quinta-feira, novembro 24

Pensamentos profundos.

A subtileza do enriquecimento:


Quando tratava da única couve do seu quintal, o senhor Silva foi surpreendido por um jorro de líquido escuro que se elevava no ar.
De imediato mergulhou a boca no líquido. Era petróleo.
Bebeu mais ainda para comemorar o facto de se ter tornado da noite para o dia um milionário. Na verdade julgava-se já um príncipe saudita ou de outro país qualquer. Mas príncipe devia ser de certeza.

Sentiu ligeiras tonturas, ou seria embriaguez? Já tinha ouvido dizer que o petróleo provocava tremendas bebedeiras.
Pelo sim pelo não, bebeu mais um pouco mas desta feita adicionou-lhe uma aspirina.

O efeito foi tremendo. Tossiu, colocou no prato da vitrola “Eu tenho dois amores” de Marco Paulo e saiu a dançar o vira.

Pensamentos profundos:

A senhora Felismina guardava ciosamente na sua nova casa de banho umas quantas galinhas.
Agora passava o tempo a ouvir falar da gripe das aves.
“Essas coisas só acontecem em sítios de gente herege”. Este pensamento sublime era da responsabilidade do pároco local que afirmava “ser Deus, mas faltarem-me alguns pormenores para realizar milagres”.

Uma galinha tossiu quando se preparava para ouvir os sons pouco recomendáveis de uma visita da senhora Felismina à sanita.
Tossiu de novo. À terceira tossidela, morreu. A senhora Felismina que se encontrava sentada que nem rainha num trono na sua imensa sanita, olhou-a pasma e morreu também.
Moral da história: se uma galinha tossir não dejecte.

Introspecções de criança (minhas)

Ainda não perdi a mania de todos os dias quando passo pelo gato da senhora Albertina, o cumprimentar cerimoniosamente.
Porém, incomoda-me o desdém com que este me olha. Dir-se-ia que se julga um ser superior.
Há já mais de 30 mil dias que o cumprimento em vão.
Hoje não resisti: coloquei um rádio a tiracolo enquanto este passava música de Tony Carreira e abati-o selvaticamente com a voz desconexa deste “cantor”.

Filosofando:

O que me incomoda seriamente é o facto quase inédito – já Mozart tinha a mesma mania – de transportar às costas um piano.
É certo que gosto de Wagner e de Stravinsky. Mas transportar o piano é apenas um dos males. António Vitorino de Almeida, resolveu dar concertos itinerantes e aproveita-se das minhas costas.
Ainda lhe vou pedindo se não pode trazer a Inês de Medeiros mas recusou.

Stravinsky, por seu lado, resolveu aparecer quase todos os dias. Disfarça-se de pai natal.
Wagner lamenta a atitude pouco inteligente de Stravinsky. “Prefiro estar invisível. Assim posso entrar em todos os quartos onde belas mulheres se vão despindo”.

Remate:

Falhou. Apenas uma perna se vê sobrevoando o estádio do Dragão. Ainda está por saber se poderá tratar-se da perna esquerda de Quaresma.

Seja como for, Pinto da Costa decretou blackout e para demonstrar como se deve fazer, mandou cozer a boca num reputado cirurgião plástico.

5 Comentários:

Às 24 novembro, 2005 12:58 , Blogger Peter disse...

Muito boas, fartei-me de rir. Só não percebi uma coisa, já quase no fim:

- Quem é Pinto da Costa?

 
Às 24 novembro, 2005 16:29 , Blogger Micas disse...

Do melhor, do melhor :))

 
Às 24 novembro, 2005 20:15 , Blogger A. disse...

Pronto, já dei um ar da minha graça.

Conselho: tirem a Celina que é insuportável (eu sei que gostos são gostos, mas até me dá comichões)! ;)

 
Às 24 novembro, 2005 22:02 , Blogger Peter disse...

luna, quem é a Celina?

 
Às 25 novembro, 2005 00:37 , Blogger Fragmentos Betty Martins disse...

Adorei os teus pensamentos profundos :)

Temos o riso - por enquanto! E foi muito agradável rir contigo :)

Beijinhos

 

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