CAFÉ COM LETRAS
[O sair da concha pequenino, pequenino e ver-me num repente entre seios de mamilos erectos, duros, prenhes de desejos é a dádiva suprema] enquanto as alças da camisa de noite vão caindo displicentemente deixando antever um sulco longitudinal que parece dividir o corpo em dois, mas ao mesmo tempo dando-lhe a consistência da indivisibilidade e da unificação plena parece fazer de mim homem grande com sentires in – conscientes que me levam a tactear-te.
[Nunca lias as minhas cartas inflamadas], – não, não lia porque me eram subtraídas, mas lia-te em todos os lugares onde letras hajam e que sei sempre serem apenas tuas por seres inconfundível na forma de as tratares.
A nudez de corpo mal se pode comparar à nudez de alma e multisensações que despertas todas elas mais intensas do que tudo o que tenho tomado conhecimento até agora.
[A voz escoa-se e quase se perde no vácuo de tão baixa, de tão baixa] o que me leva a um tremendo exercício de imaginação quase hercúleo, dando ao ouvido uma outra dimensão da capacidade auditiva, já que te sinto gemer levemente nome, arfares e desejos agora não-escondidos.
Sei-te a ouvir pequenos seres alados que chilreiam nas velhas oliveiras suportadas por troncos distorcidos pelo peso centenário da intemporalidade, algures Alentejo ou talvez não porque os lugares dos amantes não são possíveis de colocar em cartas geográficas, mas em cartas imateriais com lugares invisíveis só conhecidos por aqueles a quem a morte não consegue roubar amores antes os tornando imorredouros.
[O vento lá fora está tremendo, arremessando-se contra as janelas ameaçando estilhaçá-las em milhões de partículas vítreas] ao mesmo tempo que traz voz – a tua – corpo/desejo, deslumbrante na perfeita nudez de alma e roupagens abandonadas ao sabor do movimento das correntes quentes e frias num quase tornado impossível por estas bandas inventado por mim, para num rodopio te trazer inteira, apostando na fusão dos nossos “eus” [as alças colaborantes acabam de cair revelando-te seios e que ainda há pouco eram apenas um sulco com duas elevações que somente podia adivinhar] ao mesmo tempo que o desejo cresce [a camisa acaba por cair no chão] e nós nos enrolamos nas ervas com sabores de terra e tons acastanhados num crepúsculo adivinhado num cair de tarde, em que o lusco-fusco faz do dia e da noite nem uma coisa nem outra.
Fica a voz quase inaudível.
[Agora já sem concha, ainda assim pequenino, pequenino]
11 Comentários:
Inconfundível é a forma de tratares as palavras! Verdade!
Viajo
nas tuas palavras
e
o vento
sopra-me aos ouvidos
voz
vibrante mas...
suave
um aroma
a
café
espalha-se no ar
Um beijo grande
como sempre é um prazer ler-te nesso sussurro das letras fica a voz..:)
jocas maradas cheias de vento
Dificil comentar este post, pois tu acabas de dizer tudo o que se pode escrever. Simplesmente magnifico. Obrigada pela visita e claro que podes por me referenciar por Angela, pois e o meu nome. Beijinhos
Sinto, como dantes, a mesma inspiração! E como dantes o mesmo Homem-poeta-criança à espera de algo chamado Amor...que tarda e parece não vir nunca [pelo menos vir...para ficar!]
Palavras para quê? Já as pintaste com ousadia e proeza suficientes! Beijinho * :)
Não tenho nada a comentar, apenas brindar ao sucesso que o nosso colaborador e amigo tem junto das nossas leitoras.
Eis que chego ao meu destino de leitora expectante, saiem sons do teclado e eu aguardo pelo resultado final . Felicidades.
Belissimo este texto, já te o disse da primeira vez que o li. Sabe sempre bem reler-te.
So posso dizer... PERFEITO!
Abracicos!
lazuli, sempre gentil, mas a noite ainda é uma criança.
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