Insone
Sabes mesmo o que me incomoda?
[A inexistência!]
Incomoda-me pensar que penso. Incomoda-me fingir que vivo. Incomoda-me a projecção fatal de uma imagem. Logo eu, que nem existo, nem tenho imagem e nem sequer estou vivo!
[Maldita noite insone)
Intermitências permitem-me pequenos rasgos de lucidez. Pedaços dela. Apenas pedaços dela. Porém nessas intermitências dou-me conta – como se nem existo? – de que não respiro, de que não tenho sequer um arremedo de corpo.
Volta o pesadelo da ausência do eixo que deveria suportar a cabeça, agora separada de um corpo inexistente. Apenas o olhar as sombras difusas dos cabelos emaranhados me traz um pouco de conforto. Engano-me com projecções.
O silêncio das sombras perturba-me. Leva-me mesmo a concluir da minha insanidade. Aos poucos busco contornos, todos eles sombreados anómalos e disformes. A inexistência na sua plenitude!
As luzes que vislumbro às vezes não o são. Continuam projecções.
E esta ausência do eixo que deveria suportar cabeça e efectuar a ligação com um corpo ainda que inexistente!
As sombras movem-se. Pelo menos dão a sensação de movimento. Tudo não passa de um embuste. Não existe movimento. Não existe corpo, nem mente, nem vida. Estamos todos mortos. (…)
4 Comentários:
Será porque já estou cheio de sono?
Mas não percebi nada do que li.
Desculpa a franqueza mas foi assim mesmo...eh eh
Vim aqui agradecer a visita ao meu cantinho e o comentário ao final da minha blogonovela.
Um abraço
"Insone", contém uma mensagem profunda, que nos leva a questionar, o que que fazemos aqui, afinal. Bom post.
Cumprimentos.
Cá vim de novo!
Agora sem sono.
Mas continuo a achá-lo um texto muito difícil (que está bem escrito, nem se discute) que me parece entrar em lugares recônditos do Homem.
Mas eu fico à porta...eh eh
Gosto muito mais de ler a tua crítica social como fazias no InApto.
É de leitura acessível e tem qualidade.
Um abraço
gostei do texto
incomodou-me
jocas maradas
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