sábado, novembro 10

Trânsito


Normalmente pensamos que as coisas só acontecem aos outros e que são estes "outros" os culpados das asneiras que todos fazemos. Asneiras tanto mais graves porquanto se tem nas mãos um instrumento de morte, na verdadeira acepção da palavra.
Ainda outro dia li o caso de um indivíduo que foi buscar o seu carro para atropelar uma pessoa.

No fim do mês de Outubro, na estrada que conduz à Meia-Praia em Lagos, um jovem, conduzindo um Peugeot 206, entrou descontrolado e em zigzag numa curva, imobilizando-se a cerca de 10 m do meu carro. Não acontece só aos outros e eu renasci naquele momento.

Parece que os sucessivos Governos têm medo de actuar, porquanto isso poderia fazê-los perder eleitores, ou atingir filhos/as de VIPs. Então vêm com um projecto de discos coloridos para fixar nos carros, indicativos do grau de infracções cometidos pelos condutores. “Paninhos quentes” …
Faz-me lembrar os discos amarelos que há uns anos eram indicativos do carro ser conduzido por um condutor recém encartado e que tiveram curta duração, por ser discriminatório e os "pobres dos condutores" poderem ficar psicologicamente afectados.

Porque não instituem o sistema de pontos negativos a atribuir aos infractores que, atingido o limite, seriam submetidos a novo Exame de Condução?
Em Inglaterra, quem atropela e mata um peão dentro de uma "zebra" pode contar com 10 anos de prisão e a apreensão do carro. Na Alemanha, nas auto-estradas não há limite de velocidade, mas quem for culpado de um atropelamento mortal, nunca mais tem carta de condução. "Países fascistas", onde não existe liberdade, incluindo a liberdade de matar, que por cá vigora.

A propósito: os nossos advogados desconhecem que os peões atropelados numa passadeira, ou os seus familiares, em caso de morte, podem mover uma acção em tribunal contra a respectiva autarquia?

9 Comentários:

Às 10 novembro, 2007 19:56 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

Como já disse muitas vezes, uma verdadeira guerra civil.
Uma imagem de toda a falta de civismo de quem se acha poderoso ao conduzir um automóvel, transformando tudo num campo de batalha.
No entanto a educação cívica não devia ser só para os condutores, deveria ser para todos os elementos, incluindo peões e responsaveis pelo estado e desenho das nossas estradas.

 
Às 10 novembro, 2007 21:38 , Blogger Peter disse...

"anónimo"

O seu a seu dono. A ideia não foi lançada por "silêncio culpado". Não é que isso tenha importância de maior, mas gosto sempre de colocar as coisas nos seus devidos lugares.

Transcrevo um comentário meu, escrito no artigo "Recortes de jornais 4", em tempo anterior à "ideia" a que o meu amigo está a dar seguimento:

«Um exemplo, tirado de um blog dos n/links:

As Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), há quem as designe de Actividades de Empobrecimento Curricular, nasceram tortas e o modelo adoptado contribui para o empobrecimento dos professores. A trabalharem desde Setembro a «Recibo Verde» e sem receberem um cêntimo pelos seus serviços desde Julho, é absolutamente inaceitável. Não sei se esta situação se está a passar em todo o país. Em Viseu esta é uma realidade dramática.»

Como é óbvio, não quiz identificar o blog nem o seu autor, que aliás veio agradecer a minha atitude noutro comentário do mesmo artigo.

Escreva sempre. Não temos complexos em receber e responder a comentários anónimos, até porque o anónimo se justifica muitas vezes pelo facto do seu autor não possuir blog.

 
Às 10 novembro, 2007 23:52 , Blogger quintarantino disse...

Eles saber se calhar sabem, o problema é que a muitos dá-lhes trabalho...

 
Às 11 novembro, 2007 03:14 , Blogger Ashera disse...

Se alguém me conseguir falar da estranha coincidência de a/23 e EB23, por favor "aventem", porque estou curiosa para saber o que tem a ver a sinistralidade em Portugal com os Professores...será alguma epidemia?
As pessoas quando conduzem esquecem que são peões, falo isso todos os dias, acima de tudo quando atravesso um passadeira , Também vos garanto que es Espanha não param os carros para os peões.
TRISTES CRIATURAS
É isso!
Mais beijos Peter

 
Às 11 novembro, 2007 10:59 , Blogger Peter disse...

"ashera"

Latinos...

Bom Domingo

 
Às 11 novembro, 2007 15:05 , Blogger Paula Raposo disse...

As medidas são sempre uma espécie de 'paninhos quentes' como dizes. E assim se vai matando como se não se passasse nada...no comments.

 
Às 11 novembro, 2007 19:04 , Blogger Peter disse...

«Há anos que eu defendo isto: que o cadastro rodoviário tenha por base os acidentes causados e não as infracções cometidas. Para que se não tire a carta a quem estacionou na passadeira de peões ou foi flagrado numa auto-estrada deserta a 150km/h e se mantenha ao volante quem deixou para trás mortos e feridos, sem contudo ter cometido qualquer infracção. Mas para isso era necessário que, em vez da caça à multa, que dá dinheiro à polícia e ao Min Finanças, o objectivo primeiro passasse a ser o de retirar das estradas os condutores perigosos»
(MSTavares, Expresso de 10Nov)

 
Às 13 novembro, 2007 14:19 , Blogger Peter disse...

No dia 5 OUT um homem de 47 anos foi interceptado em contramão na A2, na zona de Paio pires (Seixal). Agrediu 2 elementos da GNR e acusou 1,15g/l de álcool no sangue. Presente a tribunal, CONTINUOU A PODER CONDUZIR.
No dia 9 NOV o mesmo indivíduo, foi novamente detectado em contramão pelas 00h40 na EN10 após ter abalroado 5 viaturas que se encontravam estacionadas na Av José Relvas em Paio Pires. Chegou novamente a ameaçar alguns elementos da GNR, tal como no mês anterior e submetido ao teste quantitativo de alcoolemia acusou 1,95g/l de álcool no sangue. Conduzido ao posto da BT de Coina, RECUSOU-SE A REALIZAR O TESTE QUALITATIVO AO ÁLCOOL, O ÚNICO ADMITIDO COMO PROVA. Presente a tribunal, CONTINUOU A PODER CONDUZIR!

É MATAR VILANAGEM!

 
Às 14 novembro, 2007 00:40 , Blogger Peter disse...

Continuo com a minha campanha:

A GNR e a PSP registaram entre os dias 5 e 11 deste mês, 48 mortos em acidentes rodoviários, números que não contemplam 3 das vítimas do acidente ocorrido na 2ªF da semana passada (dia 5) na A-23 já que estes morreram nos dias seguintes, já no hospital.

MATEMO-NOS UNS AOS OUTROS!

 

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