domingo, maio 13

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar ...

“Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição à Natureza,
porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!”

(Alberto Caeiro)

Escolhe-se um poema como quem colhe uma rosa. E do mesmo modo que esta exibe a sua beleza, tal sucede com o poema, que também como um bom vinho precisa de respirar. No seu livro, enfileirado na estante, fenece e morre. É preciso fazê-lo voltar à vida: dar a conhecê-lo, ou relembrá-lo ...

8 Comentários:

Às 13 maio, 2007 12:08 , Anonymous Anónimo disse...

hmm
Como é belo este poema. COnhecia-o, mas não me fez mal nenhum relembrá-lo


Beijo e bem-hajas pela escolha tão feliz:)
Lúcia

P.s. Hoje faz 22 aninhos que eu vim ao mundo.. weird:)
**

 
Às 13 maio, 2007 12:17 , Blogger Peter disse...

Lucia, muitos parabéns pelo dia de hoje e, na forma tradicional:
-"que ele se repita por muitos e muitos anos"

Como prenda de aniversário, desejo do fundo do coração a realização de todos os teus desejos.

Uma rosa amarela para ti.

 
Às 13 maio, 2007 17:45 , Blogger augustoM disse...

O poema leva-me à questão da existência. O passado por ser passado já não existe, o futuro por ainda não ter acontecido, não existe. O presente é o tempo que medeia o passado e o futuro, tão ínfimo como o seu acontecer.
Qualquer livro só tem vida quando é lido, é a leitura que lhe dá a vida adormecida nele.
Um abraço. Augusto

 
Às 13 maio, 2007 18:23 , Blogger Peter disse...

Augusto
Por vezes, como é o caso, o importante para quem como eu não sabe escrever poesia, é tentar dizer algo de uma maneira subtil.
O poema em si não é verdadeiramente importante. O importante é a mensagem que pretende transmitir.

"l'important c'est la rose, c'est la rose l'important"

Mas, a perspectiva sob a qual abordaste o poema, é extremamente interessante e tem toda a razão de ser.
A partir de um poema por demais conhecido, partimos para outras divagações.
Em meu entender, é isto que torna os comentários interessantes.

Abraço amigo

 
Às 14 maio, 2007 10:55 , Blogger Nilson Barcelli disse...

Fizeste bem ter escolhido este poema para que respirasse como o vinho.
Já bebi uns golos e gostei, não o conhecia...
Tenho uma (não) surpresa para ti no meu blogue, passa por lá (acho que não pedirás para te ensinar a passar, tal como o poeta pede à ave...).
Boa semana, abraço.

 
Às 14 maio, 2007 12:01 , Blogger Papoila disse...

Peter:
Respirei fundo...Inspirei a pouco e pouco este belo poema... quase o inalei porque é perfumado.
Não o conhecia!
"Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!”
Beijo

 
Às 14 maio, 2007 12:02 , Blogger Manuel Veiga disse...

gostei da analogia entre o poema e um bom vinho: ambos precisam de respirar...

muito bem observado. abraços...

 
Às 15 maio, 2007 22:01 , Blogger António disse...

Olá, Peter!
Um poema para pensar.
Um poema pessoano.
Também o Fernando Pessoa esteve na "prateleira" durante muitos anos até que o puseram no sítio certo.

Um abraço

 

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