domingo, maio 27

O Hubble detectou um “anel fantasma” de matéria escura

A substância mais comum no universo é aquilo a que se chama “matéria escura” (dark matter). Não brilha nem reflecte a luz e por isso não é visível. Será então uma matéria invisível, composta de átomos bastante diferentes daqueles que constituem a matéria normal do universo, tal como estrelas ou galáxias.

Se fosse possível dirigir o seu carro contra uma parede feita de “matéria escura”, não racharia sequer um farol, nem accionaria o “airbag”. Você não saberia sequer o que sucedera.

Mas o que acontece à “matéria escura” durante uma colisão? Teremos que especular:

- astrónomos utilizando o telescópio espacial Hubble da NASA obtiveram, pela primeira vez, uma visão de como a matéria escura se comportaria durante uma colisão titânica entre dois conjuntos de galáxias (“clusters”).

A destruição criaria uma ondulação de “matéria escura”, um “anel” um tanto similar ao que se forma num lago quando uma pedra bate na água. A descoberta do “anel” está entre a mais forte evidência de que essa “matéria escura” existe. Embora os astrónomos não saibam do que ela é feita, pensam tratar-se de um tipo de “partícula elementar” que se espalha por todo o universo.

Aliás, há muito que suspeitam que essa substância invisível será a fonte da gravidade adicional que une entre si os conjuntos de galáxias (“clusters”). O normal seria os “clusters” dispersarem-se se estivessem unicamente ligados pela gravidade das suas estrelas visíveis, mas eles permanecem unidos.



A estrutura em forma de “anel” é evidentemente uma “imagem composta”, construída a partir do conjunto das observações feitas pelo Hubble. O “anel” pode ser visto no mapa azul da distribuição da “matéria escura” do conjunto, que se sobrepôs sobre a imagem do “cluster”.

É a primeira vez que se detectou a “matéria escura” como tendo uma estrutura única, diferente da do gás e das galáxias do “cluster”. Os investigadores descobriram acidentalmente o “anel” quando traçavam a distribuição da matéria escura dentro do “cluster” de galáxias C1 0024+17 (ZwCl 0024+1652), localizado a 5 biliões de anos-luz da Terra. O diâmetro do “anel” mede 2,6 milhões de anos-luz.

Uma “enormidade” que não tenho sequer capacidade para imaginar.

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5 Comentários:

Às 27 maio, 2007 19:46 , Blogger Papoila disse...

Peter:
A "matéria escura" existe e reage a impactos? Fantástico! Inimanigável! Beijo

 
Às 28 maio, 2007 01:42 , Blogger Peter disse...

"papoila", eu sou um simples curioso, quase um ignorante, mas que adoro estes assuntos do Cosmos.

1 - A "matéria escura" (dark matter) existe, mas ninguém sabe o que é. Pela primeira vez, detectou-se por acaso, aquilo que já se sabia: que a sua estrutura era diferente da do gás, das poeiras, estrelas e outros componentes do conjunto, ou "cacho" (cluster) de galáxias.
2- Ela não "reage a impactos" mas actua sobre a força da gravidade e é a responsável por um fenómeno conhecido por "lente gravitacional", que desvia a luz proveniente das galáxias distantes, originando que nós vejamos uma imagem múltipla dessas galáxias.

 
Às 28 maio, 2007 09:48 , Blogger H. Sousa disse...

A tal de que se suspeita mas até agora indetectável. Espero que outras 'matérias escuras' venham a ser detectadas no universo.
Peter, já tivera oportunidade de ler no multiply e é deveras extraordinário. Ainda não te agradecera a nomeação para os "blogs com tomates". Irei nomear outros blogs, oportunamente. Obrigado e um forte abraço.

 
Às 28 maio, 2007 13:21 , Blogger augustoM disse...

A "matéria escura" será o "mar" onde nós e o universo "navegamos"? Será ela a oposição ao vácuo?
Um abraço. Augusto

 
Às 31 maio, 2007 15:00 , Blogger António disse...

Olá, Peter!
Nunca tinha ouvido falar de "matéria escura"; um conceito bem curioso.

Abraço

 

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