Será desta?
Há dez anos, houve um plano de emergência – o Ecordep – para cortar a despesa pública e endireitar as finanças. Dez anos depois, estamos à beira da bancarrota. Teremos cura?
Entrámos em 2010 com um alerta vermelho do Presidente da República: vivemos à beira de uma situação explosiva e o cerne da questão chama-se dívida do Estado. Ou travamos a fundo ou desistimos. E desistir só não é correr o risco da indigência porque ainda estamos na Europa.
Mas será que conseguimos? A memória atraiçoa-nos. Há dez anos, era Guterres Primeiro-ministro e Pina Moura ministro das Finanças, quando, pela primeira vez no pós-25 de Abril, ouvimos falar de um plano de emergência para cortar a despesa pública.
O plano tinha um nome pomposo – Ecordep – e nunca saiu do papel. Pina Moura saiu, Guterres também e quando Durão Barroso lhe sucedeu e decretou que éramos um “país de tanga”, nada de estrutural mudou.
Passaram dez anos e somos um “país falido”.
Andamos nisto há décadas, mas, porque agora o risco é maior do que nunca, os dois maiores partidos perceberam que ninguém lhes perdoa se falharem o mínimo: sentarem-se à mesa e negociarem.
José Sócrates e Manuela Ferreira Leite não se podem ver, esgrimem há um ano trajectórias diferentes para a economia e finanças e têm pela frente um curto percurso em comum. Ela está de saída, ele vive a ressaca da perda da maioria absoluta. Se, apesar disso, se entenderem para traçar um plano de médio prazo de combate à dívida e ao défice públicos, ficarão para a história. Se apenas conseguirem garantir que o Orçamento para 2010 passa e o Governo não cai, serão medíocres. Infelizmente, teme-se o pior.
(Ângela Silva, in “Pagina 1” de 07/01/10)
3 Comentários:
Os tempos são de emergência e como aqui é bem expresso andamos nisto há décadas, logo, todos são (somos) responsáveis. Cada um que assuma as suas responsabilidades.
Ferreir-Pinto
Ao menos que haja 2 que o façam: tu e eu.
Não "estamos à beira da bancarrota", já estamos praticamente no fundo do poço, miseravelmente pobres e endividados!
Cada um de nós pode fazer alguma coisa, mas o quê?
Elegemos representantes para falarem e fazerem por nós, mas nem a eles temos acesso!
Agora só nos podemos é encher de penas.
Bom fim-de-semana querido amigo.
Beijos
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