Átomos de espaço e tempo
Há pouco mais de 100 anos, a maioria das pessoas – inclusive muitos cientistas – pensava que a matéria fosse contínua.
No entanto, desde a Grécia antiga, já havia especulações de que se a matéria fosse fragmentada em pedacinhos suficientemente pequenos, ela deveria ser constituída por partículas minúsculas, os átomos. Poucos achavam que a existência dos átomos seria um dia provada. Hoje já conseguimos obter imagens de átomos individuais e já estudamos as sub-partículas que os compõem.
Nas décadas mais recentes, físicos e matemáticos têm-se questionado “se o espaço também não seria formado por partículas ínfimas”. O espaço é contínuo, ou parece-se mais com um “pedaço de tecido formado por fios separados”?
E o “tempo”: a Natureza muda continuamente, ou o Universo evolui através de uma série de “degraus minúsculos”, comportando-se de forma semelhante a um computador digital?
Combinando os princípios fundamentais da Mecânica Quântica e da Relatividade Geral, Lee Smolin e outros físicos (entre eles alguns portugueses: João Magueijo, João Medeiros e Paulo Pires-Pacheco) trabalhando em Inglaterra, nos EUA e em França, acabaram criando a “Teoria da gravidade quântica em loop”. Esta teoria considera que o “espaço” surge em pequeníssimos volumes, o menor dos quais é um comprimento de Planck cúbico (10^-99 cm3). O “tempo” não flui como um rio, mas como o tique-taque de um relógio, cujos “tiques” têm valores próximos do intervalo de Planck, ou seja, 10^-43 segundos.
(Lee Smolin, “Átomos de espaço e tempo”, in Scientific American, Fev 2004)
O lento processo de recuperação não me tem possibilitado publicar artigos, daí eu publicar este texto já com uns anos. Aliás também e pelo mesmo motivo, não tenho visitado os blogs amigos. As minhas desculpas.
4 Comentários:
É muito interessante que a realidade seja discreta quando na verdade nós conseguimos modelá-la como contínua, pelo menos desde que Leibniz (primeiro), Newton (depois), inventou o cálculo diferencial: sempre possível imaginar um númeo maior do que outro qualquer dado; logo, dividindo o que há por essa quantidade ilimitada atingimos o infinitésimo que nada limita na sua ínfima pequenez... E, vai-se a ver, nada consubstancia este refinamento de análise... Mas, eu pergunto, uma das hipóteses não é a da expansão ilimitada do universo? Acoplada, aliás, a hipóstase de uma origem no vácuo, ou seja do mais que infinitamente pequeno e tão infinitamente pequeno quanto se queira porque, em tal origem, «tudo o que há» redunda no nada da aniquilamento mútuo estabilizado em tão diminuta duração que ela é ainda sempre tão infinitamente nenhuma quanto se queira... Quase dá para perguntar: mas então para quê o cálculo se nesses extremos já nada lhe corresponde, tudo é nada, e nós, fora do nada, reflectimos no nada!? Admirável a cosmologia, e, até, a hipótese dos multiversos de que nada sabemos pelo que sempre poderemos 'poetar' à vontade :)
Sabe o que vai acontecer hoje, dia 08.08.08
Venha espreitar, pode ser que lhe interesse algum destes programas.
Quer ver um programa cultural que fiz sábado passado:
GEO-CIRCUITO.
Bom fim de semana.
Aproveite o sol que 2ª feira já há previsão de "chuva".
Beijos e abraços.
Peter:
Não conhecia o texto e fiquei fascinada... "o “tempo” não flui como um rio, mas como o tique-taque de um relógio, cujos “tiques” têm valores próximos do intervalo de Planck, ou seja, 10^-43 segundos"
As melhoras!
Beijos
Peter,
Passo só para saber de ti e desejar-te uma rápida recuperação.
Em Setembro retomarei as visitas habituais.
As tuas melhoras e um abraço
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