domingo, agosto 28

A Lira de Nero

A visita a Coimbra do primeiro-ministro e do seu lacaio (?) da administração interna aquando dos terríveis incêndios que assolaram aquela região com a finalidade de se reunirem com Governadores Civis e alguns autarcas, mostrou-nos uma coisa importante: enquanto casas ardiam e as chamas ameaçavam a cidade dos estudantes, os “senhores dos fogos” sorriam abertamente, como se festa se tratasse.

Foi uma daquelas imagens que vale por todas as palavras. É este o sentido de estado dos imbecis que nos desgovernam. Foi um óbvio insulto a todos aqueles que perderam os seus haveres, foi um sorriso escarninho ao trabalho dos Bombeiros portugueses, foi em última análise o toque da Lira enquanto Roma ardia.

São imagens que os portugueses devem reter na memória; talvez assim, num próximo acto eleitoral os remetam para os devidos e merecidos lugares: a rua.

Porém não poderemos esquecer o pano de fundo que serviu de aperitivo a todo este cenário: o baixo combate político, questões mesquinhas, partidarizadas! Foi tudo aquilo que não se deve nem pode esperar do debate de ideias. É o constatar da incapacidade de quem nos tem governado nos últimos 30 anos.
Acima dos interesses do país, parecem estar os interesses partidários, os interesses pessoais, os interesses dos amigos.

Por outro lado ficámos a saber que a censura pegou moda: uma deputada municipal de Mirandela, proibiu que quadros com nus, fossem expostos, tal como havia já acontecido anteriormente em Viseu, pela ainda directora de um dos mais importantes museus portugueses.

Ficámos ainda a saber que quem perdeu tudo ou quase tudo nos terríveis incêndios de há dois anos no Algarve ainda espera e desespera pela prometida ajuda “imediata” que os políticos se apressaram a garantir.

Um dos maiores jornais europeus, o El País, conclui no final de uma excelente reportagem, que Portugal parece ser ingovernável. Cita como exemplo as fugas de Durão Barroso e António Guterres.

É a conclusão de grandes jornalistas e de grandes analistas. Ainda assim, permito-me discordar. Não é o País que é ingovernável, mas os homens que o conduzem, que são incompetentes.

Lá por fora, parece claro que em breve os Iraquianos que antes do acto de agressão americano vivia mais ou menos em paz estejam á beira de uma guerra civil, por causa de uma Constituição ditada pelos Americanos.

Sei que muitos argumentarão que se vivia no tempo de Saldam Hussein numa ditadura e que o regime era acusado de perpetrar milhares de mortes.
Fica a pergunta: quantas já aconteceram depois da queda do regime? – Muitas mais certamente.

Foi interessante ainda, tomarmos conhecimento dos números aterradores gastos com os meios aéreos. Mais de 266 mil euros por dia. Este número tinha em consideração um determinado número de horas de voo, já largamente ultrapassadas, pelo que me parece óbvio que as empresas que disponibilizam os meios aéreos terão lucros muito superiores ao que seria de esperar. Coincidência?

Ao longe diviso chamas. As chamas que vão devorando florestas e esperanças.

Ainda ao longe a Lira de Nero.

1 Comentários:

Às 28 agosto, 2005 22:49 , Anonymous Anónimo disse...

Brilhante análise em jeito de síntese da semana... pena que a actualidade seja repleta de horrores...

 

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