sexta-feira, novembro 4

Resposta ao artigo: “A tirania das televisões e o terrorismo de estado “

“O Mundo irreal criado pelas televisões e a cultura do medo a este associado passaram a fazer parte de um quotidiano cada vez mais distante da dignidade de ser Humano”
Esse mundo irreal que referes é criado pelos jornalistas e o cenário que retratam é a realidade com que o mundo se debate.
O terrorismo é uma realidade. Que o digam aqueles que já o sentiram na pele, ou que perderam entes queridos, mortos em nome da “grandeza de Alá”, porque tanto a ETA, como o IRA, já enveredaram pela via do diálogo com os governantes democraticamente eleitos.

São factos:
“A ameaça sempre presente do despedimento, a falta propositada (?) de trabalho, contratos precários que não ligam efectivamente o funcionário à entidade patronal, a despesa sem controlo por parte daqueles e daquelas a quem cegamente elegemos, são factores importantes que castram a nossa capacidade de intervenção.”

É forçado o emprego da palavra “terrorismo”, quando referes:”O fenómeno "terrorismo" é hoje praticado pela generalidade dos estados contra os seus próprios povos.É pelo terror que governam, é com o terror que condicionam as nossas vidas.”
Não é “terrorismo”, é “autoridade” e sem ela temos a “anarquia” e, quanto a esta:
“Não, obrigado”
”Não contentes com este fenómeno os estados promovem outros. A exclusão social, a divisão das pessoas em castas, a promoção de conflitos étnicos, religiosos, de opções são mais alguns dos fantasmas com que conduzem as políticas de intimidação.”
A condição inferior da mulher, a divisão em castas, a extrema miséria das massas perante o luxo insultuoso em que vivem os dirigentes, são características dos países de onde os terroristas actuais são naturais.

Concordo com o que dizes sobre o neo-liberalismo. Claro que não concordo com o Eslanimismo, embora aceite um comunismo de “rosto humano”, coisa que o PCP nunca aceitou, apodando-os de “revisionistas”.
Prefiro Gramsci a Staline. Sempre preferi.
Assim como concordo, quando dizes:
“Pensar tornou-se cada vez mais um acto que não se pratica. A música, os livros, o cinema, a televisão são-nos impostas por uma espécie de anti-cultura que retira a dignidade a que temos direito. Cabe a cada um de nós tomar conhecimento desta tirania do mal.”

O final é tipicamente anarquista, que, como sabes, só é viável em pequenas comunidades, tipo Rio-de-Onor, ou nas dos hippies dos anos 60.”A desobediência civil, a recusa do pagamento de impostos que são na verdade um roubo cometido em nome do bem comum. Porém, se recuarmos um pouco no tempo, verificamos que aldeias comunitárias de que ainda restam alguns exemplos em Trás-os-Montes, são na realidade versões e opções de vida bem mais justas.A mudança é possível. Cabe a cada um de nós fazer a diferença.”
Como?
Onde íamos buscar o dinheiro para o país funcionar? Aos bancos? Rapidamente se gastava.
Aos ricos? Quando fossem à procura deles já tinham todo dinheiro em contas off-shore.
Numa economia global, manobrada pelos EUA, a quem vendíamos o que produzíamos? A Cuba e à Coreia do Norte?

Sonhar é fácil. A realidade é uma coisa muito diferente. Infelizmente …

Nota: Discutir estes problemas é salutar. Cada um é livre de manifestar as suas opiniões. Sempre foi assim aqui no blog.

13 Comentários:

Às 04 novembro, 2005 01:19 , Anonymous Anónimo disse...

peter parabéns de novo pelo excelente post que escreveste. vou ler de novo e comentar a seguir
ana

 
Às 04 novembro, 2005 01:33 , Anonymous Anónimo disse...

achei um texto bem real, de pés assentes na terra, sabia? É bonito falar em sonhos, em mundos irreais, enquanto sentados no conforto das casas, apenas vemos as imagens na tv. nós é que vivemos no mundo irreal, o real é esse que os jornalistas retratam, incluindo aqueles que também correm risco de vida no meio das guerras para trazer até nós a notícia.
peter, eu não chamo terrorismos nem só autoridade, eu ainda chamo também de regras de viver em sociedade. se cabe a cada um de nós fazer a diferença (poxa, que frase tão linda, tão utópica, não?) essa diferença não é ficar mergulhado de cabeça nos sonhos é partir para a realidade e fazer algo fisicamente. pergunto ainda o que cada um de nós aqui, já fez para mudar o mundo?

