sábado, julho 25

Breve encontro

“Este é o amor das palavras demoradas
moradas habitadas
nelas mora
em memória e demora
o nosso breve encontro com a vida.”

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Porque publiquei este poema? Há sempre uma razão: nado mal e ontem, apesar de estar a tomar banho com a bandeira verde, num mar com pequenas ondas e ainda numa zona onde tinha pé, quando deixei de nadar e fiquei de costas, ao pretender pôr-me de pé não conseguia e em cada tentativa estava sendo arrastado mais para o largo; comecei a entrar em pânico, tanto mais que me encontrava sozinho na zona.
Não sei como, mas lá consegui tocar o solo novamente com os calcanhares e ganhar o impulso suficiente para poder endireitar o corpo e completamente extenuado, arrastar-me para a praia.

9 Comentários:

Às 25 julho, 2009 00:33 , Blogger antonio ganhão disse...

Conheço a sensação que também sou mau nadador. Por isso não me atrevo quando estou sozinho... é mesmo só chapinhar junto à praia!

 
Às 25 julho, 2009 08:08 , Blogger vbm disse...

.

Tu deves ser maluco!

Não sabes nadar, ou nadas mal,
e sais d'à beira do pé!?

Faço ideia do susto.
Nado bem; mas um dia,
no mar bravo de Espinho,
verifiquei estar um pouco
afastado da praia e tive medo!

Felizmente, uma lancha de recreio
por perto recolheu-me!


Sei de um náufrago, no mar de Timor, que sobreviveu por duas causas: agarrou-se, - literalmente -, a uma tábua de salvação - um dos destroços do navio "Arbiru", naufragado a caminho de Bang-Kok, cheio de mulheres de oficiais portugueses em comissão na ilha, - e cheias de dólares para fazer compras na Tailândia -; e apanhou um perna de frango - declarou-o em Díli, três semanas depois, recolhido ao cabo de vinte e quatro horas por um barco de pescadores das Flores, que pelo linguajar esquisito suspeitaram que seria de Timor; foi o único sobrevivente de vinte e tal pessoas, tripulação e passageiros -; a perna de frango deu-lhe a confiança interior de que seria salvo! O barco, um navio da cabotagem, afundou-se numa tempestade tropical e perderam-se as comunicações ao fim de dia e meio de viagem; mas como o comandante era muito experiente, as autoridades coloniais em Díli, só deram o alerta uns quinze dias depois! a esquadra americana, contactada por rádios amadores para ver se detectava o navio que se receava naufragado, perguntou há quanto tempo tinham cessado as comunicações: - quando lhes responderam que há duas semanas ficaram atónitos de espanto de não se tratar de um pedido em cima do evento!!!

Também sei de um caso, um capitão do exército, um tipo especial, perseguido pelo antigo chefe da Pide, o Santos Costa, bom nadador, que desembarcado em Moçambique foi logo tomar banho! Pois bem, deixou-se ir, e arrastado pelas ondas viu-se afastado em pleno mar sem praia à vista: enfrentou, então, o maior perigo do mar: o pânico! Sabes o que fez para serenar? Contou-me; pensou: «Se isto me tivesse acontecido há milhões de anos, eu não teria problemas, porque seria peixe...»! Assim se acalmou, deixou-se boiar e foi dar a uma praia a sul uns vinte quilómetros da que tinha entrado na água!


Olha, rapaz!
Nunca gostei nem gosto do mar para tomar banho!
Sempre preferi piscinas, especialmente olímpicas
- a de Espinho é-o -, e de água salgada!

 
Às 25 julho, 2009 20:57 , Blogger Meg disse...

Peter,

Estou espantada com o que te aconteceu... mas que grande susto!

Agora ainda mais admirada com o Vasco... com que então o mar de Espinho, a piscina de Espinho...tou a ver...os saltos na piscina... parece que vamos ter assunto.
Peter, desculpa, isto parece o messenger, mas fiquei ultra-curiosa.

Um abraço e... CUIDADO!

 
Às 25 julho, 2009 21:55 , Blogger vbm disse...

:)

Eh, Meg!

Já não há saltos na piscina de Espinho!

