terça-feira, dezembro 6

Carta de separação

Querida Susana:

Eu sei que o conselheiro matrimonial disse que não deveria haver contacto entre nós, durante o nosso período de "acalmia", mas eu não consigo aguentar mais.
No dia em que me deixaste, eu jurei que nunca mais te dirigia a palavra. Mas isso era só o rapazinho magoado dentro de mim a falar.
Ainda assim, eu nunca quis ser o primeiro a avançar.
Na minha fantasia, eras sempre tu que voltavas a rastejar para mim.
Acho que o meu orgulho precisava disso. Mas agora vejo que o meu orgulho me custou uma série de coisas. Estou farto de fingir que não preciso de ti. E já não me importo de fazer má figura. Não me interessa qual de nós dará o primeiro passo, desde que um de nós o dê.
Talvez seja altura de deixarmos os nossos corações falarem mais alto do que a nossa dor.
E isto é o que o meu coração diz...
Não há ninguém como tu, Susana.
Eu procuro-te nos olhos e seios de cada mulher que vejo, mas elas não são como tu. Não chegam sequer aos teus pés.
Há duas semanas encontrei uma mulher no bairro alto e levei-a comigo para casa. Não digo isto para te magoar, mas apenas para ilustrar a profundidade do meu desespero.
Ela era nova, talvez 17, com um daqueles corpos perfeitos que só a juventude e talvez a infância passada em patinagem podem dar. Quer dizer, um corpo perfeito. Mamas que não dá para acreditar e um rabo tipo carapaça de tartaruga, redondo e rijo. O sonho de qualquer homem, não é? Mas enquanto estava sentado no sofá a ser chupado por esta jovem deslumbrante, eu pensei, vejam só aquilo que consideramos importante nas nossas vidas...
É tão superficial. O que é que um corpo perfeito significa? Será que a torna melhor na cama? Bem, neste caso, sim. Mas estás a ver onde quero chegar? Será isso que a torna uma pessoa melhor? Será que ela tem um coração melhor do que a minha, moderadamente atraente, Susana? Duvido. E nunca tinha pensado nisso antes.
Não sei, talvez esteja a amadurecer um pouco.
Mais tarde, depois de lhe ter despejado uns decilitros de iogurte na garganta, dei por mim a pensar...porque é que me sinto tão vazio? Não era apenas a sua técnica perfeita e a sua fome de sexo e luxúria, mas algo diferente.
Um sentimento de perda.
Porque é que me sentia tão incompleto? E então apercebi-me.
Não senti a mesma coisa porque tu não estavas lá, Susana.
Percebes o que quero dizer? Nada significa nem tem o mesmo sentido sem ti. Por amor de Deus, Susana, estou a enlouquecer sem ti. E tudo o que faço me lembra de ti.
No sábado, a tua irmã passou cá com uma ordem do tribunal que me proíbe de me aproximar de ti.
Quer dizer, a Paula, tua irmã, tem-me dado excelentes conselhos acerca de ti e das mulheres.
Ela está mesmo empenhada em que fiquemos juntos.
Então, numa destas ocasiões, pusemo-nos a beber uns copos dentro de uma banheira de espuma e a falar de tempos mais felizes.
Aqui está uma adolescente que tem o mesmo adn que tu e eu só consigo pensar no quanto ela se parece contigo quando tu tinhas 18 anos.
E isso quase me faz chorar. E afinal descubro que a Paula gosta mesmo de toda aquela cena anal, o que me faz lembrar o número imenso de vezes que te pressionei para experimentares e que isso talvez pudesse ter alimentado o azedume entre nos.
Mas será que consegues ver que, mesmo quando estou a bombar dentro do anal castanho da tua irmã, tudo o que consigo fazer é pensar em ti? É verdade Susana.
E no fundo do teu coração, tu sabes disso. Não achas que podíamos começar de novo?
Acabar com as amarguras, com os ódios e começar tudo do zero?
Eu acho que podemos.
Se sentes o mesmo por favor, por favor diz-me....não consigo continuar assim.
Eu estou uma desgraça.
Procuro em todas as mulheres aquilo que só tu tens e que eu não sei dizer o que é....

Preciso de ti. Volta...

De: João
(recebido por e-mail)

4 Comentários:

Às 06 dezembro, 2005 18:15 , Anonymous Anónimo disse...

Bom, esse ainda se despediu...eu vou sempre comprar tabaco e ...não volto. LOL

 
Às 06 dezembro, 2005 20:32 , Blogger Su disse...

gostei da lógica desse homem:))
jocas maradas

 
Às 06 dezembro, 2005 22:54 , Blogger Fragmentos Betty Martins disse...

Peter

Bom... que posso dizer: pobre João :)))

O melhor é a receita do Zé - ir comprar tabaco e não voltar!

Beijinhos

 
Às 06 dezembro, 2005 23:13 , Anonymous Anónimo disse...

O João está mesmo a precisar de terapia... O Zé tem razão! Beijo

 

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