não escrevi mais, porque seria demais pra mim, só queria deixar my 2 cents, não vá o zé achar que eu tenho titica de galinha (sem gripe) na cabeça, só porque não me deleito com o que ele escreve. eu gosto mais dos posts do peter.

ana

 
Às 04 novembro, 2005 01:41 , Blogger Peter disse...

Ana, o Zé tem as suas opiniões, eu tenho as minhas. Não é isso que nos impede de fazer o blog conjunto, no qual a bluegift, principalmente pelo apoio tecnico que nos dá, tem parte importante, para não dizer fundamental. Tem o tempo ocupado, pois como já constatei muitas vezes, os portugueses, fora de Portugal, trabalham mesmo no duro. Não vou aqui analisar os motivos, porque são horas de ir para a cama.
Obrigado pela sua preferência pelo nosso blog.

 
Às 04 novembro, 2005 01:51 , Anonymous Anónimo disse...

peter as opiniões são como as vaginas: dá-as quem quer e como quer. a liberdade de expressão é mesmo isso.
alguma vez questionei alguma coisa do vosso blog, para me dar essa explicação? eu já o acompanho há muito tempo para saber como ele funciona.
ana

 
Às 04 novembro, 2005 02:04 , Blogger Peter disse...

ana, ainda cá voltei, depois de já ter desligado o PC.
O "terrorismo" é um facto como foi a "guerra fria". Vamos ter que viver com ele largos anos. É dirigido contra a população civil em especial e de molde a causar o número mais elevado de vítimas possível. O seu objectivo é desestabilizar e afirmar o seu poder.

O termo "autoridade" é antiquado e tem conotações fascistas, concordo. De acordo com "regras de viver em sociedade", mas terá que haver quem as ensine e quem vele pelo seu acatamento.

 
Às 04 novembro, 2005 08:46 , Blogger Nilson Barcelli disse...

PETER:
Não vou comentar directamente o conteúdo do post, porque ele aborda o tema em várias direcções.
Para além disso não li todo o artigo a que respondes.
O que eu tenho para dizer é o seguinte:
Não adianta em Portugal discutir com seriedade detalhes da sociedade, dos jornalistas, dos juízes, dos políticos, etc., etc.
Vamos sempre dar ao mesmo: com raras e honrosas excepções (que confirmam a regra) é tudo muito mau, sem qualidade, sem honestidade (incluindo a intelectual), etc., etc.
Aquilo que realmente se passa é que a sociedade portuguesa em geral (isto inclui o povo que somos) está doente. Mas essa doença não é nova. Talvez tenha mesmo alguns séculos. Somos tristes, negativos e medíocres. A culpa é sempre dos outros. Não temos atitudes positivas. Somos desonestos (quem é que, podendo, não foge ao fisco, por exemplo? Ou paga a TV Cabo?).
Daí que o resultado de tudo isto seja termos os jornalistas (e as empresas respectivas) que merecemos, os políticos, os juízes, os professores, etc., etc.
O contrário é que seria muito estranho...
Abraço

 
Às 04 novembro, 2005 10:06 , Anonymous Anónimo disse...

Bom dia Peter.
Vejo que alguém que teima em não se identificar - o que por si só é um acto indigno - diz não concordar com o que escrevo. Talvez nem se tenha dado ao trabalho de ler o que escrevi. No essencial parece-me que tanto tu como eu, estamos de acordo. Se por um lado uma sociedade tipo comunitário parece ser para já inatingivel, não é menos certos que as utopias só o são até deixarem de o ser.
Por isso achei que lançar o debate em torno da tirania das televisões me pareceu importante.
Sem dúvida que as tuas achegas deram um magnífico contributo ao debate que alguém que se esconde atrás do anonimato, cobardemente tentou desviar.
Eu pelo menos dou a cara. Parece-me que todos os nossos leitores sabem quem sou, o que faço e têm inclusivamente acesso a nºs de telefone meus, bastando para isso clicar no jornal onde trabalho e ver a ficha técnica. A "senhora" anónima - que não é tanto como julga - nem sequer assina. Ao contrário do que diz, não precisa de criar um blogue. Basta-lhe no final assinar o nome.
Porém, todos os seres menores e baixos, ressabiados e sem ponta de dignidade, fazem coisas semelhantes.
Por mim, pode a "brilhante" mente ir para o raio que a parta!

