As medidas cósmicas de tempo, comprimento, massa e temperatura
Acabei de ler com o maior agrado o livro "Crónicas dos átomos e das galáxias", do meu autor preferido: Hubert Reeves. Foi publicado em Janeiro pela Gradiva e é a tradução de "Chroniques des atomes et des galaxies", publicado pelas "Éditions du Seuil" o ano passado.
Trata-se portanto de uma obra recente deste cientista respeitado e extraordinário comunicador que é Hubert Reeves e são textos breves do autor, transmitidos quinzenalmente e segundo parece com grande sucesso, pela rádio "France Culture" entre 2003 e 2006.
Esses textos, escritos numa linguagem muito acessível, foram reunidos num livrinho de 200 páginas e falam-nos deste universo que nos engendrou.
"De onde vimos e como surgimos?"
É portanto deste livro e do capítulo acima, que eu tomei a liberdade de extrair um texto que transcrevo:
"O físico Max Planck queria definir uma unidade de tempo que não estivesse ligada a um fenómeno local, como o está, por exemplo, o ano, que se reporta exclusivamente à Terra e ao Sol. Conseguiu-o ao referir-se a propriedades fundamentais do cosmos: a gravidade, a física quântica e a velocidade da luz. Esta unidade, chamada "o tempo de Planck", desempenha um papel fundamental em toda a física e em cosmologia. O seu valor é de 10^-43 segundos.
Esta unidade serve para definir outras unidades fundamentais da natureza:
- O comprimento de Planck é a distância que a luz percorre durante o tempo de Planck. Esta distância é aproximadamente mil triliões de triliões de vezes mais pequena que o raio dos protões. Tem cerca de 10^-33 centímetros.
- A massa de Planck: ainda a partir destas propriedades da matéria, pode definir-se uma unidade de massa. Obtêm-se cerca de 40 microgramas. Não é uma unidade assim tão pequena à nossa escala: os pequenos grãos de areia têm mais ou menos esta massa.
- A temperatura de Planck: é de 100 triliões de triliões de triliões de graus (10^32 graus), ou seja, milhares de milhares de milhões de graus mais elevada que a temperatura das estrelas mais quentes.
Que sentido podemos dar a estas unidades? Façamos a seguinte pergunta: “Será possível dividir o espaço em unidades cada vez mais pequenas: milímetro, mícron, nanómetro, etc.?” Em princípio, nada o impede.
Mas que sentido prático poderá isto ter? Poderão existir partículas assim tão pequenas? Poderão alguns acontecimentos ser confinados em espaços tão restritos? Ou haverá um limite concreto para a divisão do espaço? E um limite para a divisão do tempo?”
Trata-se portanto de uma obra recente deste cientista respeitado e extraordinário comunicador que é Hubert Reeves e são textos breves do autor, transmitidos quinzenalmente e segundo parece com grande sucesso, pela rádio "France Culture" entre 2003 e 2006.
Esses textos, escritos numa linguagem muito acessível, foram reunidos num livrinho de 200 páginas e falam-nos deste universo que nos engendrou.
"De onde vimos e como surgimos?"
É portanto deste livro e do capítulo acima, que eu tomei a liberdade de extrair um texto que transcrevo:
"O físico Max Planck queria definir uma unidade de tempo que não estivesse ligada a um fenómeno local, como o está, por exemplo, o ano, que se reporta exclusivamente à Terra e ao Sol. Conseguiu-o ao referir-se a propriedades fundamentais do cosmos: a gravidade, a física quântica e a velocidade da luz. Esta unidade, chamada "o tempo de Planck", desempenha um papel fundamental em toda a física e em cosmologia. O seu valor é de 10^-43 segundos.
Esta unidade serve para definir outras unidades fundamentais da natureza:
- O comprimento de Planck é a distância que a luz percorre durante o tempo de Planck. Esta distância é aproximadamente mil triliões de triliões de vezes mais pequena que o raio dos protões. Tem cerca de 10^-33 centímetros.
- A massa de Planck: ainda a partir destas propriedades da matéria, pode definir-se uma unidade de massa. Obtêm-se cerca de 40 microgramas. Não é uma unidade assim tão pequena à nossa escala: os pequenos grãos de areia têm mais ou menos esta massa.
- A temperatura de Planck: é de 100 triliões de triliões de triliões de graus (10^32 graus), ou seja, milhares de milhares de milhões de graus mais elevada que a temperatura das estrelas mais quentes.
Que sentido podemos dar a estas unidades? Façamos a seguinte pergunta: “Será possível dividir o espaço em unidades cada vez mais pequenas: milímetro, mícron, nanómetro, etc.?” Em princípio, nada o impede.
Mas que sentido prático poderá isto ter? Poderão existir partículas assim tão pequenas? Poderão alguns acontecimentos ser confinados em espaços tão restritos? Ou haverá um limite concreto para a divisão do espaço? E um limite para a divisão do tempo?”
Etiquetas: Universo Fantástico
8 Comentários:
Não é a gozar com as unidades de cálculo de Plank, nem a diminuir o grande prazer que a astrofísica suscita, mas porque hoje a li, aqui replico a Tisana #432 de Ana Hatherly:
«Pensamento medieval: quantos anjos podem caber em cima da cabeça de um alfinete? E quantos em cima da minha cabeça? E o que é que isso interessa? O cosmos é vagaroso e eu estou presa do lado de fora das grades.»
:)
Há aqui um elemento comum aos dois textos:
"E o que é que isso interessa?"
Praticamente nada e digo "praticamente" porque para mim se traduziu num aumento do meu conhecimento sobre um assunto que me fascina, embora em nada influencie, ou modifique o meu quotidiano.
E um final também comum:
"O cosmos é vagaroso e eu estou presa(o) do lado de fora das grades".
Abraço
P.S.- Estava convencido que tinha um livro de poemas da Ana Hatherly. Hoje encontrei-o, é "O pavão negro", publicado pela "Assírio & Alvim".
Hei-de folhear esse!
Segui o teu conselho e comprei
a biografia do Popper
Nem tudo aparenta utilidade imediata. É o caso, Depois, nunca se sabe, não é...
A questão, quanto a mim, está na capacidade de olhar para esta actividade fascinante com o bom senso necessário para não se "perder o pé" num "mar de Planck"...:))
Muito bem agarrado o tópico !
:))
Manuel Rocha
Interessantes as perguntas que Hubert Reeves coloca no final.
Obrigado pela visita e uma boa semana.
P.S. - Apaguei os coments em duplicado.
Olá Peter
Se me deres o teu mail, terei muito gosto de te enviar os princíos de uma das seis filosofias indianas. Trata precisamente do mesmo assunto, com cálculos de tempo e tudo, só que tudo é visto de uma forma diferente. Vale apena.
Um abraço. Augusto
interessante, gostei...
Meu caro Augusto
Não tenho tido possibilidades de andar por aqui.
O meu e-mail principal funciona apenas com o PC de torre, não me pergntes porquê, pois não te sei responder.
Neste momento utilizo o PC portátil com a banda larga.
Podes enviar para esta caixa de correio que funciona perfeitamente:
conversas.xaxa@gmail.com
Se dizes que tem interesse a tua filosofia indiana, agradeço o teu envio.
Abraço
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