O "protectorado"
“Anda muita gente a protestar contra o facto de Portugal se ter tornado “um protectorado” por causa da crise da dívida. Quem manda no país, dizem, é agora a “troika” (Comissão Europeia, BCE e FMI), tirando significado à escolha eleitoral do próximo dia 5 de Junho. Tudo isto é verdade. Mas o normal num protectorado é encontrar-se nessa situação contra a sua vontade. Outro país, ou uma organização internacional, terá imposto a sua vontade, passando a dominar o “protegido”.
Ora nós somos hoje um protectorado porque deixámos chegar a nossa dívida externa a níveis insustentáveis. E a “troika” veio a Portugal porque nós pedimos para ela vir – caso contrário, não teríamos dinheiro para pagar o normal funcionamento do Estado e da economia.
É pena que muitos dos que hoje berram contra o “protectorado” não tenham reparado que o nosso país desde há uns quinze anos acumula dívida externa, ao ritmo anual de perto de 10% do PIB. Protestam contra o remédio amargo, quando deviam ter alertado para a doença. Agora é tarde para exibições patrióticas.”
(Francisco Sarsfield Cabral, in “Página1” de 04/05/2011)
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