sexta-feira, novembro 11

Cruzados



Vi hoje, às 21.10h, na 2:, na Hora Discovery, o excelente documentário: "Moments in Time, The Crusaders".
Isto é difundir cultura, que poucos vêem, pois, à mesma hora, passava na RTP1, um Concurso de sucesso e nos outros dois canais o "lixo do costume", que é, a avaliar pelo"share", o que tem mais espectadores entre nós. Infelizmente ...
Os intervenientes eram dois historiadores britânicos e um muçulmano, não sei de que país. Foi a intervenção deste que mais me agradou.
Destacou o diálogo que se arrastou durante anos e que levou à paz, entre dois homens de características muito diferentes: Ricardo "Coração de Leão" (inglês) e Saladino. Ficou bem patente a superioridade deste último: culto, inteligente, sabedor, tolerante, contrastando com um inglês bêbedo, boçal e brigão, célebre pela sua atitude guerreira e ousada, mas também cruel.
A diferença entre os rudes cruzados, oriundos duma Europa inculta e que se portavam cruelmente por onde passavam, pilhando, roubando e matando e uma civilização muçulmana tolerante, muito mais desenvolvida sob todos os aspectos, inclusivé na actuação bélica.
Saladino, chegou a mandar o seu médico pessoal, para tratar o Rei inglês que se encontrava doente. Os correios entre os dois adversários eram frequentes, mas nunca chegaram a encontrar-se e o Rei cruzado, quando regressou ao seu país, era uma pessoa totalmente diferente, para melhor.
Os cruzados, aprenderam com os árabes a tratar dos feridos em combate, prática totalmente desconhecida entre eles. Nos hospitais europeus (e ali em campanha era esse o procedimento) davam asilo às pessoas e alimentavam-nas, mas se estavam doentes, ou feridas, eram pura e simplesmente recusadas.
Quando Saladino conquistou Jerusalem, a Igreja do Santo Sepulcro foi preservada e as chaves da mesma entregues a uma família local, que veio passando essa tradição de pais para filhos. Entre as cláusulas estabelecidas com Ricardo, havia o compromisso de garantir o acesso a Jerusalem a povos de outros credos: israelitas e cristãos.

É esta a História vista do outro lado e que difere bastante daquela que nos foi ensinada.

4 Comentários:

Às 11 novembro, 2005 09:52 , Anonymous Anónimo disse...

Eu estou farto de chamar a atenção para os julgamentos precipitados que ainda hoje fazemos dos árabes...

 
Às 11 novembro, 2005 11:04 , Blogger Peter disse...

Meu caro, Islamismo é uma coisa e Fundamentalismo Islâmico é outra. Muito possivelmente não ficarias satisfeito se um bombista suicida entrasse nas instalações do teu jornal, quando este estivesse em pleno funcionamento e se fizesse explodir. A não ser que já não estivesses cá para te pronunciares ...

 
Às 11 novembro, 2005 11:44 , Anonymous Anónimo disse...

Naturalmente. Mas lembro-te as atrocidades que têm sido praticadas em nome de Deus. Estou a referir-me ao Deus católico. Lembra-te ainda do fundamentalismo judeu e os seus resultados.
Porque haverá fundamentalismo no Islão? O que fará pessoas inteligentes, cultas e com formação fazerem-se explodir, como foi o caso do 11 de Setembro? Não será tempo de criar um estado palestiniano?
Sou contra todas as formas de fundamentalismo.
Regra geral, os árabes são bastante amistosos.

 
Às 11 novembro, 2005 12:21 , Blogger Peter disse...

zezinho, num coment meu, em resposta a outro teu, sobre o artigo que publiquei: "Do Fundamentalismo Islâmico", fazia-te umas perguntas às quais, possivelmente por falta de tempo, não chegaste a responder.
Por isso, vou formulá-las de novo:

"Pontos em dúvida:

- "Ocidente dito democrático"? A "democracia" sempre teve as costas muito largas ...

- Quando falas em "estrutura da Igreja", queres dizer Vaticano?
Se "sim" concordo. Se se refere à religião católica, no seu todo, não concordo. Estamos no sec XXI, muito longe da "religião, ópio do Povo" ...

- A Igreja (qual?) "suporte da maior parte das ditaduras"?
Quais ditaduras? Fascistas, Estalinista, Africanas, Sul-Americanas, da Monarquia Comunista da Coreia do Norte?
De facto temos o Islamismo a suportar a ditadura iraniana."

Concordo inteiramente contigo, quando dizes:

"Regra geral, os árabes são bastante amistosos."

 

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