A ilusão da riqueza
“Assim nasceu o monstro do défice – alimentado pela dívida pública e pela dívida privada. Nas eleições legislativas de 91, Cavaco Silva bateu-se por um segundo mandato na chefia do Governo. Em plena campanha, deixou um aviso. Cito de memória: sem mim, não vão poder continuar a comprar frigoríficos e vídeos. Ameaçou com o dilúvio o fim do crédito ao consumo. Os eleitores deram-lhe ouvidos e nova maioria absoluta. Ontem, Passos Coelho disse que os portugueses têm de empobrecer mais. O primeiro-ministro liquidou a ilusão do cavaquismo.”
(Coluna “Correio directo” assinada por Manuel Catarino, subdirector do jornal “Correio da manhã “ e publicada no dia 26/10/2011.)
Não foi só a facilidade de crédito concedidas pelos bancos e que os portugueses gastavam na compra de casas, de carros e de viagens. A oferta de crédito, tal como agora acontece com a compra de ouro, aparecia na imprensa na TV e em murais. Aparecia por todo lado e os portugueses não se mostravam rogados e utilizavam esses créditos menores, para a compra de roupas de marca e para operações plásticas. É espantoso o aumento do número de mulheres que apresentam seios dignos de se ver e que elas mostram para nossa satisfação.
Infelizmente a compra de ouro, que fez disparar os assaltos pela facilidade com que se desfazem do roubo, é o que ainda permite a muitos dos nossos milhares de desempregados irem sobrevivendo por uns tempos.
2 Comentários:
Há um grande equívoco na ideia de que os portugueses vivem acima das suas posses por causa do crédito individual.
Quem vive do crédito são as pessoas que trabalham para o estado e para as empresas publicas - que pedem empréstimos para pagar os ordenados dos seus empregados. Se todas estas pessoas ganhassem o ordenado mínimo, já não seria preciso pedirem empréstimos, não é?
Mas não só; o nosso nível de vida resulta dos investimentos do Estado e dos serviços prestados pelo Estado - financiados com recurso a crédito.
Por isso, vivemos todos do crédito, tanto mais quanto mais ganhamos.
E não há problema nenhum nisso. O problema não está aí, está no valor dos juros.
é como se os bancos se concertarem para passarem a cobrar 33% de juros pelos empréstimos para compra de casa própria.
Claro que este equívoco não surge por acaso, foi lançado de propósito
Muito a propósito este post.
Estás equivocado, não sou eu que o estou. Dizes:
"o nosso nível de vida resulta dos investimentos do Estado e dos serviços prestados pelo Estado - financiados com recurso a crédito"
Conheço pessoas que não necessitam de investimentos do Estado, nem dos serviços prestados pelo Estado e que estão na miseria, ou dependentes de familiares.
E ainda:
"Quem vive do crédito são as pessoas que trabalham para o estado e para as empresas publicas - que pedem empréstimos para pagar os ordenados dos seus empregados."
Se tiveres uma fábrica de camisas que não consegues vender devido à deflação, onde vais buscar o dinheiro para pagar aos empregados?
03 Novembro, 2011 13:04
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