Cordeiros Pascais
Sabemos que durante a Semana Santa, a Igreja celebra os mistérios da reconciliação, realizados por Jesus nos últimos dias da sua vida, começando pela sua entrada messiânica em Jerusalém.
O tempo da Quaresma prolonga-se até a Quinta-feira da Semana Santa. A Missa Vespertina da Ceia do Senhor é a grande introdução ao santo Tríduo Pascoal e atinge o seu ponto alto no Domingo da ressurreição.
Esta história do domínio Bíblico em que os católicos acreditam piamente só pode ser comparável à ascensão de Sócrates e do seu partido ao poder.
No domingo de ramos entrecruzam-se duas tradições litúrgicas que deram origem a esta celebração: a alegre, grandiosa e festiva liturgia da Igreja – mãe da cidade santa, que se converte em mímesis, imitação do que Jesus fez em Jerusalém, e a austera memória – anamnese – da paixão que marcava a liturgia de Roma.
As reuniões do secretariado nacional do PS assemelham-se em tudo a este período a que nem sequer falta a figura de Judas Iscariotes ou as iras de alguns dos apóstolos aquando da prisão do seu chefe.
Cumprem-se assim as profecias.
Alegre e as outras vozes discordantes são remetidos a um silêncio obrigatório enquanto Pilatos – leia-se Sócrates e acólitos – lava as mãos impuras deixando o “trabalho sujo” para o séquito que incapaz de sobreviver politicamente sozinho tece a teia da subserviência e da desonra. A troco destas, as benesses de um lugar aqui ou ali, bem remunerado já se vê.
Lucas não falava de oliveiras nem de palmas, mas de pessoas que iam atapetando o caminho com as suas roupas, como se faria a um Rei, tal como o povo português vai servindo de tapete vermelho na passadeira da fama efémera do ainda primeiro-ministro.
Numa espécie de anúncio do amor de um Deus que desce connosco até ao abismo do que não tem sentido, do pecado e da morte, do absurdo grito de Jesus e do seu abandono e a sua confiança extrema algo abalada traduzida nas palavras, “Pai porque permites que isto me aconteça?” como se ele mesmo duvidasse da existência do Pai ou da sua capacidade para operar o milagre da salvação.
Na duplicidade de critérios ininteligíveis, Sócrates promete mais solidariedade para um interior já desertificado e ao mesmo tempo anuncia pela boca de um dos seus ministros o encerramento de milhares de escolas que irão tornar as zonas desfavorecidas do país em verdadeiros desertos, onde nem as lembranças perdurarão engolidas pela voragem da natureza.
O Evangelho de João apresenta Jesus sabendo que o Pai pôs tudo nas suas mãos, que tinha proveniência Divina e num acto de extrema hipocrisia lava os pés do seus discípulos, gesto inquietante se pensarmos na forma sorridente como Sócrates nos vai extraindo tudo em nome de nada.
Paulo completa a representação recordando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que naquela memorável noite a entrega de Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente num pão e num vinho que convertem em alimento o seu Corpo e o seu Sangue para todos os que queiram recordá-lo e esperar a sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristia, a mesma que o governo socialista tenta a todo o custo fazer entender aos cidadãos que o elegeram em nome da prosperidade e da fé no futuro. Apesar da traição óbvia e do desapontamento de um povo açaimado pelos próprios medos, o governo e o partido que o sustenta, teima em fazer passar a mensagem eucarística de que no final dos tempos voltará para devolver a abundância, o país sem desemprego, a fé em dias melhores.
Também Sócrates e o séquito se consideram messiânicos no sentido em que julgam poder fazer perdurar para além do tempo a mensagem fatal com que enganaram toda a gente.
No final podemos concluir que o Sebastianismo foi recuperado pela classe politica actualmente a exercer o poder e que esta forma de pensar tão portuguesa tem origem bíblica pelo que não é de admirar que amanhã um qualquer salvador da Pátria ressuscite – vide exemplo de Cavaco Silva – e se multiplique em pão e vinho e que os dias de abundância prometidos sejam remetidos para o final apocalíptico dos tempos.
Nós todos somos o cordeiro pascal a sacrificar à gula, à incompetência e à demência de uma clique de loucos que nos gosta de espoliar sobretudo da nossa dignidade.
Não é tempo de reflectirmos em exemplos da história e promovermos o assassinato como arma legítima para acabar com estes “Santos dos últimos dias”?
P.S. o meu agradecimento à minha querida amiga Maria do "Lua de Lobos " http://luadoslobos.blogspot.com/ pela referência ao texto.
9 Comentários:
texto brilhante como sempre nos habituaste.
Nunca ninguem falou com tanta razão.
xi
maria de são pedro
Um texto muito bom e extremamente esclarecedor.
Bom carnaval
:)
dá que pensar este texto e faz-me lembrar as minhas aulas de português em alguns pontos.um bom carnaval ;)*
Oh! amigo, posso?
Eu é que peço desculpa, sou uma pessoa, reconheço agora, com a personalidade alterada, estou mais agressiva, tambem tenho sido alvo de comentarios, às vezes a tocar o ofensivo, na medida em que não respeitam o canto de cada um, isto é o meu cantinho por direito, eu adorava que tivesse um misto de alegria e humor, como eu era dantes, mas não está facil...neste momento estou a sofrer e, não tenho que dizer que não estou, tenho que sentir...entende?
Às vezes estes, digamos, desencontros, trazem beneficios...
Eu ja estou a recolher um de si (um mimo que não estava à espera)
espero que tambem aceite as minhas desculpas.
Um abraço
10:06 PM, Fevereiro 26, 2006
Zézinho desculpe ser assim, mas estou esgotada, logo à noite volto
porque como já lhe disse é um local que muito me agrada passear e ler calmamente.
Zé
Magnífico texto. Tens uma escrita ILUMINADA.
E sem dúvida já e tempo para reflectirmos em exemplos da história.
Tens toda a razão.
Bravo!
Um beijo
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Não tenho palavras para te comentar.
Um texto que apela à nossa reflexão no minimo, Sublime.
eh pah, gente! qu'isto assim em itálico não consigo ler nada...
Um texto para além de excelente adaptado ao momento. Um bjo e uma boa semana
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