Indiferença é culpa
“Ernâni Lopes tem dedicado os últimos anos a alertar os portugueses para o risco de definhamento da nossa economia. Nos últimos dias, subiu de tom e alertou para os riscos de definhamento da nossa sociedade.
Para isso contribui, diz o professor, a proliferação da cultura da chamada ‘chico-espertice’. Mesmo quando esta se fica pela mera promoção da incompetência, em detrimento do mérito, pela sobreposição dos interesses individuais aos colectivos, ela age em si mesma como antídoto do desenvolvimento.
Quando passa a chamar-se corrupção*, deixa de ser ameaça. Torna-se elemento destruidor da riqueza e veículo activo do empobrecimento colectivo. Elimina a racionalidade económica, vicia a concorrência, premeia a ineficiência, impede o regular funcionamento do mercado.
Quando olhamos para a rede tentacular de interesses instalados nas nossas empresas (as empresas públicas são de todos nós!), quando assistimos, impávidos, ao preenchimento dos seus lugares de chefia por critérios de mero companheirismo partidário, acabamos cúmplices da teia.
A operação ‘Face Oculta’ mostra uma nova ponta do mesmo ‘ iceberg’, cuja face encoberta pode bem chamar-se financiamento partidário. São demasiados os casos na Justiça. Mas, porque são muitos, não podemos perder a capacidade de nos indignar.
A indiferença é culpa. Há dez anos ainda éramos capazes de clamar: ‘No jobs for the boys!’”
(Graça Franco, in “Página 1” de 04/11/09)
* “ a corrupção não é um exclusivo de Portugal ou de países menos desenvolvidos. O problema é que, em Portugal ao contrário de outros países, a corrupção fica tradicionalmente impune. Esta é a diferença, que importa eliminar.”
(Francisco Sarsfield Cabral)
6 Comentários:
E como eu estou de acordo com o que é afirmado neste post.
Deixarmos de ser chico-espertos é a principal mudança que a sociedade deveria impor a si própria.
A corrupção está-nos no sangue... começa para quase todos nas pequenas coisas e acaba, para alguns (ainda bastantes), na grande corrupção.
Caro amigo, desejo-te um óptimo fim de semana.
Abraço.
Nilson
E estamos a consumir acima do que produzimos, tapando o buraco com empréstimos estrangeiros.
País inviável, adormecido por projectos megalómanos e preocupado em resolver prioritariamente problemas de minorias.
"Portugal tornou-se um país em que o rendimento está dissossiado do trabalho e em que a influência política está dissociada da responsabilidade da liderança."
Boa malha!
uma vergonha que enlameiam todos - pois toleramos. ou não reagimos quanto devíamos...
abraço
Se o ordenado destes senhores definhasse com o país, não teríamos chegado a este estado de coisas!
Somos demasiado pacificos...ou então estamos sempre à espera que nos "calhe" qualquer coisinha...
Kruzes Kanhoto
Devemos estar sempre à espera que nos "calhe" qualquer coisinha...
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial