Tiro no porta-aviões
“Em vez de andar entretido a ouvir listas intermináveis de pessoas para saber se a liberdade de expressão está em causa em Portugal, o Parlamento devia parar para se questionar a si próprio.
Subitamente, os senhores deputados acordaram para os mistérios que envolvem os negócios da Defesa e querem apurar as estranhas razões que nos levaram a desculpar quem nos vendeu submarinos e não cumpriu as contrapartidas prometidas. O negócio foi acordado em 2003 e nestes sete anos o Estado português perdeu milhões, mas fechou os olhos. Muitos sabiam e muitos calaram-se. Ninguém se lembrou de fazer comissões de inquérito e o Parlamento, que é suposto fiscalizar, dormiu sobre o assunto.
Agora, porque na Alemanha se dorme menos, uma investigação de uma revista apanhou alemães nas malhas da corrupção e Portugal levantou o sobrolho.
Se alguém corrompeu, alguém foi corrompido.
Se alguém ganhou com o negócio do lado de lá, alguém deve ter ganho alguma coisa do lado de cá e os senhores deputados, indignados, querem fazer à pressa uma comissão de inquérito.
Esperemos que não levem meses a ouvir listas intermináveis de responsáveis em intermináveis sessões inconclusivas. E esperemos, sobretudo, que não aconteça o costume: descobrem-se os corruptos do lado de lá da fronteira e do lado de cá a culpa morre solteira.”
(Ângela Silva, in “Página 1” de 08/04/10)
Nota – Por motivos particulares, não me tem sido possível dar a minha habitual colaboração ao blogue, nem visitar os amigos, o que lamento.
3 Comentários:
O primeiro problema é que os nossos políticos e economistas não há maneira de perceberem como o Mundo funciona.
Os outros países qd fazem compras pagam com os recursos do pais. E quem quer vender que se amanhe. En caso algum um Estado faz compras em dinheiro!!!
Ou seja, nós, para comprar os submarinos, deveriamos pagar com sapatos, texteis, vidros, azeite, enfim, aquilo que produzimos; em vez disso parece que andamos a negociar contrapartidas tecnológicas sujeitas à aprovação dos alemães!
E em caso algum deveriamos entrar com dinheiro, os alemães é que deveriam estar aflitos por só terem 30 ou 40% das contrapartidas porque isso significaria que ainda lhes faltaria receber o restante.
É assim que se fazem os negócios em toda a parte excepto em Portugal. O Mira Amaral ainda tentou explicar isso quando era ministro mas mandaram-no calar - e está-se mesmo a ver porquê: é preciso fazer circular dinheiro para que algum fique em certos bolsos!!!
Numa certa altura em que eu me dedicava a actividades empresariais, quem queria vender para o estado grego já sabia que seria pago em fardos de feno; e era pegar ou largar. Por alguma razão o PIB per capita grego é hoje 150% do português...
alf
Submarino ao fundo:
"O Mira Amaral ainda tentou explicar isso quando era ministro mas mandaram-no calar - e está-se mesmo a ver porquê: é preciso fazer circular dinheiro para que algum fique em certos bolsos!!!"
abraços
gsotei de ler.
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