terça-feira, janeiro 17

Suspensão

Suspensão
Em suspensão o pensar-te.
Milhões de gotículas estilhaçam-se em pequenas partículas de encontro ao vidro protector do automóvel.
O efeito aquando do cruzamento com incandescências é de uma beleza surpreendente. A luz propagada em ilumina os biliões de pequenas gotas de água desfeitas de encontro a um carro. Não se esgotam nesse acidente de percurso. Ao invés, tomam nova vida, assimilando luz, velocidade e efeitos de rara beleza.
Faúlhas que partem em direcção de um universo de que são parte.
As luminescências estilhaçadas traçam o vácuo de luz devolvendo-lhe vida, razões e a ideia de que algures nessa imensidão de riscos descontínuos tracejados a amarelo eléctrico onde é possível adivinhar o corpo diáfano do desejo.
Para além da luz, - tu és luz – a imagem ainda que projectada holograficamente a certeza de estares.
[O percorreres o negro do asfalto olhando o horizonte cansando olhos, adivinhado sonhos, antecipando desejos] em noites chuvosas e sentires todos esses pequenos estilhaços inanimados e que contudo ganham vida de encontro à morte, faz-te mais próxima. Sintonizados nas partículas aquíferas que serão suores, fluidos e entregas.
[É noite. Ausência de Lua, impera o silêncio que dói]

4 Comentários:

Às 17 janeiro, 2006 23:31 , Anonymous Anónimo disse...

Recordo perfeitamente este teu fragmento [de ti].
Recordo o que li nas palavras não escritas.
Recordo as carícias das gotículas em palavras suspiradas.
Recordo a mestria reconhecida nos teus escritos.

Margarida

 
Às 17 janeiro, 2006 23:57 , Blogger Fragmentos Betty Martins disse...



Um belíssimo texto.

"Suspensão"

Tudo pode ser
a aparição do estatuário
as árvores resplandecentes
de cor viva
que a água lhe dá
a amável aparição da luz
antes da boca
das palavras

Tudo pode ser
audível
com a tristeza sobre
o movimento da água

Tudo pode ser
apenas
uma hemorragia
irremissível
do silêncio...

Beijo...

 
Às 18 janeiro, 2006 14:58 , Blogger Dinada disse...

Texto maravilhoso...

Perece inspirado em desaires da vida. Talvez por isso tão real!

Mereces ser feliz e vais ser, ou eu não me chame Di Maria!

(quem te merecer terá o paraíso)

:)

 
Às 18 janeiro, 2006 20:00 , Anonymous Anónimo disse...

o silencio as vezes doi sim....
mas outras e tao bem vindo...
beijo

 

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