sábado, outubro 31

Nada aprenderam


“A presente crise económica internacional teve origem em desvarios cometidos no sector financeiro. Na ânsia de um ganho rápido e chorudo, muitos gestores financeiros mostraram enorme imprudência na aplicação do dinheiro alheio. Por isso se disse, com razão, que na raiz da crise estiveram sobretudo falhas éticas.

Esperava-se que o susto e os prejuízos provocados pela crise levassem a mudar comportamentos e mentalidades. Infelizmente, não é isso que parece estar a acontecer. Com o regresso de alguns indicadores positivos, voltaram também os bónus e os salários mirabolantes, as indemnizações astronómicas pelas saídas, a falta de sensibilidade face aos que vivem mal.

Mesmo bancos salvos pela injecção de dinheiros do Estado estão a remunerar principescamente os seus altos funcionários. E o Citigroup e o Bank of America, por exemplo, pagam bónus extravagantes aos gestores, embora tenham dado prejuízo aos accionistas.
Aliás, os gestores dos dez maiores bancos de investimento receberam quatro vezes mais do que os accionistas lucraram em dividendos. Nada aprenderam.”

(Francisco Sarsfield Cabral, Jornalista, in “Página 1” de 30/10/09)

Afinal Presidente Obama, como é? Uma coisa que me chateia é ser enganado e vir para aqui enganar os outros.

11 Comentários:

Às 31 outubro, 2009 12:25 , Blogger João António disse...

Bem visto !

 
Às 31 outubro, 2009 16:16 , Blogger Nilson Barcelli disse...

No meu ponto de vista, a população mundial estava a viver acima do que produzia na realidade. O que alimentava a diferença era a especulação financeira.
A maneira mais rápida de sair da crise, isto é, voltar ao mesmo nível de vida (médio e global), é o regresso à especulação financeira.
O outro caminho, o mais sólido, é produzir mais e melhor e sem especulação. Mas isso leva tempo... e ninguém está disposto a esperar muito...

Os grandes salários e prémios não são relevantes, apesar de imorais.
O problema está no móbil dos incentivos, já que eles incitam os gestores aos resultados a qualquer preço, ou seja, à especulação.

Bom fim de semana.
Abraço.

 
Às 31 outubro, 2009 17:38 , Blogger Peter disse...

Nilson

Em 1º lugar as minhas desculpas pela minha longa ausência e o obrigada pelo teu comentário.

O que eu me referia no fim do texto do Sarsfield Cabral era a estas declarações do Presidente dos EUA, que aplaudi e até utilizei num "post", como exemplo a seguir pelos nossos políticos:

"A promessa de Barack Obama de maior transparência, justiça e emprego para todos começou a ganhar forma no seu primeiro dia como presidente dos Estados Unidos. Passando da teoria à prática, Obama chegou à Casa Branca e comunicou que ia congelar os salários de cerca de 100 colaboradores com um salário superior a 100.000 dólares por ano e reduzir para metade os"salários" dos executivos de todas empresas que o governo estava a ajudar"
(Será o caso do Citigroup e do Bank of America ?)

 
Às 31 outubro, 2009 18:27 , Blogger vbm disse...

Interessante o "insight" do Nilson: só por "ficção temporária" o consumo excede a produção; é o nosso caso e o dos Estados Unidos: importamos o que não produzimos e ficamos a dever a diferença; o mesmo na América: ficaram a dever à China! Se o governo americano mantiver a nacionalização da banca, - todos os PDG's baixaram para o nível de subordinados às ordens do Secretário de Estado do Tesouro -, o regime económico vira socialista. Deve ser por isso a resistência do patronato privado e seus gestores de topo.

 
Às 01 novembro, 2009 16:54 , Blogger Compadre Alentejano disse...

Esses bancos já se esqueceram que foram salvos da falência pela injecção de dinheiros públicos que, aliás, ainda não foram pagos, ou melhor, devolvidos...
O Presidente Obama terá que ter mão dura e fazer essa gente vegar...
Compadre Alentejano

 
Às 01 novembro, 2009 17:08 , Blogger Peter disse...

Compadre Alentejano

Olha, ao ver o que por cá se passa, eu já não sei quem manda em quem...

 
Às 01 novembro, 2009 18:00 , Blogger vbm disse...

Em pura relevação contabilística, os fundos colocados pelo Tesouro Público nos bancos privados falidos são créditos que deverão ou ser reembolsados ou integrados no Capital Social do banco. O abate dos prejuízos acumulados faz-se por redução do Capital Social, na proporção das partes detidas por cada accionista. Nestas condições, os bancos ficam nacionalizados ou participados (maioritária ou significativamente) pelo Estado. Pode também dar-se: o Estado vender aos privados as suas acções na banca. O mais provável, neste caso, é a venda ser bastante proveitosa para o comprador que assim reune condições para relançar o seu negócio. (Na Rússia, a privatização da indústria ao desbarato originou uma classe possidente milionária entre os compradores (e os decisores-vendedores, como é 'óbvio') das empresas públicas.

 
Às 01 novembro, 2009 19:57 , Blogger Manuel Veiga disse...

o Barack, claro - o "salvador"... rss

como bem dizes: quem manda em quem? fico aflito quando vejo alguem proclamar "moralidade" na economia...

abraço

 
Às 02 novembro, 2009 10:58 , Blogger Quint disse...

O que começa a despontar de novo por aí é a prova evidente de que quem manda é quem tem o dinheiro ou os meios para obrigar quem o tem no momento a chegar-se à frente. Mais nada.

 
Às 04 novembro, 2009 00:20 , Blogger APC disse...

O Osama bin Laden teria razão quando afirmou que "Obama é o escravo negro que faz o trabalho sujo dos brancos". Assino por baixo.

 
Às 04 novembro, 2009 09:54 , Blogger Peter disse...

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