Injustiça Fiscal
De Janeiro a Outubro do ano passado os portugueses terão colocado em paraísos fiscais (off-shores) doze vezes mais dinheiro do que em igual período de 2008. É que, com a crise que rebentou na segunda metade desse ano, muitos investidores fizeram então regressar o dinheiro a Portugal, com receio de um descalabro total.
Agora, passado o pico da crise financeira, voltam a investir nesses off-shores, onde pagam menos impostos. E o que fizeram alguns portugueses, terão feito muitos outros.
Mas é lamentável que os paraísos fiscais continuem a funcionar. Não só porque são abrigo para muito dinheiro “sujo”, proveniente do crime, são usados para financiar o terrorismo e ainda porque os benefícios fiscais dos off-shores configuram algo de injusto.
É que, através dos paraísos fiscais, quem foge aos impostos não é gente pobre. E o dinheiro que os Estados deixam assim de arrecadar tem de ser compensado com receita de impostos, onerando os menos ricos. Este é mais um factor de agravamento das desigualdades económicas e sociais que ameaçam a coesão social das nossas sociedades.
(Francisco Sarsfield Cabral, in “Página 1” de 07/01/10)
6 Comentários:
Como diz o Sousa Tavares: Na melhor das hipóteses as off-shore servem como forma de fuga aos impostos ... na pior das hipóteses ... nem vale a pena falar. Obviamente não fazem qualquer sentido existirem. Qualquer. A desculpa do fomento da liquidez é apenas isso: uma grande desculpa.
Fernando Vasconcelos
Agradeço a sua explicação até porque não sei, nem me interessa saber porque não tenho possibilidades de recorrer a elas, como funciona isso das off-shores (tenho uma ideia vaga).
Off-shores e enriquecimento ilíquido, não são ideias caras aos dois maiores partidos. Eles lá terão as suas razões...
Meu caro PETER assinalo a utilização do termo "os portugueses" na abertura do texto de Sarsfield Cabral; formalmente correcta, mas apenas formalmente.
Porque, como assinalas, não teress possibilidades de recorrer a elas, eu também não e connosco a esmagadora maioria; que restem 5%. Se isso são os portugueses, então o Sarsfield Cabral tem razão.
Quanto ao recurso às off-shores não há que duvidar ... fuga de impostos e lavagem de dinheiro porque anda por aí muito quem, mesmo fugindo aos impostos, não consiga justificar tanta opulência!
Ferreira Pinto
"anda por aí muito quem, mesmo fugindo aos impostos, não consiga justificar tanta opulência"
Talvez seja por isso que os dois maiores partidos não chegam a acordo quanto ao "enriquecimento ilícito"...
Mas esses portugueses apenas fazem os depósitos nas "off-shores" através dos bancos a trabalhar em Portugal, ou atravé de escritórios de advogados... e o governo sabem quem são... porque não actua?
Eu sei, outros valores mais altos...
Compadre Alentejano
Compadre Alentejano
Os dois maiores partidos que nos últimos anos têm governado o País, têm permitido a situação.
É porque lhes convém.
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