Sabes? fui lá o ano passado, ao fim de quarenta anos, em romagem à estância balnear onde passei todos os verões da minha infância até ao início da idade adulta... e então vi as diferenças (para melhor, diga-se): a profundidade máxima passou de cinco metros para dois metros e meio; as pranchas de saltos dos seis e dez metros estão fachadas - curiosamente, sem escadas -, de modo que o conjunto armado das três pranchas (a de três metros, é acedível) parece um imenso pescoço de girafa que tem a sua beleza imponente; já não se vêem é os saltos olímpicos de antigamente, os dos "Calheiros Lobo" e dos "Matos Leite", impressionantes de técnica e de coragem! (Uma vez vi um, de um amigo meu, inexperiente e imprudente, que, quis atirar-se de cabeça, deu uma tremenda chapola dos dez metros, caiu de chapa, de costas! durante meia hora nem conseguiu falar!)

 
Às 25 julho, 2009 23:50 , Blogger Peter disse...

Obrigado pelo v/interesse.
Foi terrível sentir que me estava a afogar e que não tinha ninguém a quem pedir socorro.

P.S. - Por motivos técnicos, não tenho respondido a comentários, nem a e-mails, nem visitado blogues. Espero resolver a situação a partir de amanhã.

 
Às 27 julho, 2009 11:13 , Blogger Quint disse...

PTER chego eu aqui hoje, vindo de um fim-de-semana mais ou menos prolongado, e recebo assim de supetão uma notícia destas?

Então mas isso foi da correnteza ou fraqueza momentânea?

Já agora, VBM, a notável piscina de Espinho perdeu um pouco da graça com o encerramento das pranchas mais altas; embora se compreenda a decisão porquanto muito "nabo" vi eu entrar de "chapa" naquela água salgada!

Sobe o mar, aquilo quando mete ondas mais arrebitadas é de respeitar sim senhor.
As minhas maiores peripécias por lá foi um belo dia ser enrolado e devidamente acondicinado por uma onda generosa, daquelas aí de dois metros e que quando nos apanham nem sabemos bem se estamos virados para Norte ou Meca ... sei que dei por mim a sair disparado pelo arealfora, como se tivesse levado um coice, e os calções a ficarem dentro de água!

Outra vez, armados em valentes e numa altura em que não havia dinheiro para pranchs, um colega, cujo pai era militar, tinha um colchão insuflável da Mainha ... aquilo atravessado dava para quatro lá andarem agarrados a apanhar boleias ... numa dessas, um colega que já usava dentadura, ficou sem ela!
Debalde os nossos heróicos mergulhos, a solução foi ele ficar aí uma semana em casa ... à espera dos dentes novos.

 
Às 27 julho, 2009 12:01 , Blogger Peter disse...

Ferreira Pinto

Nada o fazia prever, pois encontrava-me num sítio onde tinha pé e o mar estava calmo.
Porém quando pretendi pôr-me de pé, comecei a ser arrastado para o largo e perdi o controlo. Depois de lutar contra a corrente que me arrastava, não sei como ainda tive forças para nadar um ou dois metros para ganhar pé e regressar a terra, completamente derreado.

Foi terrível. Nunca mais me meto no mar onde não estejam pessoas dentro de água.

 
Às 27 julho, 2009 12:32 , Blogger Quint disse...

Apre, imagino o susto.
Ainda bem que nada sucedeu, para além de te ter obrigado PETER a um esforço físico suplementar.
As descargas de adrenalina são boas para o corpo e mente.

O mar tem, de facto, dessas coisas.
As minhas filhas que adoram tudo o que seja água, têm o hábito de se aventurar e procurar andar sempre na primeira linha na água ... por aí, não me importo pois procuro andar sempre por perto.
Nunca lhes facilitei foi quando se afastam para locais onde não ande ninguém ... é que numa aflição, quando se está sózinho ainda é pior.

 
Às 01 agosto, 2009 10:38 , Blogger Amita disse...

Que grande susto, Peter!
Estou muito contente por ver que não passou disso mesmo (um grande susto).
O mar sereno que tanto me atrai e onde passo horas "de molho", merece-me muito respeito. Nunca se sabe o que por baixo dessa serenidade se passa.
Um bjinho grande, amigo

 

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