O PORTO : O MORRO E O RIO (à margem de uma filmagem) - 3º EPISÓDIO: O LARGO DO COLÉGIO ( II )
Entrou tarde, esta Igreja de S. Lourenço, na história da Cidade:
Foi em 1560 que os Jesuítas se instalaram na Ribeira, próximo da Capela da N.S. da Lada, onde começou o Colégio de S. Lourenço – assim baptizado porque o dia da festa do mártir foi o dia da instalação. Mas logo depois conseguiram este terreno e construíram Colégio e Igreja, graças ao donativo de 30.000 cruzados de Frei Luís Álvares de Távora, Bailio de Leça, que a partir de 1614 assume o papel de fundador. E se referirmos que a fachada só se concluiu em 1709, podemos adivinhar as dificuldades.
Em 1759 os Jesuítas são expulsos do Reino, tendo o seu património passado para a posse da Universidade de Coimbra em 1774 (um ano depois de Clemente XIV ter suprimido a Companhia). Seis anos depois, os Agostinhos Descalços, os frades Grilos de Lisboa, compraram Colégio e Igreja. E o povo que adora baptizar pessoas e coisas, entendeu por bem trocar-lhe o nome.
Da obra notável dos Jesuítas, no seu Colégio, largos benefícios vieram para a Cidade. Apesar de muitas vezes hostilizados pelos burgueses e pela própria Câmara, porque isto de filhos demasiadamente cultos podia trazer dissabores.
Este soberbo edifício do antigo Colégio, varanda privilegiada sobre a zona ribeirinha, onde hoje funciona o Seminário Maior e o Museu de Arte Sacra, serviu de quartel, em 1832, durante o cerco do Porto, ao Batalhão Académico onde o soldado voluntário nº 72, de nome Almeida Garrett, começou a escrever o tão apreciado “Arco de Sant’Ana”.
E então eu disse:
«Vale a pena lê-lo, nem que seja só para nos deliciarmos com o que D. Pedro diz ao Bispo, ali em cima, na Sé. Que bonito, também é este Largo!»
Pois é! Mas se tivesse cá vindo à data desta fotografia, teria dito a mesma coisa?
Interrogar-me-ia, sim, como fora possível que o Centro Histórico do Porto, tão cheio de tradições, tivesse atingido este lamentável estado de degradação.
A sua recuperação, lenta mas segura, tem sido um trabalho notável de querer, eficácia e persistência - a merecer o respeito e gratidão de todo o portuense. Bem hajam todos os que nele se empenharam. Rumaram o caminho certo!
Encostado à escarpa, como que transportada para o seu interior, foi edificado um Café/Restaurante, bom exemplo de como é possível construir uma unidade nova, perfeitamente enquadrada num ambiente que pretende manter o cunho especial de uma época que já não é do nosso tempo.
Quando for visitar o Largo, almoce por lá, retemperando forças para subir as Escadas.
A Fernanda terá gosto em o servir, tanto como teve em dançar, antecipando a noite de S. João.
No próximo episódio, do cimo das Escadas, vamos olhar para o Porto, num dos melhores miradouros que o Porto tem. E não vamos ter tempo de sair de lá.
(continua)
Colaboração de Fernando Novais Paiva, autor do texto e das fotos.
Etiquetas: O Morro e o Rio
10 Comentários:
Tenho estado deliciada a ler todas estas histórias sobre o Porto. Gosto imenso. Um beijo para ambos.
Bom dia, Peter.
Lindo - adorei ler!!!
Beijos e abraços
Marta
Apesar de conhecer bem toda esta zona, ver aqui estas fotos e um pouco da história da minha cidade, tornam-me mais orgulhoso ainda de ser tripeiro e de estar a 10 minutos da bela ribeira!
Saudações infernais!
Imaginas como é bom viajar de mão dada contigo? :)
gostei muito deste "passeio" pela invicta cidade do Porto, através das tuas esclarecidas e eruditas palavras. abraços
No início do 2º parágrafo, por favor, substituam a frase:
"Em 1759, ano do decreto da sua expulsão, o seu património passou para a posse da Universidade de Coimbra (1774, um ano depois de Clemente XIV ter suprimido a Companhia)."
Por esta:
"Em 1759 os Jesuítas são expulsos do Reino, tendo o seu património passado para a posse da Universidade de Coimbra em 1774 (um ano depois de Clemente XIV ter suprimido a Companhia)."
As nossas desculpas. Às vezes acontece ...
nascida e criada aqui na zona histórica do porto é com orgulho que me revejo nestes sitios... a fernanda manda abraços e agradece o facto de se ter lembrado dela e do seu restaurante/café... tem de cá voltar, porque será recebido como só um verdadeiro tripeiro sabe receber... e para poder contar novas histórias sobre a nossa mui nobre invicta...***
Há gente que acha o Porto escuro. Bem, eu acho que é preciso olhar com mais atenção. Sempre me lembro das boas férias que ainda vou tendo por lá com tios e primos e isso...
Olá, Peter!
Continua e continua muito bem, pois acho que ainda haverá muito a dizer e muitas fotos a mostrar.
Abraço
´ Nós,os Portuenses, temos o privilégio de usufruir, todos os dias,do nosso Porto, tâo bem retratado pelo Dr.asljwn Paiva.
Visitantes: Cá vos esperamos para irmos "todos" de mãos dadas conhecer estas maravilhas e depois comer uma "francezinha" no café-restaurante da Fernandinha.
Saudações . Cibrnauta Dilma
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