In – volúpias
In – volúpias
[Usamos figuras para ilustrar imagens, quando afinal a mesma é pintada a pinceladas de letras em tons de azul]
Chegam-nos ecos de intolerâncias e todavia continuamos a acreditar que somos nós os detentores da verdade. Que tremendo erro. Basta que o assumamos e tudo fica bem melhor num instante. É a fugacidade a suplantar a inércia colectiva em que estamos mergulhados.
Caras afogueadas de políticos emproados, todos diferentes e todos iguais. A vermelhidão de rostos convulsos e indignos e pescoços apertados em aberrantes gravatas que com um ligeiro apertar os livraria de si mesmos.
[As métricas indisciplinadas da prosa, a tecer a imagem de um quotidiano também ele anárquico}
Quando se submetem à sua verdadeira condição de funcionários bem remunerados por todos nós? – Melhor: à revelia de nós, que os não podemos impedir de se auto-aumentarem. – Insanamente vamos ficando em silêncio omisso e cúmplice, deixando-os passearem-se nos nossos automóveis de luxo, fartos almoços, viagens de “trabalho” a tudo quanto é lugar.Somos culpados pela omissão.
Somos TODOS culpados.
[As imagens fictícias são transmitidas não por quem ama a escrita, mas por quem dela se serve. Esses são os que não sabem escrever. Rascunham folhas, colocam-lhes carimbos, timbres, selos brancos e arrumam-nos em enormes pilhas a que pomposamente chamam arquivos.]
Impedem as humanidades de serem felizes para usufruírem de coisas materiais. Desejo que haja um Deus castigador. Bem o merecem.
«Sim, eu sei que estou de novo a divagar. Puxa-me então pelos pés e traz-me de volta ao inferno que só não o é, porque tu existes.»
Leio o que me escreves, leio os teus lábios sensuais e bem desenhados, mergulhando língua na boca e salivares que escorrem e misturam a tal ponto que não sabemos qual é a boca de quem. Fundimo-nos.
[Estou contigo a ouvir o vinil]
Sei-te aí. Sentes-me e sinto-te.
Voamos por sob a copa das árvores olhando os raios de Sol que conseguem atravessar a densa floresta de mão na mão, cabelos esvoaçando por força da deslocação do ar. De inertes passámos a vivos.
[Prosa atípica, arrítmica, sem métricas condicionantes mas poética. Porque a poesia é passar além do vidro fosco.]
Volta-se-me a vontade, sei-te e sinto-te.
[Contigo a ouvir o vinil]
11 Comentários:
Gostei particularmente deste post, caro amigo Zé. Com um abraço do Raul
Zé, ao prazer da escrita, respondo-te com o prazer da leitura.
Gostamos de dissecar os teus textos que, como dizes: "cada um interpreta como quer".
Obrigada pela visita ao meu cantinho e ainda bem que gostou será sempre muito bem vindo.....
pequenita
Eu gostava de saber alinhar letras em palavras com sentido e alma. Gostava que o talento me tivesse bafejado. Infelizmente, no dia em que nasci, o talento prestou atenção a outros, concerteza merecedores...e eequeceu-se de mim.
Zé
O teu perfeito
sul
voa rodando
os gestos
[na tua cintura
as pedras ardem]
as constelações
no olhar estreito
como um rumor
de luz
o teu coração
movendo-se
na boca inaudível
dos dedos
mas...
como se faz ouvir
[ainda...]
Beijo...
Como gostei desta deambulação deste texto. Ler o que escreves é um prazer. Beijo
Hoje passo só para deixar-te um beijinho de agradecimento e desejar-te uma boa semana.
Voltarei para te ler
LINDO E CERTEIRO, como SEMPRE!
Deixo meu Abraco e, meu Agradecimento, por Sua AMAVEL VISITA a meu blog!
Sua Amiga,
Heloisa.
**********
Oláaaaaa!!
Já tinha saudades de ir ao teu cantinho, mas já tinha reparado que "fechou o circulo"!!
Gostei do que vi por aqui!! Voltarei com certeza!!!
Zezinho,
beijinho!! :)
***
Já sabes como fico "sem jeito" com essa maravilhosa escrita..
"Só de ouro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minha'alma desceu veladamente.
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam.
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distância.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!
Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida ao ar...
beijos
Olá!
... e ilustramos o que escrevemos...sei lá, possivelmente para não nos mostrarmos...
porque ilustrar uma foto... às vezes, tem que se lhe diga... Gostei muito do texto, é um intercalado próprio de que ama a escrita e sabe como o mostrar.
Continuo lendo com o mesmo entusiasmo e aqui vai o ramo de flores da joaninha…
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