Um inédito de Fernando Pessoa
"Que fiz da vida?
Que fez ela de mim?
Quanta coisa feliz ignorada ou perdida!
Quanto princípio que não teve fim!
Que sinto ante estas águas e este céu?
Ai de mim! Só o coração que é meu...
E o súbito azul em que reparo
Do mar, do antigo mar,
Pois despertei do sonho em que caíra,
Há uma carícia vaga, há um sorriso raro
Que parece falar
De qualquer paz além de gozo e dor,
De qualquer novo amor
Que transcende a verdade e a mentira.
E, desperto todo, eu que dormia
O sono natural da sensação
E que por isso não ouvia,
Oiço o som das ondas, claro, fresco, e uma Brisa me passa pelo coração, E estendo ao mar a mão E o mar me estende sua mão, a espuma."
(in Jornal de Letras)
16 Comentários:
Estou arrebatada! por completo!
Não me parece F.P. nem homónimo nem ortónimo. Nunca foi um dos meus poetas preferidos. Mas este poema... que coisa bela...
persephone, as perguntas que FP faz, são as que faço a mim mesmo.
A. não sei bem porquê, o FP nunca foi dos meus preferidos. Talvez influência de Vergílio Ferreira que dizia que Pessoa nunca escrevera qq livro, apenas pequenos "pedaços de papel".//
Mas o poema é de facto extraordinário e foge um pouco ao Pessoa "tradicional".
Peter: concordas então com o meu comentário.
e todos nós fazemos as perguntas que FP se coloca
E, sao precisas palavras???_nao SAO!_So' as de Desculpas por andar tao "ARREDIA"!!!!!!
So' "exteriormente" arredia!
MEU ABRACO!
Heloisa B.P.
******************
Heloisa, é um prazer vê-la por aqui. O outro blog é mais adequado à sua sensibilidade poetica.
Um deleite, este poema. Obrigada, Peter ( mesmo que não gostes muito de FP...obrigada...porque eu gosto)
beijos, BShell
peter... eu adoro o fernando pessoa... alguém que foi capaz de dizer...
"Vive um momento com saudade dele Já ao vivê-lo.... Porque o que importa é que já nada importe... Eis o momento.... Sejamo-lo... Pra quê o pensamento?..." qual definição melhor teremos sobre o querer bem?????????.. se há... eu desconheço... beijinhos ...gi
Este é um poema extraordinário, com questões que tantas vezes colocamos. Obrigado por partilhares o poema. Bjos
bluegift,ainda bem que gostaste do poema, pois o blog são vocês.
Gi, uma brasileira que vem de propósito do Brasil para visitar os túmulos de FP e de Cesário Verde, "é obra" ... merece bem que eu lhe ofereça poemas destes.
amita, não sei "quem partilha com quem" ...
letrasaoacaso, eu não diria "ideologias nazis", mas sim "ideologias nacionalistas", o que, como sabes, não será exactamente o mesmo. Mas cada um tem as suas opiniões e admito perfeitamente estar enganado.
Bom dia. Partilhamos tudo com todos. Partilhamos a tristeza, a dor, a alegria, os sonhos, a esperança de dias. Partilhamos a música que se fez ou se fazia, cores, vozes silenciadas cantando baixinho estranhas melodias. De Amor, de Amizade há a partilha. E essa, por muito escuro e denso que seja o Tempo, sempre fica. Eu tento, apesar de alguma ausência, marcar presença com meu sorriso sereno que convosco partilho. Bjos
Visitei por um acaso este blog. Este poema, não me deixou avançar mais. Fernando Pessoa é, sem dúvida, um dos meus poetas preferidos, talvez por ser imprevísivel, talvez pela sua dualidade cativante. Não sei. Também não importa. Sei que, o meu livro de sempre, pertence-lhe. O "Livro do desassossego", é o meu livro de todas as horas.
Peter, parabéns pelo teu blog, é interessante, fresco e não tem nada de "xaxa".
amelia, o "conversas de xaxa" já vai em 4ª edição o que significa, sem falsa modestia, que tem tido boa aceitação.
Contamos com a tua visita e esforçar-nos-emos por te agradar.
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