Voltando ao que interessa: será de facto que uma sociedade Anarquista é impossível? Será ainda que Gandhi não provou que a resisitência pacífica pode produzir excelentes resultados? A desobediência civil pode e deve ser uma arma a usar.

 
Às 04 novembro, 2005 10:13 , Blogger Peter disse...

Meu caro Nilson, estou plenamente de acordo contigo e só não cito a análise que o Eça e o Ramalho Ortigão fazem nas "Farpas", por tu certamente bem a conheceres. Ela retrata a sociedade portuguesa do sec XIX, que é igual à do sec XXI. Não aprendemos nada.
Está um lindo dia de sol aqui em Lisboa.
Um bom fds com um abraço meu e um agradecimento pela seriedade da tua resposta.
Tenho que te dar razão, tudo isto é mesmo para rir ...

 
Às 04 novembro, 2005 10:18 , Anonymous Anónimo disse...

Acrescentando só uma coisa ao comentário do Nilson, já dizia Afonso da Maia ao seu neto Carlos para seguir medicina que estaria a praticar um feito patriotico uma vez que portugal era um país doente e de doentes..., acho que era mais ou menos isto se não estou em erro. Bom fim de semana a toda a equipa.

 
Às 04 novembro, 2005 10:33 , Blogger Peter disse...

Meu caro zezinho:
Não podia, num simples coment, escalpelizar o assunto, daí ter optado pela escrita do artigo.

Podia accionar a opção de obrigatoriedade de identificação, mas não o faço, pois aqui há liberdade de expressão. Cabe a cada um fazê-lo com seriedade e construtivamente.

Quanto à parte final do teu comentário, que é o que verdadeiramente interessa:
- penso que uma "sociedade anarquista" não é viável no mundo actual, apenas em pequenos núcleos populacionais, como os que citei. Sabes bem que o Mundo de hoje é uma sociedade global sob a hegemonia de uma única grande potência;
- o caso Gandhi, não se enquadra aqui. Ele actuava dentro do seu País, com o inteiro apoio da enorme massa dos seus concidadãos, lutando contra os ocupantes estrangeiros. É a luta global de um povo contra o opressor estrangeiro. É muito diferente.

Está um belo dia de sol.

 
Às 04 novembro, 2005 10:39 , Blogger Peter disse...

Maria Taveira, obrigado pela tua intervenção, aliás muito a propósito:

"Afonso da Maia ao seu neto Carlos para seguir medicina que estaria a praticar um feito patriótico uma vez que portugal era um país doente e de doentes...,"

Bom fds para ti também.

 
Às 04 novembro, 2005 11:18 , Anonymous Anónimo disse...

zé, parece que não lê tudo até ao fim, pois não vê que eu assino os meus comentários como sempre o fiz.
sou uma leitora do vosso blog há algum tempo, e não me escondo atrás de anonimato. a não ser que estejam à espera que eu coloque nome copmpleto, morada, telefone e bilhete de identidade, para deixar de ser anónima. ter um blog identifica tanto como ter o meu nome Ana, assinado sempre no fim dos meus comentarios.

desculpem o desvio do assunto, mas é preciso explicar o que é ser anónimo e o que não é.

ana

 
Às 04 novembro, 2005 11:22 , Anonymous Anónimo disse...

peter, dissemos o mesmo, eu só usei mais uma palavra. para boa vivência em sociedade tem de existir o cumprimento das regras de relacionamento dos indivíduos e quem obrigue ao seu cumprimento, esses serão os que t~em a tal autoridade.
o terrorimo sempre existiu, embora sob outros nomes e formas.

ana

 

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