domingo, agosto 13

Soneto de separação


“De repente do riso fez-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
e das bocas unidas fez-se a espuma
e das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
que dos olhos desfez a última chama
e da paixão fez-se o pressentimento
e do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente,
fez-se de triste o que se fez amante
e de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
fez-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.”

(Vinícius de Moraes)

13 Comentários:

Às 13 agosto, 2006 09:47 , Blogger Su disse...

adorei reler
jocas maradas

 
Às 13 agosto, 2006 09:58 , Blogger Peter disse...

"su", nem sempre os artigos são postos ao acaso e por vezes é preciso ir colher noutros aquilo que exprime melhor um estado de espírito, já que o nosso "engenho e arte" não o faria de modo satisfatório.

 
Às 13 agosto, 2006 11:22 , Blogger Marta Vinhais disse...

É isso mesmo, Peter, às vezes vamos buscar aos outros o que não conseguimos expressar.
Quantas e quantas vezes releio este poema:
Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe de cinza e oiro,
O nevoeiro,
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda

de Sophia de Mello Breyner Andresen

Obrigada pelo poema que deixaste no meu blog.
É lindo!
Beijos e abraços

 
Às 13 agosto, 2006 11:37 , Blogger Nilson Barcelli disse...

Estiveste em Copenhaga...
Fui lá há cerca de 2 meses.
Acho que tirei as mesmas fotografias que tu...
Abraço.

 
Às 13 agosto, 2006 15:11 , Blogger Maria Carvalho disse...

Óptima escolha, Vinicius!!

 
Às 13 agosto, 2006 15:22 , Blogger Peter disse...

Nilson, também não haverá muito mais para ver ...

 
Às 13 agosto, 2006 17:05 , Blogger Luna disse...

Por vezes olhamos para o lado e algo que julgavamos ter construido cai como uma casa velha, talvez por não termos criado os alicerses .
beijos

 
Às 13 agosto, 2006 19:46 , Blogger augustoM disse...

Olá Peter
O Vinicíus aborda um tema interessante, mas que teríamos de o analisar à luz da união, suas causas e motivações. Por exemplo: a paixão nunca foi uma boa motivação para a união, mas só o princípio da separação.


O passado, por o ser, já não existe, o futuro, como ainda não aconteceu, também não existe. O presente seria a linha divisória entre o passado e o futuro. Como tanto o passado como o futuro, acontecem permanentemente num tempo infinitésimo, podemos deduzir que no infinito, o passa e o futuro se sobrepõem, excluindo o presente, que não passará de uma ilusão do próprio tempo.

O tempo é a chave da nossa existência, ainda que muitas pessoas para quem a metafísica não faz sentido, sejam sépticas a este princípio.
O tempo é algo que só existe com próprio homem, pois é o homem que serve de padrão para todas as medidas.
O infinitamente grande e infinitamente pequeno, são medidas relacionadas com o padrão homem, sem o homem elas não existiam, como o tempo também não. Mesmo a possibilidade do Big Bang, é o resultado dessa relação.
Um abraço. Augusto

 
Às 13 agosto, 2006 21:46 , Blogger as velas ardem ate ao fim disse...

Vinicius dá cabo de mim!

 
Às 13 agosto, 2006 23:07 , Blogger Peter disse...

"lazuli", inteligentemente, como sempre, focaste as "palavras-chave" do poema.
Será esta a frase de Santo Agostinho a que te referes?

O que é o «Tempo»?

"(...) se ninguém me pergunta, sei;

se me perguntam e o que explicar, não sei (...)"

Confissões XI, 14,17

Um beijinho**

 
Às 13 agosto, 2006 23:10 , Blogger Peter disse...

"luna", as casas, tal como o amor, precisam de cuidados para a sua manutenção ...

 
Às 13 agosto, 2006 23:54 , Blogger Peter disse...

Augusto, é sempre difícil responder aos teus comentários dos quais aliás gosto bastante. Tentemos:

Falas em "união". Não gosto, lembra-me "contracto, negócio jurídico, compromisso".
"Paixão" é algo de avassalor, que surge quando menos se espera e até sem motivos definidos. Um fluxo, uma empatia que nos conduz a estados de alma que, pela sua intensidade, se desgastam mais rapidamente, mas que valem pelo que valem enquanto se vivem. Vale a pena "o preço" que por vezes se tem de pagar, pois tudo na vida tem um preço.

Entre as características da experiência comum que resistiram a uma explicação completa, há uma que penetra num dos mais profundos mistérios da física moderna, o mistério a que o grande físico britânico Sir Arthur Eddington chamou a "seta do tempo".
Não há "linha divisória" como dizes, a "seta do tempo" é o sentido segundo a qual o tempo parece apontar do passado para o futuro. Porquê os ovos se partem e não se "despartem"?

Mas por favor fiquemos por aqui, pois não tenho bases para discutir seriamente o assunto.

Abraço.

 
Às 15 agosto, 2006 15:24 , Blogger Heloisa B.P disse...

"Fez-se do amigo próximo o distante
fez-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.”"
***********************DIZER O QUE???_VINICIUS*, e' sempre VINICIUS igual a Seus PARES DA MESMA ESTIRPE!!!!!

_Por AQUI* ando, vendo e lendo!!!

ESTEJA EM SAUDE!
Sua amiga,
Heloisa.
**************

 

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