quarta-feira, janeiro 25

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue, volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

( Manuel Bandeira, Teresópolis, 1912 )

9 Comentários:

Às 25 janeiro, 2006 09:42 , Blogger BlueShell disse...

Sempre Gostei de Manuel BAndeira! E este texto é lindo, não foge à regra. Grata pela visita.
Um beijo enorme para ti, meu fofo.
BShell

 
Às 25 janeiro, 2006 10:45 , Blogger joaninha disse...

Como me identifico com este poema...se o não soubera, diria que fora escrito por mim... como são os versos que escrevemos, aquele pano que nos seca as lágrimas, quando os desenganos nos afligem a alma!... Um beijo para o trio e bom dia

 
Às 25 janeiro, 2006 12:18 , Blogger Peter disse...

BShell, não tens nada que agradecer. Os "velhos" amigos virtuais não se esquecem.
Como o tempo passa! Um ano já decorreu desde o desaparecimento desse teu ente tão querido.

 
Às 25 janeiro, 2006 12:23 , Blogger Peter disse...

"joaninha", vocês poetas são uns seres muito especiais e
de uma apurada sensibilidade.

Bj*

 
Às 25 janeiro, 2006 12:34 , Blogger Peter disse...

"mae", estive no seu blog e apercebi-me do doloroso problema com que se tem debatido. Solidarizo-me consigo, mas não quero recordar esses momentos que tanto a fizeram/fazem sofrer.

Apareça quando quiser, a porta está aberta, é só entrar.

 
Às 25 janeiro, 2006 17:35 , Blogger folhasdemim disse...

Que estranho... hoje, infelizmente, também escrvei sobre a morte :(
Beijos, Betty

 
Às 26 janeiro, 2006 09:16 , Blogger Unknown disse...

«Eu faço versos como quem morre»...

este texto é de uma intensidade enorme. é muito fácil indentificar-me com ele.

obrigada por este momento.

um beijo do tamanho do mundo

luna

 
Às 28 janeiro, 2006 10:52 , Blogger Peter disse...

"folhasdemim", não escrevas sobre a "morte". Sai e vê este maravilhoso azul do céu. Depois vive a vida e sorve-a até à última gota.

 
Às 28 janeiro, 2006 10:57 , Blogger Peter disse...

"lunapensativa, recorda e vive este verso do poema:

"Não tens motivo nenhum de pranto"

tudo é efémero e a vida é curta e merece ser vivida.

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial