sexta-feira, fevereiro 9

Deus, Ciência e Magia

Tempos houve em que este tema me interessou bastante. Ainda hoje procuro respostas... Curiosamente, penso que existem afinidades entre a relação “deus-ciência” e a relação “ciência-magia”.

André Leroi-Gourhan, no seu livro “As religiões da Pré-história”, começa por se referir à “magia”:

“(...) os símbolos formularam nas palavras e nas operações o duplo sentimento de temor e de domínio que marcam a consciência religiosa.”

Actos e palavras pronunciadas de certo modo e em determinadas condições de local e tempo, ou utilizando objectos adequados, produziriam os efeitos físicos desejados.
Estou a lembrar-me da “pedra filosofal” e dum livro muito interessante, que teve a sua época, mas mantém plena actualidade e por isso mesmo continua a ser editado: “O despertar dos mágicos”, de Jacques Bergier. A “magia” seria uma forma de “ciência”.

Continuando a citar Leroi-Gourhan e passando para Ciência e Religião:

“O comportamento religioso, num outro plano, é tão prático como o comportamento técnico, assegurando este a integração do homem num mundo que o transcende e com o qual ele negoceia física ou metafisicamente”

No primeiro caso temos a ciência, ainda e só técnica, e no segundo temos a religião.
A cada etapa desta integração deve ter correspondido um estádio do comportamento religioso.

7 Comentários:

Às 09 fevereiro, 2007 09:11 , Blogger Maria Carvalho disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 09 fevereiro, 2007 10:02 , Blogger Peter disse...

Por isso mesmo aberto à reflexão, até porque o texto está extremamente resumido.

A ideia de escrever algo surgiu-me com a leitura de "A história secreta", de Donna Tartt, "Um thriller psicológico excepcional... Absolutamente arrepiante!", como publicitam na capa.
Aliás eu já lera no "Expresso" uma crítica extremamnte favorável. O pior é que o livro tem 700 pgs!

Bom fds.

 
Às 09 fevereiro, 2007 10:54 , Anonymous Anónimo disse...

Peter:
Estou e fiquei meditativa... foi uma ajuda... vou comprar esse livro de Donna Tartt, 700 páginas atraiem-me...
Beijo

 
Às 09 fevereiro, 2007 15:01 , Blogger Peter disse...

"Blue", as religiões fazem as guerras. A ciência fornece-lhes os meios.

 
Às 09 fevereiro, 2007 17:26 , Blogger Fragmentos Betty Martins disse...

Olá Peter

Ora aqui está um tema que por acaso tive que trabalhar, no final do ano passado sobre este texto de Manuel Fernandes

Ciência versus Religião

Aqui estão dois temas que nada têm em comum e que no essencial se aproximam. Partindo de discursos e métodos diametralmente opostos, ambos utilizam, neste princípio de século, o vocábulo "LUZ", embora em contextos e objectivos diferentes.

Na religião os métodos empregues pouco mudaram ao longo dos tempos e o "hermetismo" é algo de pouco flexível, dogmático e inaceitável relativamente às normas e valores das civilizações do século XXI. Aqui a religião não evoluiu antes estagnou. A ciência pelo contrário, ao longo da história tem vindo a evoluir, de descoberta em descoberta, adaptando-se à realidade apesar das oposições inquisicionistas, sociais, políticas e religiosas.

Actualmente, constatamos que a ciência está num limiar semi-deifico, o que poderá ser perigoso se não se tiver em consideração factores de ordem ética (ex. a clonagem). Se, por um lado, a religião precisa de reformas nos seus conceitos e juízos de valor adaptando-os à realidade, por outro, a ciência depara-se com o maior problema de sempre: UMA FORÇA CRIADORA (inteligente ?!) responsável pelo BIG-BANG, por tudo o que existe, ou existiu antes da explosão, e por todo o universo em expansão.

Estamos perante duas linhas conceptuais, paralelamente definidas, que em determinada altura do espaço-tempo se cruzam, invertendo-se posicionalmente e prosseguindo nas suas rectas. Neste ponto de intercepção - fim, meio, princípio ou vice-versa - está a "LUZ": a entidade Omnipotente, Omnisciente e Omnipresente, religiosamente venerada ao longo dos tempos.

A Astrofísica utiliza a LUZ para o estudo dos objectos luminosos de céu profundo. A LUZ que nos chega de tais distâncias tem que ser rigorosamente captada, analisada e decifrada na sua informação química e física.

A LUZ SURGIU HÁ 14 MIL MILHÕES DE ANOS E COM ELA A RELATIVIDADE DE TODO O UNIVERSO.

De facto para mim – é isto!!!

Beijinhos
BomFsemana

 
Às 10 fevereiro, 2007 00:42 , Blogger Peter disse...

Betty

Visto que nós existimos, e por isso mesmo, o universo teve de encontrar muito cedo um meio de quebrar a simetria matéria/antimatéria.
Pensa-se que o terá feito 10^-32 segundos depois do Big Bang, no final da fase inflaccionária, altura em que a energia do vazio deu origem às partículas e às antipartículas.

A Natureza exibiu então uma pequeníssima preferência pela matéria.

Porquê? Vá-se lá saber porquê.

O que se “sabe” é que por cada mil milhões de antiquarks surgidos do vazio (ex-nihilo), se criaram “mil milhões mais um” quarks. Diferença infíma, mas prenhe de consequências.
Com efeito, por alturas do primeiro milionésimo de segundo, quando o universo arrefeceu a dez biliões de graus – o suficiente para permitir aos quarks reunirem-se três a três, a fim de formarem neutrões e protões, e aos antiquarks formarem as suas partículas - a grande maioria dos quarks e dos antiquarks aniquilaram-se mutuamente e “transformaram-se em luz”.
Mas, por cada mil milhões de partículas e antipartículas que se aniquilaram, dando origem a mil milhões de fotões, restou exactamente “uma partícula de matéria” sem nenhuma partícula de antimatéria para a destruir.
É por isso que nós existimos, e o nosso corpo é feito de matéria, porque a Natureza teve um milésimo de milionésimo de preferência por esta, relativamente à antimatéria.
E é por isso que, no universo dos nossos dias, há mil milhões de partículas de luz por cada uma de matéria.

 
Às 10 fevereiro, 2007 13:32 , Blogger António disse...

Caro Peter!
Abordaste um tema tão complexo como maldito.
Não vou falar muito sobre isso porque nem tenho ideias muito trabalhadas nem aqui seria o local ideal para me alongar.
Como não crente, poderei dizer simplificadamente que, quando o mundo real não satisfaz, não dá respostas, não preenche nem traz a paz interior, a solução ancestralmente encontrada pelos humanos é criar um mundo virtual, divino, perfeito e uma (ou mais) entidade a quem possa recorrer nos momentos em que precisa.
Já dizia Miguel de Unamuno:
"Querer em Deus é acreditar que ele existe e, mais do que isso, comportar-se como se ele existisse de facto".
E aqui acabo o meu pequeno contributo sem falar em Ciência nem em Magia. Ou terei falado?

Obrigado pelo comentário ao meu post sobre o susto do Bouças.

Um abraço

 

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