Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue, volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
( Manuel Bandeira, Teresópolis, 1912 )
9 Comentários:
Sempre Gostei de Manuel BAndeira! E este texto é lindo, não foge à regra. Grata pela visita.
Um beijo enorme para ti, meu fofo.
BShell
Como me identifico com este poema...se o não soubera, diria que fora escrito por mim... como são os versos que escrevemos, aquele pano que nos seca as lágrimas, quando os desenganos nos afligem a alma!... Um beijo para o trio e bom dia
BShell, não tens nada que agradecer. Os "velhos" amigos virtuais não se esquecem.
Como o tempo passa! Um ano já decorreu desde o desaparecimento desse teu ente tão querido.
"joaninha", vocês poetas são uns seres muito especiais e
de uma apurada sensibilidade.
Bj*
"mae", estive no seu blog e apercebi-me do doloroso problema com que se tem debatido. Solidarizo-me consigo, mas não quero recordar esses momentos que tanto a fizeram/fazem sofrer.
Apareça quando quiser, a porta está aberta, é só entrar.
Que estranho... hoje, infelizmente, também escrvei sobre a morte :(
Beijos, Betty
«Eu faço versos como quem morre»...
este texto é de uma intensidade enorme. é muito fácil indentificar-me com ele.
obrigada por este momento.
um beijo do tamanho do mundo
luna
"folhasdemim", não escrevas sobre a "morte". Sai e vê este maravilhoso azul do céu. Depois vive a vida e sorve-a até à última gota.
"lunapensativa, recorda e vive este verso do poema:
"Não tens motivo nenhum de pranto"
tudo é efémero e a vida é curta e merece ser vivida.
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