Decadência
Constantino viu na adopção do Cristianismo a melhor forma de se elevar a si mesmo ao posto de autocrata do mundo romano.
Bauer que tentou durante toda a sua vida responder a uma pergunta aparentemente simples - A religião católica que subjugou o Império Romano e dominou sem dúvida uma grande parte da humanidade civilizada cerca de 1.800 anos, pode ser explicada apenas declarando ser resultante de fraudes? - contribuiu mais para a solução desta questão que qualquer outra pessoa. Não importa quanto os teólogos semi-crentes do período de reação tenham lutado contra ele desde 1849. Irrefutavelmente demonstrou a ordem cronológica dos Evangelhos e a interdependência mútua, demonstrada por Wilke do ponto de vista puramente lingüístico, pelo próprio conteúdo dos Evangelhos.
A investigação alcançou o seu ponto alto na conclusão de que o judeu de Alexandria, Filon, que ainda vivia por volta de 40 D.C., - à época já muito velho -, foi o pai verdadeiro do Cristianismo, assim como o romano Sêneca.
Esta passagem pela filosofia tem apenas uma motivação: explicar a decadência – que Bauer estudou muto bem – do sistema democrático português.
Os escândalos sucessivos que abalam as estruturas de uma sociedade há muito em crise, não contribuem em nada para a credibilização dos intervenientes nem da própria democracia.
O cidadão anónimo que paga os seus impostos, que cumpre a lei, que um dia acreditou que seria possível viver melhor e com mais justiça, hoje equaciona seriamente se uma ditadura não seria a solução para a falta de identidade de um mundo aparentemente sem rumo.
A queda de César é o culminar do abandono de valores. Os filósofos da época tentam explicar este fenómeno.
O governo anterior que se apoiava – hipocritamente em valores cristãos – tentava dar uma imagem de seriedade. Esta parece ser sempre a motivação da direita.
Pensávamos que as discrepâncias entre direita e esquerda se haviam atenuado. Erro. Ao contrário, acentuaram-se.
A compra de material militar e a derrapagem no ministério de Portas despoletaram uma mega investigação que culminou no mais recente escândalo que atravessa a sociedade portuguesa, ainda descrente na enormidade das mentiras e aberrações. A corrupção aparece-nos como uma instituição respeitável, os homens que a praticam como meros seres humanos sujeitos ao engano.
Levantando um pouco mais o véu, aparece uma nova classe a benificiar com todas estas tramóias. Os grandes escritórios de advogados, intermediários entre o comprador – Estado – e o vendedor – os fabricantes de armas – cobrando comissões elevadas, mas talvez mais do que isso, tratando de legalizar o ilegal.
Penso que uma grande parte dos portugueses se aperceberam da incapacidade do anterior governo. Por isso o penalizaram.
Porém, este caso não se esgota nos governos do PSD/PP. Estende os seus tentáculos a governos do PS.
Julgar-se-ão, Nobre Guedes, Telmo Correia, Santana Lopes e os outros responsáveis Constantinos, com o poder de alterar de novo os evangelhos – leia-se a constituição – e adaptá-la a novos tempos em que cada um deles parece achar-se um Messias?
Temo que nem Bauer conseguisse explicar o inexplicável. Afinal o dinehiro dos contribuintes devia ser usado com parcimónia, honestida e em favor daqueles que mês após mês vão deixando nos cofres de um estado-ladrão milhões que depois são repartidos por amigos dos homes que elegemos para nos governarem a todos.
Esse seria o princípio da democracia.
A não acontecer, como havemos de chamar ao regime em que vivemos?!
2 Comentários:
É obviamente um texto antigo, que se pode aplicar a este Governo.
Na verdade a todos os governos quye desde há 30 anos e em nome da Democracia têm cometido todos os desmandos.
Resposta à pergunta:
PLUTOCRACIA
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