bem em adicionar a “AnaLu” aos links. Eu também recebi um sms do “Xiri”, a quem respondi. Esperemos que ele, um destes dias nos venha aqui dar as boas noites. É bom reencontrar antigas amizades, como é o caso deles os dois.

 
Às 29 dezembro, 2007 10:04 , Blogger quintarantino disse...

Se me é permitido penso que na matéria que aflora uma das condicionantes que ninguém ponderou bem é que, por exemplo, entre Chaves e Vila Real existe auto-estrada (e eu acho que o ministro só quis ver isto), mas muitas das vezes para se chegar a essa mesma auto-estrada é um calvário.
Serve isto para dizer que penso não terem sido devidamente articuladas as necessidades de racionalizar custos com equipamentos na área da Saúde, por exemplo, com a facilidade de acesso aos locais agora disponbilizados em tempo útil.

Sobre a história do viaduto, não tendo grandes certezas mas penso que o mesmo foi edificado por causa de outra espécie que náo o lobo. E não creio que se encerrem SAP's por causa dos ditos viadutos...

 
Às 29 dezembro, 2007 10:24 , Blogger Peter disse...

"quintarantino"

Não só te é permitido, como agradeço e aprecio imenso a tua colaboração. Afinal estamos a tentar abordar os NOSSOS problemas e este é um problema que não se vê sentado a uma secretária em Lisboa:

"entre Chaves e Vila Real existe auto-estrada (e eu acho que o ministro só quis ver isto), mas muitas das vezes para se chegar a essa mesma auto-estrada é um calvário"

Começa-se por “fechar”, para reduzir os custos e depois logo se verá. É aquilo a que se chama “começar uma casa pelo telhado”.

Quanto a procurar preservar a espécie, seja “lobo” (MSTavares “dixit”) ou seja outro animal, se se podem gastar 100 milhões com o “bicho-bicho”, talvez se pudesse gastar parte desse dinheiro com o “bicho-homem”.

Abraço

 
Às 29 dezembro, 2007 16:19 , Blogger Henrique Pereira dos Santos disse...

Se quiseremler mais alguma coisa que demagogia acerca dos lobos podem sempre dar um salto a:
http://ambio.blogspot.com/
henrique pereira dos santos

 
Às 29 dezembro, 2007 16:59 , Blogger Peter disse...

"Demagogia" segundo o seu ponto de vista ...~
Não obrigado, mas não estou interessado.

 
Às 29 dezembro, 2007 17:58 , Blogger Peter disse...

Sobre Correia de Campos (Ministro da Saúde)

"O fecho de urgências e atendimentos dificilmente lhe poderiam grangear popularidade. Mas ser ruidosamente contestado em duas manifestações em vésperas de Natal e ouvir, dias depois, a Ordem dos Médicos acusá-lo de puro economicismo, não é um fim de ano agradável."
("Altos ... e baixos..." in Expresso 29DEZ07)

 
Às 29 dezembro, 2007 20:25 , Blogger Manuel Veiga disse...

... entretanto, dizem-me que, lá mais para nordeste, não se faz uma estrada para salvar uma colónia de... ratos!

... agora diz-me se os lobos não são uns "privilegiados"!

abraços.

Bom Ano

 
Às 29 dezembro, 2007 21:22 , Blogger Peter disse...

"herético"

Já agora, falemos um pouco das célebres pseudo gravuras paleolíticas de Foz Coa, que datam de há 30 anos e que impediram a construção duma barragem, importante para a regularização do Douro.
Como foi possível, atendendo a que pelo menos uma pessoa que lutava intransigentemente pela preservação das gravuras e que eu até conhecia pessoalmente, tinha créditos firmados?

Se calhar é por isso que eu acredito em discos voadores ... passam a vida a enfiar-me o barrete.

Vivam os ratos, vivam os lobos, vivam os trilhos de dinossauros, vivam as gravuras rupestres de Foz Coa ...

Quanto a nós amigo, o melhor é não adoecermos.

Uma boa passagem de ano, porque o ano em si vai ser uma boa m....

 
Às 29 dezembro, 2007 22:29 , Blogger António disse...

Ainda sobre o "recibo verde".
Significa o trabalho sem regras entre empregador e empregado.
Despedimento totalmente livre sem direito a subsídio de desemprego.
Só o trabalhador desconta para a Segurança Social.
Só recebe 12 meses.
Eu rio-me quando os patrões falam em flexibilizar as leis laborais...mais do que que isto é impossível.
Mas é a grande moda para explorar até ao tutano os jovens, especialmente nas pequenas empresas.
Já começam a haver movimentações cívicas contra esta utilização perversa do "recibo verde"; espero que alastrem rapidamente para obrigar o Governo a intervir.

Pode parecer que estou a brincar mas tenho tido muito pouco tempo para escrever, pelo que não sei se escreverei sobre este assunto.
A sério!
ah ah ah

Um abraço

 
Às 30 dezembro, 2007 00:33 , Blogger Peter disse...

António

Não me digas que estás com medo?
"Deixa-os pousar" e depois do dia 3 "ataca".
Parece estares bem esclarecido.

Boa Passagem de Ano, porque não auguro nada de bom ao que aí vem.

 

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