INDO(LO)RES
Já nem o silêncio dói. Espartilhou-se em prostração e vácuo.
As insonoridades voláteis de um apito suburbano não passam agora de pequenas interrupções no nada.
O corre-corre quase acéfalo, direccionado por apelos mais do estômago que do coração a obrigar o rebanho a deslocar-se massivamente sabendo cada uma das ovelhas qual é o local de sacrifício. Em troca, cada uma delas recebe misérias, troças, falsas atenções e a certeza da humilhação.
[O julgamento precipitado de uma quimérica existência foi agora substituído pela certeza impoluta – e absoluta – da inexistência.]
Recorrente, esta inexistência que se pauta por letras perdidas em alvas folhas.
Pequenas bátegas de água molham um solo seco, coberto de penugens também elas secas. A falsa sensação de terra molhada. Quase à superfície tudo agoniza. Solos, pessoas e sonhos.
[Jamais foi permitido sonhar], e eu sei que sim. Os homens já não nascem meninos.
Já nem o silêncio me dói. Desfez-se na confrontação com o espelho. Ambos se estilhaçaram em pedaços mil. Sobrevém o nada.
Do vazio, a certeza.
Do nada, o esquecimento.
Do esquecimento a certeza da inexistência.
Da inexistência o fim que nunca o foi, pois jamais houve princípio. Tudo não passou de miragem.
17 Comentários:
"Da inexistência o fim que nunca o foi, pois jamais houve princípio. Tudo não passou de miragem."
Existimos?
Eu já lhes tratei da saúde! Era o que faltava virem pr'aqui conspurcar este teu belo texto.
" Ás vezes podemos passar anos sem viver em absoluto, e de repente toda a nossa vida se concentra num só instante." Oscar Wilde
Sou da opinião que uma grande parte das pessoas não vive, apenas existe...
Cá estou de novo, de regresso ao cantinho dos amigos e amigas, a agradecer as palavras deixadas no "Beja". Foram uns dias maravilhosos onde só faltou a tua presença. Espero que possas arranjar uma oportunidade e fazer uma visita a Alvito onde tanto há para ver.
Confunde-nos um olhar (como se fosse) somente houve o sentir!
Como um reflexo que nos consumisse a essência das vozes, ritmadas com a melancolia de outros "mundos" a urgência da existência do sonho. Para que o brilho da vida não se estilhasse a nossos pés, como um simples vidro.
Um beijo
Bom não sei como é que estou em Anonymous!!? por isso vou repetir o post :)
Confunde-nos um olhar (como se fosse) somente houve o sentir!
Como um reflexo que nos consumisse a essência das vozes, ritmadas com a melancolia de outros "mundos" a urgência da existência do sonho. Para que o brilho da vida não se estilhasse a nossos pés, como um simples vidro.
Um beijo
insonoridades, inexistências, vazios, esquecimentos, nadas, miragens. As palavras que sempre relemos na tua prosa, para não variar.
ana
Temos apaixonada (s)
rsrsrsrs
Sr anónimo, se se está a referir a mim, digo que não pode estar mais enganado, limitei-me a comentar com as palavras que leio sempre nos textos do autor: são quase sempre as mesmas, vire de um lado ou do outro.
ana
gostei de ler-te
jocas maradas, sempre
Não, anónima ana. A cara é que enfiou a carapuça. Mas não era para si. Era mais para cima e para baixo.
Talvez porque estou mais atento do que o/a(?) anónimo (a?) questiono-me se a vida não será exactamente tudo isso que escrevo. É um tema recorrente, sem dúvida. Porém, se houver alguma atenção à leitura talvez - se tiver cpacidade para isso - consiga ler para além daquilo que agora consegue apreender. Ou será falta de capacidade para ir além do óbvio?
Caríssimo "zezinho"/"letrasaoacaso":
não fui eu que questionei a sua escrita. Muito pelo contrário. Elogiei-a num outro comentário.
Se reflecte a vida? Reflecte, pois!
Eu apenas tenho comentado o óbvio... e esse óbvio não está na sua escrita...
Grato pelo esclarecimento.
Estou cá para o esclarecer
zé, parece que essa sua resposta seria então para mim, mas eu não questionei a sua escrita, apenas li as palavras que sempre utiliza e eu sou atenta à sua escrita e não apenas a ela. a vida é muito mais do que palavras que iludem, mas estou como o Sr anónimo, eu vejo o óbvio e esse está para além da escrita.
Sr anónimo, eu respondi porque o seu comentário veio logo após o meu.
ana
Eu havia feito um comentário aqui. Onde terá ido parar?
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