A minha terra
Hoje fui à terra onde nasci. Será que posso dizer “a minha terra” quando passei nela só uma pequena parte da minha vida? Encontrei apenas uma pessoa conhecida, os outros estão a fazer companhia aos meus familiares, no cemitério da vila, ou dispersaram-se por esse mundo. A sensação que tive, não foi de saudade ou de recordação da infância ali passada, foi de estranheza, nada havia a recordar. Talvez o meu mundo seja agora o irreal, nomes verdadeiros, ou falsos, que desfilam por este ecrã.
Uma vez por mês, almoço com uns quantos camaradas do meu curso, dos poucos que restam, lá vão aparecendo 6 ou 7. Mas as conversas giram sempre em volta dos mesmos temas: as doenças e a política. Por isso eu limito-me a escutar, porque nada tenho a dizer. Felizmente nada de grave me aflige e, quando aparece, tenho uma grande capacidade de “encaixe”. Quanto à política, sou um “tolerado”, porque todos continuam no passado.
É por isso que “a minha terra” é o bairro onde moro, onde tenho o café onde vou e sou servido por brasileiras já conhecidas e com quem converso, bem como o senhor António da drogaria, a menina onde compro o jornal, a farmácia que é um local de ida frequente, especialmente da minha mulher e onde trabalha um rapaz que por estranha coincidência trabalhava numa das duas farmácias existentes na terra onde nasci e a personagem mais importante: o sr Ulpiano, que com os seus 94 anos parece um jovem e continua como sempre a dirigir a sua “Seara Nova”.
2 Comentários:
"casa onde caibas, terra quanta vejas..."
abraços
heretico
O dr. Ulpiano, com os seus 94 anos por aqui anda todo direito. Vai à papelaria ver como se vende a sua "Seara Nova".
Abraços,
Peter
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