Como é que "isto" há-de ter conserto?
"O senhor rei D. Afonso Henriques, aquele que reinou porque D. Egas Moniz o botou na reinação, chamou D. Lourenço Viegas, e, muito cenhoso, falou:
- Este reino acha-se pouco grado por sofrer de definhamento crónico. O povo inteiro vive na indigência e, à socapa, acusa-me de não usar boas artes de governo."
("O segredo de D.Afonso Henriques", Jorge Laiginhas, Ed. Flamingo, 2007, p 75)
Ora, ora, passou-se no século XII o país estava a nascer e todos sabem que os nascituros nascem nus. O pior é se continuam assim, ou quase ...
“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”
(Eça de Queiroz, 1867 in “O distrito de Évora”)
Ora, ora, isso foi há 140 anos!
Leiam os jornais, ou vejam TV se chegarem a casa antes do noticiário e não forem vítimas de algum “carjacking”.
Por mim, leio os jornais de distribuição gratuita e por eles vejo, mas não compreendo, como chegámos ao que chegámos.
Mas enquanto tivermos dinheiro para a gasolina e no-lo emprestarem para pagarmos as prestações da casa, do carro, dos “plasmas”, das viagens às Malvinas, tudo bem.
Sim, porque o resto são luxos perfeitamente dispensáveis.
6 Comentários:
certeiro. e verve apurada.
excelente.
abraços
Ou seja, nada de novo! A isto se chama um país em perpétua continuidade!!! Sim, senhora, isto é que é estabilidade!
heretico
Vens inspirado e cheio de vontade de trabalhar, a avaliar pelo belíssimo poema que publicaste...
Abraço
blondewithaphd
"(a justificação do aceitar o suborno) é um hábito nos portugueses, como se nos dissessem que só se deixavam subornar por um bom motivo, como pagar uma ida ao médico da mulher."
(in "Enquanto Salazar dormia...",Domingos Amaral), estou a acabar o livro e as férias.
Belíssimo passeio o teu, fiquei roído de inveja, até por me lembrar que o ano passado andava por Santorini...
Caro amigo com a devida vénia e porque no meu cantinho está um post sobre despesa pública mal feita no meu concelho "vou-lhe roubar" parte escrito que tão bem revela o que é ser português.
gostei do seu cantinho
Peter,
Ahahahahahah... para não chorar!
Chamem o Eça, citem o Eça, publiquem o Eça.
Obriguem os políticos a ler o Eça. Devem ser os únicos que não conhecem (nem estarão interessados em conhecer) o Eça.
E viva a Campamha Alegre!
Um abraço
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