Escrever bem
Uma vez, no dia de apresentação de um trabalho de química, o grupo de alunos tinha o trabalho com muitos erros ortográficos. O professor estava constantemente a corrigir os erros e, diga-se de passagem, muito complacentemente. A moça que estava a apresentar o trabalho ainda aceitou as primeiras duas, três primeiras correcções, com um sorriso amarelo. Depois disso explodiu. Disse que estava ali a apresentar um trabalho de química analítica, não de língua portuguesa. O professor deu-lhe um sermão de quinze minutos em que tentou deixar bem claro, embora de um modo calmo e respeitador, que a língua de um país está presente em todas as formas de conhecimento exploradas por esse país, porque é afinal o modo como comunicamos entre nós. Apesar de toda esta calma, de todo este respeito, de todo este modo correcto de dizer as coisas, a aluna, ao terminar a apresentação e ao sair da sala, comentou com os colegas:
"olha este agora, já não bastava ter de andar a estudar química, ainda tenho de estudar português”
Faz-me lembrar um prof que tive na FLL e que justificava a sua decisão de ”chumbar” um aluno, dizendo:
“Sim, porque eu não estou interessado em que o senhor venha a ser professor dos meus netos.”
Numa universidade há assuntos que não é suposto um professor ensinar, isto porque se pressupõe que o aluno já os domina. Um deles é a língua portuguesa, o outro é o civismo. Infelizmente, muitos estudantes universitários não os dominam, nem estão interessados em dominá-los.
Evidentemente que os professores, certos professores, também têm a sua quota-parte de culpa.
6 Comentários:
Excelente artigo e de grande interesse. Na verdade essa é uma realidade sempre presente. Muitos alunos pensam do modo que exemplificaste mas poucos são os professores que, não sendo de letras nem de direito, corrigem os alunos e chamam a atenção para a importância de saber falar e escrever português correcto. Exemplo disso são as engenharias... Os meus colegas deixaram de me escrever só porque eu lhes corrigia os erros... lol... mania de ser professora eheheh
No entanto, este é um problema que se verifica desde muito cedo, a partir das escolas de 3.º ciclo. Na escola onde leccionei no último ano, o presidente do CE (que não era professor de português) gostava de (re)lembrar todo o grupo docente que eram todos professores de português, independentemente da disciplina que leccionavam. Deste modo, um professor de Matemática ou de Visual tinha obrigação de corrigir e ensinar os seus alunos no português por eles usado. Em todas as reuniões de grupo, durante todo o ano lectivo, este assunto foi relembrado e reforçada a sua importância e encontrámos sempre uma grande falta de vontade da maior parte dos professores em fazer cumprir isto...
Para terminar lembro um professor de Matemática que chamou a atenção dos seus alunos na resolução de um problema: ouve 5... não é a mesma coisa que HOUVE 5. Afinal... na MATEMÁTICA também se usa (bom) português.
desculpa... é a mania dos comentários grandes
...ou dos grandes comentários :p
se visses como os amigos a quem me refiro escrevem/escreviam... ou desistias da leitura ou ensiná-los-ias... digo eu. De qualquer forma resultou bem ter uma amiga e uma namorada de Letras, pois um deles foi tão "bombardeado" que agora escreve textos incríveis... não dirias que é o mesmo.
Mas atenção: eu também erro!
Fernanda, o texto do Zé? Diria que está muito bem estruturado e, sobre o mesmo, escrevi um longo comentário.
Bom feriado.
a.duarte lázaro, os locutores de TV tb dão um forte contributo no (não)ensino do português.
Gosto de comentários grandes e referentes ao texto que comentam, por isso estás à vontade.
Bom feriado.
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